Prólogo

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Era uma sexta-feira

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Era uma sexta-feira. Taehyung estava sentado em sua cama de lençóis verdes. Não eram seus favoritos, na verdade para o garoto, verde era a cor mais grotesca de todas, mas sua mãe era simplesmente obcecada por ela e mobilhava toda casa com tons diferentes da mesma. Fechou os olhos por alguns segundos para curtir a tonalidade do preto antes de olhar o notebook mais uma vez sorrindo ao perceber o e-mail de aprovação da universidade que tanto desejava junto de seu namorado, Jung Hoseok.

Sim, eles namoravam. Haviam se conhecido no colegial e por mais distintos que fossem, acabaram flagrados aos beijos na sala de química. Talvez estivessem realmente praticando a parte da química, só que não do jeito que a professora e o restante da turma esperavam.

Kim Taehyung era um dos garotos mais populares do colégio, desejado pela maioria dos meninos e meninas pelo seu jeito simpático, pelo rosto de anjo que incluía lindos cabelos loiros penteados em uma franja pela testa e também pelo corpo esculpido pelos deuses. Jung Hoseok tinha seus cabelos negros e usava óculos, pertencia ao grupo dos nerds, que costumavam sofrer bullying por parte dos atletas que não satisfeitos em apenas roubarem lanches também batiam em quem tentasse ter qualquer atitude suspeita.

Mas o fato era que Kim nunca concordou com qualquer comportamento que fizesse mal a alguém e ver os olhos de Jung lacrimejando por medo dos valentões fez com que seu coração quebrasse em diversos pedaços. Decidiu protegê-lo e logo se tornou algo muito maior, levando a um namoro. Com isso, os nerds acabaram apanhando muito menos porque Tae sempre estava por perto e o restante sabia da influência e do dinheiro que o garoto tinha, embora não se gabasse disso.

Eles continuaram enquanto estudavam, mas no último ano Jung precisou se mudar para um local mais distante fazendo com que o relacionamento passasse a ser virtual, com algumas viagens em finais de semana para poderem matar a saudade um do outro. Com a distância atrapalhando, Hoseok decidiu que seria interessante se acabassem se inscrevendo em uma universidade chamada Topo da Esperança.

A universidade é conhecida por ser um local exclusivo, reconhecido pelo governo, que reúne e cultiva colegiais que são excepcionais em seus campos acadêmicos. Para a sorte de ambos, ficava exatamente entre ambas as cidades e oferecia dormitórios dentro do grande edifício. O casal poderia se ver todo dia, estudar juntos e não teriam mais que sofrer com a maldita distância os impedindo de trocar uns beijinhos em tempo livre.

Kim não podia evitar sorrir. O plano era perfeito e não havia como falhar.

Logo saiu de seus pensamentos quando ouviu o telefone tocar em um ritmo especial, personalizado apenas para ligações do namorado, verificando o nome do mesmo na tela antes de atendê-lo.

- Você viu seu e-mail, Hobi? - Kim não deu nem tempo para que o namorado dissesse algo devido a sua empolgação.

- Eu ia lhe perguntar isso nesse exato momento. Eu vi! Eu vi! - O moreno comentava animado do outro lado da linha e embora não ouvissem a confirmação, ambos já comemoravam porque conseguiam ler um ao outro com grande facilidade. Havia uma conexão mágica entre os dois, pelo menos era o que diziam todos que os conheciam.

- Estou tão feliz! Isso é o cenário perfeito pra' nossa história, amor. É esplêndido! - O loiro comemorava pulando em sua cama, que por um tropeço, quase deixou o celular cair de sua mão.

- Esplêndido, amor? Quem usa essa palavra? - Jung bufava do outro lado da linha, logo caindo na risada ao ouvir as reclamações do namorado.

- Como você ousa falar assim?

- É uma palavra brega. Aceite.

- Quando eu te encontrar na escola, irei te mostrar o poder do meu tapa esplêndido. Não ouse falar assim! - Enquanto o loiro parecia levemente bravo, Hoseok gargalhava rolando em sua própria cama. Ele amava deixar o seu garotinho irritado, até mesmo quando concordava fingia discordar apenas para vê-lo defendendo seu ponto de vista de forma tão séria.

- Te encontro lá então, meu amor. Até segunda! Ansioso pelo seu tapa. Te amo. - O moreno logo se despediu desligando o telefone ao receber os cumprimentos finais de volta.

Taehyung se levantou animado. Havia esquecido até a cor grotesca, outra palavra que ele adorava usar, da sua casa e seguiu correndo até o andar de baixo abraçando sua mãe de forma rápida e forte. A mulher não entendeu muito e empurrou o filho assustada.

- O que foi, garoto? - Ela perguntava sem entender. Amava o garoto, mais do que poderia amar verde, mas nunca foi muito de carinhos e toques, então quando ele corria até ela dessa forma, sabia que ou a notícia era extremamente boa ou extremamente ruim. - Fala logo que vou passar mal, eu sou cardíaca!

- Eu fui aceito, fui aceito. Vou estudar com o Hobi! - O garoto pulava pela cozinha derrubando uma panela sem querer, logo ouvindo o barulho estridente da mesma batendo contra o chão. - Desculpa... - Pegou o objeto colocando no local que estava anteriormente se virando para a mãe que se encontrava chorando.

- Eles crescem tão rápido... - Era tudo que a senhora Kim havia pronunciado. A mulher chorava mas não de tristeza, estava mais para orgulho de ver como seu menino estava crescendo e ganhando o mundo aos poucos.

- Sempre vou ser o seu bebê, fique tranquila. - Olhava para a mãe com um sorriso limpando uma lágrima que escorria ao vê-la chorar. Lembrava de quando contou para a mãe que não se identificava necessariamente como um menino ou como uma menina, ou quando apareceu com uma saia e unhas pintadas, e ao invés de receber qualquer tipo de xingamento como famílias preconceituosas fazem, tudo que ouviu foram elogios. Sabia que mesmo que a mãe não gostasse de abraços, ela o amava demais.

- Mas olha só! - O humor da mulher havia mudado, logo dando um tom mais descontraído. - Você e Jung no mesmo lugar o dia todo, trate de usar camisinha e de tomar cuidado com isso. Está entendendo? - A mais velha desliga o fogão indo até o filho e fazendo um carinho em seus cabelos com um sorriso imenso em seu rosto.

- Eu irei usar proteção, mãe, não fale dessas coisas. Me deixa envergonhado. - Taehyung fez biquinho ao resmungar, abaixando a cabeça para esconder como sua pele ganhara um tom avermelhado.

- Envergonhado por que? Eu te fiz assim, garoto! - Ela riu e puxou o mais novo para um abraço rápido. Ele sabia que era raro o ato então apenas se deixou aproveitar aquilo. - Estou muito orgulhosa, você é a coisa mais importante da minha vida e estarei aqui para o que precisar sempre. Mesmo longe, qualquer coisa é só me ligar que vou correndo pra' lá te socorrer.

- Pode deixar mamãe, pode deixar. - Limpou as lágrimas que caíam em seu rosto pela atitude da mãe. Respirou fundo e caminhou para fora da cozinha assim que o abraço foi desfeito. - Vou começar a arrumar tudo, estou ansioso.

- Vai lá, meu filho. - A senhora estava sorrindo bastante ao ver o filho voltar ao quarto. Seu coração se aquecia vendo o filho feliz dessa forma, tão animado com não só estudar mas em encontrar quem ama com mais frequência.

O que ninguém sabia era que a felicidade duraria pouco.

E a esperança viraria desespero.


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HOPE [Taegi / Vhope]Where stories live. Discover now