| L A N A |
12 de agosto de 2017POR MAIS INCRÍVEL QUE PAREÇA, NÃO ESTAVA CHOVENDO NAQUELA MANHÃ. Na noite passada fui acordada pelo menos sete vezes, pois não era possível dormir com Sarah e Louise ao mesmo tempo, já que brigavam a cada cinco minutos: "Pare de puxar o cobertor", berrava Sarah, "Afasta pra lá" retrucava Louise.
Acordei com o quarto despovoado. A luz do sol entrava pela janela à minha direita, provocando em mim uma sensação de êxtase revigorante. Desde que o outono matou o verão com seu beijo macio, os dias tempestuosos têm sido frequentes, mas hoje, algo me dizia que seria diferente.
Fui até a janela. Minha avó sempre dizia que a melhor maneira de começar o dia é contemplando o céu — este continuava cinzento, entretanto, mais claro do que o normal. Os corvos pareciam estar aproveitando o dia de sol, voando entre as nuvens acima das casas vitorianas de Corbeaux.
Vaguei em direção ao primeiro andar, ainda de pijama — o qual Sarah havia me emprestado —, e do alto da escada, as ouvi conversando e rindo. Mas havia uma terceira voz. Uma voz grave, de homem.
Louise e Sarah estavam sentadas à bancada de mármore, enquanto o Sr. Campbell fritava alguma coisa no fogão à frente delas.
— Bom dia, majestade. Achei que vossa excelência iria querer o café na cama — Sarah ironizou quando me viu chegar.
Seu pai se virou e jogou o pano de prato que jazia em seu ombro no rosto dela. Eles riram.
— Bom dia, Lana banana — ele disse, distribuindo panquecas para três pratos na bancada. — Malie se comportou bem?
— Claro, Senhor Campell, como uma princesa — lancei um olhar irônico à Sarah, que me retribuiu mostrando a língua. Ele entendeu o que eu quis dizer.
— Pensei que você tivesse dito que só chegaria à noite — disse Sarah à seu pai.
— Eu achei que a reunião duraria a tarde toda, mas terminou bem cedo.
— Não vai comer?
— Não, filha, passei em um cafeteria antes de chegar aqui. Achei que estariam na casa da Lana.
— Era pra ser, mas tem uma criatura maligna morando nos fundos da casa dela — Sarah disse normalmente.
— Uma criatura maligna? Nossa, que legal, Lana.
— Para tudo! — Louise exclamou — Que criatura maligna? Por que vocês não me chamaram pra ver?
— Porque duas criaturas malignas é demais para qualquer um.
Louise a respondeu com uma tornozelada.
Após o café da manhã, fomos até minha casa buscar o que seria necessário para a noite de Karaokê. Apesar de eu morar a apenas dois quarteirões de distância da casa de Sarah, ela resolveu que iríamos no Jeep de seu pai.
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Melius - Cidade Dos Corvos
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