Capítulo X

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Capítulo X

“Eu gostaria muito de evitar tudo isso e viver de forma normal, Elizabeth, amando-a como jamais amei outra pessoa... Mas ele está lá fora mais uma vez, e eu preciso ir ao trabalho”.

 

Bruce estava sozinho num dos quartos da mansão, confuso, atordoado, ansioso. Andava em círculos impacientemente, esfregava os olhos com os dedos. Sentia-se naquele momento como um santo antes do martírio. Por que tudo conspirava contra sua felicidade? Por que o Coringa tinha que retornar da morte justo quando Wayne estava prestes a se casar com Elizabeth?

Torturando-se mentalmente de tal forma, o milionário logo ouviu passos no corredor, o som chegando até si pela porta aberta do cômodo. Afastando temporariamente os pensamentos destrutivos, andou até a saída e olhou para um dos lados da passagem, vendo que era a noiva quem se aproximava. Bruce esforçou-se para não aparentar estar angustiado, conseguindo forjar um sorriso. Perguntou à jovem assim que ela ficou mais perto:

–       Você gostou da casa?

–       Sim, ela é enorme, e linda – respondeu a lady, maravilhada com a imponente construção e suas dependências.

–       Minha família viveu aqui por gerações. Pais, avós, bisavós... Agora serão nossos filhos que brincarão nestes corredores, querida.

A mulher abraçou-o pelo pescoço e beijou-o cheia de desejo, aliviando a evidente tensão do amado. Ao término do ósculo, ela fitou-o nos olhos como se pudesse observar sua alma com clareza através deles, tomando conhecimento de todos os seus sentimentos sem que precisasse pronunciar palavra alguma.

–       Você vai atrás dele, não vai? – indagou Elizabeth repentinamente, tocando no assunto que era fonte de tanta preocupação.

–       Eu preciso! – Bruce replicou. – Não posso deixar que ele mate mais inocentes, sou o único que pode detê-lo!

–       Não quero te perder, meu amor! – suplicou ela, quase chorando. – Não agora que estamos tão próximos de nos unirmos numa só carne e constituirmos uma família feliz! É muito perigoso, temo que não volte para mim!

–       Ele matou meus pais, Elizabeth. Matou meus pais. Eu pensei que aquele desgraçado havia morrido, mas voltou sem explicação. Não pode ficar impune, minha querida! Não pode sob hipótese alguma ficar impune! E cabe a mim fazer justiça em nome de todos que padeceram nas mãos dele!

Logo depois beijou a testa da noiva, buscando tranqüilizá-la sem muito êxito. A capa do Morcego mais uma vez falava mais alto que o desejo de ter uma vida normal. Nada no mundo poderia deter Bruce em seu ímpeto. Nada. Ele estava preparado para a derradeira revanche e também para todas as conseqüências que ela poderia acarretar.

No armazém que servia de refúgio para o Coringa, Arlequina estava às voltas com os preparativos para a invasão do Hospital Infantil de Gotham. Naquele instante ela checava algumas armas e munições, sempre sorrindo insanamente, até que seu namorado adentrou o lugar, exclamando ao vê-la tão ocupada:

–       Fico ainda mais feliz ao encontrá-la cuidando de tudo para sua ação de hoje à noite, amoreco!

–       Nossa ação, você quer dizer! – corrigiu ela, sem desviar a atenção dos armamentos.

–       Oh, eu por acaso esqueci de mencionar? Você estará no comando, querida! Eu não irei com você!

–       O quê? – sobressaltou-se a palhacinha, levantando-se e caminhando inconformada até o amado. – Por que isso agora, pudinzinho?

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