27: Não jogue os dados se tiver medo de jogar o jogo

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— Conseguiu arrumar? — Changkyun questionou ao abrir a porta do quarto de hóspedes. Escorou-se no batente de madeira e cruzou os braços ao que sorri, assentindo positivamente. Havia acabado de limpar o quarto e guardado minhas roupas no guarda-roupa, à contragosto pela parte de Changkyun, já que ele insistia que a diarista o faria pela manhã seguinte — quer comer algo? — indagou, aproximando-se, com passos lentos, passando a destra pelos fios levemente bagunçados, cujo havia, há pouco, saído do banho. O cheiro de lavanda e a roupa despojada, a qual era rara ver o advogado trajando, denunciavam que estava relaxado por ter tomado um banho quente.

— Estou sem fome.

— Você desmaiou uma vez. Não vou deixar que desmaie de novo — disse o Lim, com a expressão fechada e séria. Diante dessa fala, minhas bochechas coraram e eu mordi o lábio inferior, envergonhado.

A canhota de Changkyun acariciou o topo de minha cabeça, e ele, com um sorriso terno e morno, disse-me:

— Cozinharei para nós. Tome banho e venha para a cozinha — assenti, devagar, me perdendo completamente no brilho incandescente que seu sorriso irradiava. Eu me sentia hipnotizado por qualquer coisa que Changkyun dizia ou fazia. Talvez pelo motivo de ele ser meu extremo oposto, mil vezes melhor que eu. Às vezes, eu sentia que ele era como um deus, e, por vezes, inalcançável. Por isso, eu precisaria me esforçar o dobro para que o caso não acabasse inteiramente em suas mãos.

Changkyun deixou o quarto e eu fiz como me foi dito. Tomei um banho demorado, em que deixei a água quente percorrer meu corpo, como se fôssemos um. Todas as cenas desde que meu pai havia deixado aquela pasta em meu apartamento cruzaram meu pensamento em nanossegundos. Graças ao susto de todas as emoções que me embrulharam, quase escorreguei no chão e, velozmente desliguei a torneira ao que o Lim bateu à porta, preocupado.

— Venha logo, antes que esfrie — disse-me o advogado assim que abri a porta, já devidamente trocado, apontando para o ramen que havia acabado de fazer — é a especialidade da casa — brincou. Sentei-me e apanhei o talher. Encarando a carne misturada ao macarrão, me peguei pensando em como aquele era o prato favorito de Hoseok. Inconscientemente, ri. As falas proferidas por ele ainda ecoavam na minha mente — você está aéreo. Aconteceu algo?

— Muitas coisas aconteceram — murmurei sem pensar. Ao perceber o que havia dito, arregalei os orbes e contorci os lábios. Changkyun centrou sua atenção em mim, curioso — quero dizer, nada aconteceu.

— Não minta para mim.

Suspirei. Deixei o talher no mesmo lugar em que o Lim o havia posto e engoli em seco.

— Chunghee me viu do lado de fora da boate. Não sei se me reconheceu, muito menos se sabe que estamos cuidando do caso de Hyunwoo. Mas como Chunghee é próximo de meu pai, não duvido que ele já saiba — diante da feição inquieta de Changkyun, ajeitei-me na cadeira — eu devia ter me escondido, feito algo. Mas eu me senti congelado no tempo. Não sabia o que fazer, muito menos como sair daquela armadilha que era olhar Chunghee.

Changkyun levantou-se e, em questão de dois passos, já estava ao meu lado. Apoiou a destra no braço da cadeira, virando-a para si, e, ao ter seus olhos em mim, agachou-se.

— Temos que ser mais cautelosos, se bem que pouco adianta — riu sem vontade diante da ironia. Meu pai já sabia de tudo. Éramos meros peões em seu tabuleiro — e eu não quero que você tenha medo de me contar o que pensa ou sente, hm?

Fiquei em silêncio, com a frase de Hoseok martelando em minha cabeça. Assim que Changkyun deu de ombros, pensando que eu já não tinha mais nada para dizer-lhe, ergueu o corpo, tornando a ficar de pé. Não o deixei voltar para sua cadeira, segurei-o pelo pulso e o fiz me olhar.

A LEI DO AMOR「 Changki 」Onde as histórias ganham vida. Descobre agora