Capítulo XIII

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Capítulo XIII

“Eu te fiz... Mas você me fez primeiro!”.

Batman fazia tudo possível para permanecer grudado à aeronave, Gotham City sendo projetada metros e mais metros abaixo de si. Ao ver os arranha-céus do centro de distanciando e calculando que o helicóptero tomava a direção noroeste, logo concluiu que Coringa provavelmente se dirigia à zona industrial da cidade. Lá teria palco a batalha final entre os dois. O embate definitivo entre bem e mal, ordem e caos.

Àquela imensa altura, Wayne voltou a sentir-se extremamente só, refletindo sobre toda aquela situação. Com o vento fazendo sua capa ondular, analisou novamente todo o plano executado pelo Príncipe-Palhaço do Crime aquela noite e convenceu-se que o real objetivo era mesmo permitir que ele e Batman resolvessem sozinhos e sem intromissões os assuntos pendentes que ainda possuíam entre si.

Desta vez não haverá reféns, Coringa... Nem sobreviventes!

 

A altitude da aeronave começou a diminuir. Pousaria dentro de poucos instantes. Olhando para baixo, o Cavaleiro das Trevas viu que se dirigia rumo a uma vizinhança de ruas perigosas e fábricas abandonadas, local perfeito para um confronto derradeiro. Batman respirou fundo, o chão nu de um terreno baldio chegando cada vez mais perto de seus pés...

Assim que o helicóptero atingiu uma altura segura para um salto, o justiceiro soltou a lataria e pousou sem problemas em terra, ocultando-se rapidamente atrás de uma pilha de canos de concreto próxima. Escondido de tal maneira, viu o veículo aéreo concluir a viagem, o motor sendo desligado e as hélices aos poucos parando de girar. Segundos mais tarde, Coringa saiu tranqüilamente, suas roupas e chapéu roxos sempre lhe dando aspecto aterrador. Assoviando, o psicopata partiu caminhando até uma indústria desativada perto dali. Batman aguardou um certo tempo para que tomasse distância do inimigo e então passou a segui-lo discretamente, disfarçando-se em meio às abundantes sombras do lugar.

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O vasto campo situado nos fundos da propriedade de Bruce Wayne. Wilfred caminhava solitário pela grama, parando diante do túmulo de seu irmão. Tomado de grande emoção, lágrimas nos olhos, o empregado lembrou-se de como ele, Alfred e a doce Margareth, mãe de Barbara, costumavam ser uma família feliz e unida. Pesaroso, porém sem se arrepender de coisa alguma, deduziu faltarem poucos segundos para a caverna explodir. Desejou apenas que, se ainda fosse possível, Batman trouxesse de volta Elizabeth viva...

A contagem regressiva terminou, uma bola de fogo oriunda do subsolo fazendo toda a terra ao redor da mansão tremer. Enquanto Wilfred via parte do solo perto de si rachar, a secular residência dos Wayne, incapaz de resistir ao abalo conforme o previsto, desmoronou numa imensa nuvem de poeira. As paredes ruíram como uma fileira de peças de dominó, parte da estrutura afundando dentro do que havia sido a Bat-caverna. Os animais desesperados do estábulo, cujas portas foram deixadas abertas pelo mordomo, saíram a galopar livres pelos campos. E era exatamente esse o sentimento que melhor traduzia tudo aquilo: liberdade. Tanto para Bruce quanto para si.

Mas de repente Wilfred sentiu uma insuportável dor em seu peito, como se um milhão de adagas o tivessem transpassado simultaneamente. Gemendo, não pôde continuar de pé, caindo sobre a relva no auge do sofrimento. Uma de suas mãos amparou-se na lápide de Alfred e, conformando-se com aquela amarga e infeliz ironia, o irmão do indivíduo ali enterrado murmurou, mal podendo abrir a boca:

Batman ResignsWhere stories live. Discover now