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MALIA

Eu era tão nova quando conheci o André, sabe aquele namoro de escola que você acha que será para a vida toda? O nosso era assim. Eu o amava tanto que chega doia. Mas uma relação só dura se os dois remarem o barco, e nessa eu estava remando sozinha, e sem colete salva vidas. Eu amei sozinha, me preocupei sozinha, chorei sozinha e me importei sozinha.

Fiz de tudo para que ele me amasse da mesma forma que eu o amava, passei por cima do meu orgulho e me entreguei de corpo e alma para ele, e o que recebi? Chifres e mais chifres. Tive tanta galhada na cabeça que se o ibama me visse, com certeza me levaria.

Era uma tarde tão chuvosa naquele dia, já era para mim desconfiar pois depois de longos dias de sol o céu resolveu chorar por conta da minha situação. Eu já estava me sentindo mal, forte enjoo e leves tonturas, mas ignorei. Eu trabalhava no shopping, em uma loja de calçados e a minha melhor amiga em uma lanchonete. Eu estava tão enjoada que nem consegui cumprir meu horario de trabalho. Liguei para Amanda e ela me socorreu até o hospital. Lá me colocaram no soro e retiraram meu sangue, e foi naquele mesmo dia que eu descobri que havia um pequeno ser crescendo dentro de mim.

Eu, a boba apaixonada que era, assim que peguei o resultado que comprovava a minha gravidez. Corri para a casa dele, mesmo com os inumeros protestos da minha melhor amiga. Eu não me importei com nada nem com ninguem, o primeiro taxi que eu vi eu entrei e segui até sua casa.

Deveria ter visto os sinais, deveria ter ouvido a Amanda. Mas o que eu poderia fazer, era apenas uma boboca apaixonada.

Era quase noite quando entrei em sua casa correndo com um sorriso enorme. Caramba, teremos um filho e tudo ficaria perfeitamente bem.

Ledo engano.

Como eu possuia a copia de suas chaves, não foi dificil entrar, naquele horario ele ja deveria ter chegado da empresa de seu pai onde trabalha, então estava tudo certo. Entro em sua sala e não encontro ninguem, a luz da cozinha esta apagada, o que é estranho. Caminho por todo andar de baixo e esta tudo em absoluto e completo silencio. Subo para seu quarto mas se encontra no mesmo estado que o resto de sua casa.

Foi quando eu escuto um barulho de vidro se quebrando. Preocupada caminho ate o fim do corredor onde fica o banheiro de visitas. Eu não deveria.

Quanto mais perto eu chegava, mais sons abafados eram escutados, respiração ofegantes e roupas pelo chão do corredor quase escuro. Abri a porta tão rapido e forte que ela bateu na parede e fez o maior barulho.

Ali no banheiro se encontrava o meu namorado, aquele que eu fiz incontaveis juras de amor e teriamos um filho juntos. Havia uma mulher sentada em cima da pia completamente nua sendo fodida por ele. O filho da mãe nem ao menos se cobriu quando me viu, apenas me deu um sorriso sinico, enquanto a mulher saia correndo catando suas coisas.

Naquele dia discutimos feio. Ele jogou na minha cara que não queria o bebê, que somente estava comigo por diversão e que eu nunca havia sido boa para ele. André me feriu arduamente.

Depois disso não me lembro de muita coisa, lembro que chorei na rua depois de tudo acabado. Lembro de ter ligado para a Amanda e somente me recordo de um farol forte em meu rosto, depois disso é só borrões. No dia seguinte a Amanda me contou o que havia acontecido, eu tinha sido atropelada por um motorista bêbado e havia perdido meu bebê. Nunca chorei tanto em toda minha vida, eu nem ao menos tinha escutado seu coração mas eu ja conseguia senti-lo dentro do meu peito, batendo com o meu como se fosse um só.

- Malia? - ouço me chamarem e enfim saio dos meus devaneios.

- Oi. - respondo a minha melhor amiga

-Já falei três vagas de empregos para você e você não me respondeu nada, ficou ai olhando as paredes. - diz

Estamos no shopping, aproveitei o horario de almoco da Amanda para ela me dar uma forcinha com as vagas de emprego. Fui despedida da loja de sapatos e estou a quase três meses desempregada e a ela está segurando as pontas la em casa sozinha.

- Quais eram? - volto minha atenção total ao assunto

- Secretaria em um escritório de advocacia. - diz e eu torço o nariz

- Não.

- Passear com cachorros.

- Amo cachorros. - digo e já me bate uma esperança

- A moça tem seis. - diz lendo as letras miudas

- Jesus, pula.

- E temos aqui limpadora de frango.

- O que? - sorrio

- É, esta escrito aqui.

Pego o papel e leio, realmente estão contratando alguem que limpe os franguinhos. Faço um X tambem nesse anuncio e encaro o papel cinza em minhas mãos. Um pirata ficaria louco com as quantidades de X que aqui se encontram.

- Novamente nada, nenhum trabalho para mim. - digo cabisbaixa

- Calma amiga, é só ter fé que logo aparece.

- Para você é facil falar, já trabalha. - suspiro

A pior coisa que tem é você querer e precisar trabalhar mas não aparecer nada. É muito chato dividir o apartamento com sua melhor amiga e ela dar conta de tudo sozinha. Caramba.

- Está quase na hora deu voltar, o que vamos fazer? - pergunta

- Pode ir amiga, continuarei procurando. - digo cabisbaixa

Amanda vem até a mim e deixa um beijo em minha testa.

- Acalme-se pequena gafanhoto. Sempre a tesouro no fim do arco-íris, e para ver o arco-íris precisa de que? - pergunta e eu reviro meus olhos

- Aguentar a tempestade. - completo e ela sorrir me abraçando

Nos despedimos e ela logo segue de volta para o seu trabalho. Eu amo muito minha melhor amiga, faz pouco mais de dois anos tudo o que aconteceu e ela não me deixou abaixar a cabeça uma única vez se quer.

O que ela faria se soubesse que choro toda noite em silêncio?

Espanto esses pensamentos tristes. Termino de tomar meu refrigerante e caminho até onde ficam as bandejas para jogar meu lixo fora junto os de Amanda. Depois de cumprir toda minha ação, aproveito e jogo o jornal velho e rabiscado junto tambem. Mas estranhamente encontro um outro, tambem rabiscado só que com algumas vagas de eletricistas circuladas, mas o que me chama a atenção não é isso e sim a que esta logo abaixo.

Rapidamente pego meu celular e disco o numero que se encontra no anuncio. Três toques e logo alguem do outro lado atende.

- Ferrary Company, em que posso ajudar? - a voz de uma mulher é ouvida do outro lado

- Aqui é Malia Johson e eu estou interessada na vaga de babá.

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Xxlys

MaliaWhere stories live. Discover now