23. Os toques de Changkyun são tão quentes quanto o Sol

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Changkyun, após gentilmente, e, sem desfazer o singelo tocar de nossos lábios, me levou, às cegas, e vez ou outra sorrindo em meio aos tropeços, até o sofá da sala. Ele se sentou comigo em seu colo e, com a canhota, abraçou toda a minha cintura, pressionando-me contra seu corpo, para que sua destra ficasse livre para deixar carícias em meus fios, como se ele estivesse dedilhando um piano. Puxei o tecido de sua camisa, o querendo colado ao meu corpo. Quando nossos pulmões doeram devido à falta de ar, Changkyun me deu um selinho demorado enquanto tirava meus fios de meus olhos e sorriu, travesso, ao morder meu lábio inferior de forma lenta e puxá-lo míseros milímetros em direção ao seu.

— Hétero, hm? — brinquei.

— Era só uma fachada — ele riu ao me olhar — eu saía com umas garotas, mas nós nunca tivemos contato. Eu era apenas o acompanhante, nunca as beijei.

— E por que você mentiu?

Changkyun umedeceu os lábios.

— Eu me magoei muito com alguém que conheci no passado. Eu o amava, mas ele parecia não sentir o mesmo. Enchia minha cabeça de ilusões e sonhos — o advogado desviou os orbes, que exalavam lamúrias dos meus — e, um dia, eu o vi beijando outro homem. Então, terminamos e eu nunca mais o vi.

— Por isso você se fechou tanto — murmurei. Changkyun assentiu e beijou o canto de minha boca.

— E você foi o primeiro a conseguir me destrancar dessa bolha.

Preenchido pela vergonha e o vermelho em minhas bochechas, sorri, o dando um beijinho na ponta de seu nariz. Changkyun me abraçou e enterrou seu rosto na curvatura de meu pescoço, abraçando meu corpo com ambos braços, de forma a inalar meu perfume logo na primeira vez que respirou próximo à minha pele, me dando calafrios e deixando uma mordida em seguida. Apertei seus ombros e chiei, obtendo um sorriso convicto do advogado.

— Eu sempre tive medo de me envolver com alguém — confessou o Lim — mas quando eu te vi naquele restaurante, eu soube, de alguma forma, que uma parte de mim estava louca para te conhecer.

— E a outra? — indaguei, curioso.

— Queria manter distância. Eu até tentei, mas você é lindo demais para eu tirar meus olhos com tanta facilidade.

Dessa vez, foi eu quem escondeu o rosto no peitoral dele. Changkyun, diante do meu ato, deu uma risadinha e beijou, docemente, o topo de minha cabeça.

— Eu fiquei preocupado com você — Changkyun disse, referindo-se ao meu encontro com o homem áspero. Engoli em seco apenas ao lembrar que, se não tivesse movido minhas pernas, eu certamente estaria aprisionado em suas teias grudentas e impiedosas.

— Precisamos descobrir quem é.

— Eu pedi para uns funcionários das câmeras de segurança verificarem o rosto e nome dele, dado o horário que você me ligou. Até amanhã de noite já teremos uma resposta.

— Você sempre faz tudo, Changkyun — sussurrei, um pouco desanimado por não conseguir fazer muito.

— Não diga isso, hm? — ele acariciou minha bochecha — se você, acidentalmente, não tivesse o visto, não conseguiríamos uma pista.

— Obrigado por continuar me ajudando — falei e depois esbanjei um sorriso ameno, contorcendo meus dedos no tecido de sua blusa.

— Sobre Seojun — o Lim começou — para provarmos que ele é totalmente culpado, precisaremos de uma testemunha que tenha passado pela mesma coisa que Jeonghan. Você vai arriscar sua carreira?

Respirei fundo ao assentir. Eu não devia ser egoísta. Eu devia desmascará-lo. No passado, ele conseguiu pagar uma mera fiança e não pagou pelo o que fez. Dessa vez, por outro lado, seria diferente. Seojun teria o que merecia.

