A perita saiu da sala e passou pela porta de vidro indo até a cafeteira próxima ao elevador. Pegou dois copinhos de isopor e encheu com o líquido quente. Como havia se esquecido de perguntar a Greg se preferia com açúcar ou adoçante, colocou um pacotinho de cada dentro do bolso.

— Não sabia se você iria querer açúcar ou adoçante, então trouxe os dois — ela colocou os pacotinhos sobre a mesa. — Está bem forte.

— Melhor assim — Greg pegou o pacotinho de açúcar, mas não derramou todo o seu conteúdo dentro do copo.

— É o que minha mãe sempre diz — ela deu um longo gole na bebida.

— Hum, está ótimo — declarou o perito depois de experimentar o café.

— Faz muito tempo que você é perito? — perguntou Layla depois de um tempo de silêncio.

— Na verdade não. Até pouco tempo era técnico no laboratório de evidências. Especialista em análise de DNA.

— O que te fez querer ir para rua investigar?

Greg ia começar a responder quando a perita, que estava com o copo de café perto dos lábios o interrompeu.

— Mas o que é isso? Você viu? — ela deixou o café sobre a mesa ao lado do teclado de assumiu o mouse voltando a imagens alguns segundos.

— Esse homem está usando dois cartões de ponto — o perito estava bem mais próximo da tela.

— Vou ampliar e imprimir.

— Quem estará sendo acobertado?

Layla pegou seu copo de café, terminou de beber e jogou no cesto de lixo embaixo da mesa antes de tirar o DVD do computador e desligá-lo pegando a folha com a foto do homem que usava dois cartões de ponto em seguida.

Greg também terminou seu café e jogou o copo fora antes de apagar a luz da sala e sair seguindo a perita de volta para a sala onde Grissom estaria com os outros policiais.

Quando os dois chegaram, encontraram muita movimentação na sala. Desde que César havia retirado Layla do caso eles não haviam se encontrado.

Ela caminhou diretamente até a mesa atrás da qual ele estava sentado com Grissom de pé ao seu lado sendo acompanhada pelo olhar dos outros policiais por todo o trajeto

— Greg e eu analisamos as imagens do circuito interno da loja de brinquedo e tudo parece ter transcorrido normalmente, exceto isso — disse ela em inglês antes de colocar a folha com a imagem impressa sobre a mesa.

César pegou a folha e olhou mais de perto passando em seguida para Grissom.

— Vou ligar para a loja e passar as características dele. Talvez o identifiquemos ainda hoje.

— Podemos identificar agora. Você tem uma lupa, César? — pediu Grissom que recebeu de imediato o objeto retirado de uma das gavetas da mesa. — Procurem alguém com as iniciais J-O-A, com um sinal em cima da letra 'A' na lista dos funcionários.

— Me deixa ver isso — Layla pegou a foto e a lupa das mãos de Grissom. — É um til César — ela disse em português. — J-O-A- ~, Joã... João! É esse o nome!

César percorreu o dedo pela lista de nomes que o policial Cristiano acabara de entregar a ele.

— Achei! João Francisco — César já tirava o telefone do gancho. — Por sorte é o único com essas iniciais. Bom trabalho.

— Disponha — Layla se esforçou ao máximo para segurar a vontade que teve de rir pelo fato do chefe estar elogiando alguém. Não era um hábito muito comum para ele.

Em menos de uma hora, João estava na presença de Grissom e César na sala de interrogatório. A conversa precisou ser em português, pois aparentemente exigir inglês no currículo era algo novo na loja.

— Qual seu nome completo — perguntou César sentado de frente para uma mesa com o perito de Las Vegas ao seu lado.

— João Francisco Freitas — respondeu o homem sentado de frente para eles.

— Nós descobrimos você em uma filmagem da loja de brinquedos onde você está usando dois cartões de ponto. Pode nos explicar o porquê?

— Ele me obrigou!

— Quem?

— O Eduardo!

Grissom e César se entreolharam.

— Como? — perguntou César.

— Ele me pediu para fazer isso na última quarta, senão me matava.

— Com o que ele te ameaçou?

— Ele tinha uma arma.

— E onde aconteceu isso?

— Eu entrei no depósito na quarta-feira pouco antes das quatro e ele estava lá me esperando.

— Porque você não contou para polícia?

— Ele ameaçou matar minha família. E agora ele vai! — João deu um soco na mesa.

— Ninguém vai morrer! Por favor, mantenha o controle.

— Me desculpa, mas é que quando mexem com minha família...

— Eu vou pedir alguns policiais para fazer a guarda na sua casa até acharmos o Eduardo — garantiu César.

— Vai?

— Sim.

— Então eu quero prestar uma queixa formal.

Grissom chamou a atenção de César tocando-lhe o ombro e fez uma pergunta em inglês que foi traduzida para João Francisco.

— Que horas o Eduardo deixou a loja?

— Cerca de meia hora depois que o gerente foi embora. Acho que era quatro e meia da tarde quando ele me entregou seu crachá e saiu.

— Você sabe se tem câmeras de segurança no depósito?

— Deve ter, tem por toda loja.

César traduziu as respostas para Grissom que pegou seu celular e ligou para Sara.

— Sim, Gil — respondeu ela do outro lado da linha.

— Sara, dê uma olhada nas filmagens da loja procurando por imagens do depósito.

A CSI explicou o que seu superior havia pedido e Layla entregou o DVD para Fernando que tomou lugar na cadeira de César para usar seu computador.

— Esse arquivo só mostra a loja — comentou o policial. Era o que Layla e Greg haviam assistido.

O segundo na lista também foi pouco promissor, pois mostrava mais os caixas. O terceiro teve algo de interessante.

— Gil, tem um homem ameaçando outro com uma arma nos fundos do depósito — informou ela de pé atrás do policial quando encontraram o arquivo certo.

— Era isso que queríamos confirmar. Tem como me dizer quem são os homens?

— Um é o que está com vocês aí... O que estava naquela foto que a Layla imprimiu... Já o outro...

— Eduardo! — anunciou Layla se aproximando da tela. Sara passou o celular para ela.

— Você tem certeza? — perguntou Grissom.

— Absoluta.

— Imprima a imagem. Vamos conseguir um mandato para busca e apreensão da arma — disse Grissom antes de desligar o aparelho.

Layla devolveu o telefone para Sara.

— Fernando, abra de novo o segundo arquivo. O que tem imagens dos caixas e da entrada da loja e avance até às quatro e meia da tarde — pediu ela. — Parece que alguém precisou sair mais cedo.

Os policiais encaravam a imagem de Eduardo saindo pela porta da frente.

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