10.

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MALIA

Acordo na manhã seguinte com os olhos doloridos. Provavelmente por conta do choro de ontem.

Sigo para o banheiro onde faço minha higiene matinal e logo me visto para mais um maravilhoso dia de trabalho.

Como ainda chove, me visto de maneira mais confortável. Uma calça moletom, sapatênis e uma regata qualquer. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo. E logo saio do quarto.

Vejo que a Aparecida já havia chegado e estava nos preparativos para o café da manhã. Lhe desejo bom dia e sigo a caminho das escadas que me levará ao quarto da Moana.

Bato na porta e entro quando vejo que está somente ela ali, ainda dormindo. Vou até as cortinas e as abro mas nada da pequena se mexer.

- Moana, hora de acordar. - a chacoalha porém nada dela abrir os olhos - Mo, vai se atrasar para a escolinha.

- Está chovendo Ma. - resmunga

- E você é de açúcar? - questiono e ela abre os olhinhos emburrados para mim - Não. - eu mesma respondo

A doce menina se senta na cama e eu aproveito para desligar o ar-condicionado do seu quarto.

- Vamos escovar os dentinhos e se arrumar princesa. - digo

- Bom dia Malia. - ela estica os bracinhos e eu a abraço

- Bom dia Moaninha.

Ela se levanta e segue para o banheiro. Eu arrumo sua caminha e pego seu uniforme o arrumando em cima da cama. Quando acaba, Moana volta para o quarto e se senta na penteadeira. Eu arrumo seus cabelos e depois a visto com sua roupa de escola.

- Prontinho. - digo mas ela nem ao menos me olha - Mo?

- Você e o papai brigaram ontem. - diz e eu olho para ela alarmada - Você vai embora? - questiona

Menininha sapeca. Ontem depois da singela discursão com seu pai. Eu vim para o seu quarto e cuidei dela e de seu machucado e ela não disse nada, nenhuma palavra ou indício de que tinha ouvido a conversa.

- Você quer que eu vá?

- Não Malia, por favor. - pede e segura firme em meu braço

- Então eu não vou a lugar algum. - digo e depósito um beijo em sua testa

Descemos e arrumo ela na mesa para tomar café com seu pai. Quando termina, ela segue para a escola e eu fico naquela imensa casa somente com a Aparecida, que é ótima ouvinte e sabe dar os melhores conselhos.

A chuva cai sem trégua na hora do almoço. Moana chega da escola com um tremendo temporal. Sou rápida em dar banho e agasalhar ela para não ficar resfriada. Seu pai chega pouco depois e segue para seu escritório voltando somente quando o almoço está posto.

Polo não olhou na minha cara desde que amanheceu. Claro, como se ele olhasse antes. É estranho a forma como ele me ignora, ou como sempre que me olha seu olhar transmite pura raiva. Eu não consigo entender.

Depois do almoço, ele avisa que trabalhará em casa pelo resto do dia e se tranca em seu escritório.

- O que iremos fazer hoje? - pergunto para Moana que acabou de fazer seu dever de casa

- Queria bolo de cenoura com chocolate.

- Nem vai da. Aparecida já foi para casa por conta da chuva. - digo e ela fica triste - Mas podemos fazer. - digo e ela abre o maior sorriso

- Você sabe?

- Podemos aprender. Não deve ser tão difícil.

Guardamos todo seu material e eu a pego no colo descendo para a cozinha.

Coloco a pequena sentada no balcão e separo as coisas que precisaremos.

- Preparada para fazer o melhor bolo de cenoura com chocolate do mundo? - pergunto

- Sim. - diz toda feliz

Começo descarando e triturando a cenoura. Moana presta atenção em tudo.

- Está bom de cenoura? - pergunta

- Deve está. - respondo e as duas acabamos por gargalhar

Separo a  farinha e dou para ela por na batedeira junto com os ovos, manteiga e o demais ingredientes.

Ah, e as gotinhas de chocolate que ela pediu.

Enquanto a massa bate. Pego uma assadeira para ser untada.

- a gente pega um pouco de manteiga e espalha assim.

Com criança qualquer atividade, por menor que seja, vira uma algazarra. Moana lambuza sua mão inteira de manteiga enquanto unta todo o tabuleiro. Mas isso não foi o pior, quando colocou a farinha. Aí que aquela cozinha foi abaixo.

- Olha Ma, um bicho. - diz mas antes mesmo de eu olhar, ela assopra jogando farinha por toda a cozinha

Moana vai na gargalhada e é impossível não rir vendo ela com a cara toda branca de farinha.

- Moana. - tento falar mas minha barriga doi de tanto rir - Olha o tanto de coisa que temos que arrumar agora.

Moana nem liga, volta assoprar a farinha me sujando toda.

Retiro a massa da batedeira e com sua ajuda a coloco no tabuleiro e levo ao forno.

Quando me viro vejo o estrago que fizemos. Se Aparecida estivesse aqui, com certeza puxaria nossa orelha. A menina sentada em cima do balcão com os cabelos brancos em meio a farinha me olha.

- Vamos arrumar tudo, temos pouco mais de meia hora até o bolo ficar pronto.

A desço do balcão e começo limpando ele. Retiro todo excesso de farinha e passo um pano tirando toda a sujeira. Limpo e lavo a louça que sujamos, varro e passo pano no chão também.

Quando tudo organizado, menos nós mesmas. Retiro o bolo do forno e deixo em cima do balcão para esfriar.

Ele ficou bonito. Cresceu bem e está com um cheiro ótimo, espero que o sabor também

- Vamos fazer a cobertura.

- Chocolate. - Moana exclama e aparece com a lata de cacau em pó

Preparamos a cobertura e lhe entrego um garfo para perfurar toda a massa para a cobertura entrar bem no bolo.
Jogamos tudo em cima do mesmo e espalhamos com vontade. Reservamos o bolo novamente e agora somente esperamos.

- Espero que tenha ficado bom. - digo enquanto lambemos a colher e panela de brigadeiro

- Ficou. - diz convicta

- E se não ficou em mocinha? - digo e passo a ponta do dedo em seu nariz

- Teremos que comer assim mesmo. - da de ombros e me faz rir

- Você é uma menina muito esperta - faço cócegas em sua cintura - muito esperta.

Moana gargalha e se deita no balcão enquanto eu sigo a atacando com cócegas

- O que está acontecendo aqui?

Uma voz troveja e meu corpo rapidamente fica tenso.

Polo aparece na porta da cozinha usando uma calça moletom cinza junto a uma regata de mesma cor. Seus cabelos bagunçados como tem andado nos últimos dias. Ele é lindo, não tem como negar isso. Eu já o vi dessa forma, despojado, mas toda vez que o vejo é um baque ainda. Seus ombros largos de cor morena. Seus braços grandes e fortes são tentadores demais.

- Papai, estamos fazendo bolo. - a inocente menina diz

Ele nada responde. Apenas encara a menina de bochechas coradas pelas cócegas e o nariz sujo de chocolate e a mim. Seus olhos em minha direção sempre frio, calculista e transbordando fúria. Não tenho para onde correr então apenas suspiro e espero pelo seu sermão, mas ele dessa vez não vem.

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Masoq?

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Xxlys

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