05 - Drunk

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- Tu deves estar a brincar comigo, só pode, Anne… - Ela respirou fundo e bateu com a mão na mesa.

- Parece-te que estou a brincar, Jared?! Nem toda a gente é como tu e anda para aí a fazer piadinhas estúpidas.

- Ok, desculpa, mas simplesmente não consigo acreditar que aquele rapaz fez uma coisa destas!

- Ah, e achas que de repente anda toda a gente a mentir, é?

- Não! Mas não achas esquisito, Anne? Estamos aqui só nós a comentar o caso.

- Acho, Jared. Mas queres o quê? O cliente é este, elas disseram todas que foi ele, ele foi preso e tudo, Jared. Não são dezenas de pessoas que se vão enganar, não achas? – Ele acabou por baixar o rosto e suspirou. Ela mordiscou o lábio e observou-o.

- Porque é que disseste “não”? Quando eu disse para acabarmos com isto.

- Eu sei lá… - Ele riu, encolhendo os ombros de seguida.

- Este negócio não faz sentido nenhum. Já éramos ricos sem isto, e vamos continuar a sê-lo sem ele.

- Sim… - Anne revirou os olhos.

- Jared, fala.

- Se nós acabarmos com isto, eu não vou ter mais nenhuma desculpa para vir ter contigo. – As palavras do cantor, ator e tudo mais fizeram a rapariga rir à gargalhada, como se tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada da semana. Pela primeira vez, Anne viu um Jared algo incomodado, envergonhado, realmente triste.

- Tu estás a falar a sério? – Questionou assim que conseguiu acalmar-se, respirando fundo e tossindo.

- Estou. Porque raio é que havia de estar a mentir?

- Porque é só isso que tu sabes fazer. Mentir.

- Anne, eu não…

- Oh, por favor! – A mulher interveio de imediato, levantando-se da sua poltrona. - Passou-se bem mais de um ano desde que tu te foste embora. Lembras-te? Lembras-te das inúmeras vezes que tu me disseste que me amavas? Lembras-te daquela noite romântica que preparaste? E lembras-te também do que fizeste no dia seguinte? – O cantor suspirou baixinho e não foi capaz de olhar para ela.

- Fui-me embora…

- Pois, pois foste! Sem dizer absolutamente nada! E porquê? Primeiro não queres nem estás preparado para uma relação séria. E também não queres tentar, ou esforçar-te um bocadinho. Depois, gostas de brincar com os sentimentos das pessoas, e tens um fraquinho pelos meus. Mas deixa-me dizer-te já que eu não sou a merda de um brinquedo, ouviste?! – Ela fez uma pequena pausa, apoiou-se na mesa com ambas as mãos e olhou Jared nos olhos.

- Eu amava-te, Jared… Eu amava-te tanto. Mais do que tu possas imaginar. E tu estragaste tudo. Foste embora, ficaste longe de tudo e todos, e depois decidiste ir numa digressão só para te poderes afastar mais e teres uma justificação para isso.

- Já não me amas? Tu disseste “amava-te”. – Jared não tinha agora aquele seu sorriso trocista, tinha apenas uma expressão triste que apesar de o ser não demonstrava toda a tristeza que ele sentia naquele momento.

- O que é que tu achas? Achas que podes fazer o que fizeste? Estavas à espera que quando voltasses eu ia estar aqui de braços e pernas abertas para te receber e amar de novo como se nada tivesse acontecido? Desculpa Jared, mas não é isso que vai acontecer. Eu sofri muito aqui por causa de ti, e não me vou permitir voltar a passar pelo mesmo. Acabou. Assim como este negócio doentio. Eu não quero saber disto, e sinceramente nem sequer sei porque é que me meti nisto. É doentio! – Ele olhou-a e engoliu em seco. Sentia-se magoado, sem razão, mas mesmo assim não queria dar o braço a torcer e levantou-se também e olhou-a fixamente.

Echoes Of Silence.Where stories live. Discover now