— Podemos falar sobre o trabalho amanhã? — indaguei, emburrado. Changkyun sorriu, deixando à mostra suas covinhas; lenta e sutilmente, Changkyun envolveu suas mãos em minhas costas, para então aproximar seu rosto do meu e depositar um breve selinho. Foi somente após passar a língua por meus lábios que pude sentir sua língua enroscando na minha, buscando por espaço.

Involuntariamente e, ansiando por sentir mais do toque do advogado, ousei rebolar sobre seu colo, o fazendo grunhir ao apertar, com a canhota, minha coxa. Changkyun me deitou no sofá e, com uma mão de cada lado de minha cabeça, apoiou-se por cima de meu corpo. Ele mordeu o lábio inferior e, juntamente com os fios caíndo-lhe sobre os olhos, pude sentir uma onda de calor percorrer por baixo de minha pele, como um choque elétrico; estava embebedado pelos dígitos de Changkyun que ameaçavam puxar a barra de minha camisa para que as pontas de seus dedos encontrassem minha pele quente.

Quando abracei seu quadril com as pernas e ele, tão involuntariamente quanto eu, simulou uma estocada, ele acidentalmente ligou a televisão, rindo em seguida ao ouvir o barulho do desenho animado. Junto de Changkyun, dei gargalhadas enquanto ele dispunha inúmeros selinhos em minha boca.

— Sempre alguma coisa nos atrapalha — ele sussurrou. Passei a mão por meus fios ao assentir, ainda rindo, e apoiei meu corpo em meus cotovelos, enquanto que Changkyun apenas sentou-se e, com a destra, passou a acariciar minhas pernas.

— Chang — o chamei. Ao ter sua atenção, prossegui — eu sei que pode ser egoísta, mas eu queria muito poder ganhar esse caso.

Ele sorriu. Em seguida, e de supetão, Changkyun puxou-me para que eu deitasse minha cabeça em seu ombro e envolveu seu braço em meus ombros.

— Nós vamos ganhar, Kihyun. Não tenha medo, você vai poder atuar novamente.

Diante da frase de Changkyun, respirei fundo. Ao perceber meu desconforto, o Lim beijou minha testa e aproximou seu nariz do meu, o roçando de um lado para o outro, como se fosse um cãozinho.

— Eu não sei o que fazer depois disso. Sua pergunta naquela noite me pegou desprevenido, eu estou totalmente sem rumo.

— Vamos encontrar um rumo juntos — Changkyun disse.

Ao que seus lábios depositaram um beijo breve, porém que pareceu durar milênios, Changkyun havia decidido assistir um pouco de TV até que pegássemos no sono. Eu demorei a fechar meus orbes, pois, a todo momento, eu olhava para o advogado, cujo parecia ter um sensor e sabia que eu o olhava. Então, ele me olhava de volta, como se me despisse e sorria, de forma cafajeste, antes de dar mil beijinhos em todo o meu rosto, me fazendo rir e abraçá-lo com força, até que, depois de todo o carinho, eu inspirei e espirei e me aquietei em seu peito. Ele deixava carinhos em meus fios, facilitando minha sonolência, e, ao notar que eu estava perto de cair no sono, fechou seus olhos também, de maneira a encostar sua cabeça na minha e adormecemos.

Eu não podia negar que ansiava por saber o desfecho de toda a situação. Meu coração falhava batidas e tropeçava em sensações que ainda me eram desconhecidas. Changkyun me fez enxergar, até o presente momento, o mundo com outros olhos. Não olhos tão sonhadores quanto os meus eram, mas olhos que veem uma realidade em que é possível mudar se você tiver boa perspectiva. O Lim é perspicaz, isso eu o invejo. Ele não tem medo de confrontar e nem recua, como eu fazia com meu pai. Mas, o tendo ao meu lado, eu tenho mais coragem. E, assim que esse caso acabar, eu preciso reencontrar meu caminho.

Yoo Kihyun estava completamente perdido, como há anos atrás, como se fosse um barco prestes a naufragar. E Lim Changkyun havia se tornado meu farol, me guiando para a costa e iluminando meus pensamentos mais obscuros.

Acho que podemos dizer que eu estava inteira e completamente apaixonado pelo advogado.

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