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MALIA

Passa das três horas da manhã quando meu celular começa a tocar.

Hoje eu rodei toda a cidade atrais de emprego, mas como da última vez, não consegui nada.

Procuro meu celular no meio das cobertas e acabo derrubando ele no chão, fazendo ele parar de tocar.

- Merda! - digo

Com dificuldade devido a escuridão do meu quarto. Pego ele do chão e vejo que perdi varias ligações da Isadora e algumas de Polo, o que me faz estranhar. Mas antes que eu possa ligar, ele volta a vibrar em minhas mãos.

- Alô? - atendo no primeiro toque

- Malia. - diz de forma ofegante

- Oi Isadora, aconteceu alguma coisa?

- Sim. - diz e parece recuperar a respiração - Graças a Deus você atendeu.

- O que houve?

- Moana está no hospital com febre altíssima.

E nesse momento meu coração erra uma batida. Meu corpo inteiro desperta e um frio se apossa de toda minha espinha.

- O que ela tem? Qual hospital estão? - me levanto da cama apresada e corro para o banheiro

- Eu irei te mandar o endereço por mensagem. Corre para cá amiga, pega um carro, um táxi, avião, qualquer coisa. Só corre. - diz e posso ouvir alguém falar com ela do outro lado

- Isadora!

- Tenho que desligar. Te passo o endereço.

E ela desliga o celular em minha cara. Começo a me arrumar rapidamente. Calço meus tênis brancos, calça jeans e casaco moletom. Prendo meus cabelos em um rabi de cavalo e vou em direção ao quarto da Amanda onde eu esmurro a porta até ela acordar

- Temos que ir para o hospital imediatamente - digo assim que ela abre a porta com somente um olho aberto e a cara toda amassada para mim

- Quem morreu? - pergunta e eu reviro os olhos

- Moana está com a febre muito alta e a Isadora me ligou avisando.

Rapidamente Amanda arregala os olhos.

- Dois minutos e estou pronta.

Deixo ela em seu quarto e desço as escadas a esperando na sala. Amanda me envia o endereço do hospital em que estão.

Eu estou nervosa, tensa e com o coração na mão. Ando de um lado para o outro na sala, quase abrindo um buraco no chão da mesma.

- Já tem o endereço? - Amanda aparece pouco depois calçando seus tênis

- Sim, vamos embora.

Saímos rápido do apartamento. Ela pede um uber pelo seu aplicativo. Pela hora em dia de semana, não há muitos rodando pela área. Trinta minutos depois estamos dentro do a caminho do hospital.

- Isa disse o que ela tem? - indaga a minha amiga

- Não, somente disse para eu ir lá.

Estou a ponto de roer minhas próprias unhas de tão nervosa. O carro mal para e eu já vou saindo dele, deixando Amanda pagando o motorista.

Entro no hospital e até que tem pouca movimentação. Peço ajuda a recepcionista e pergunto pela Moana Ferrary. Mas antes dela me explicar, Isadora aparece.

- Malia, graças a Deus. - me abraça

- Cadê ela? - sou direta

- Está lá em cima. Vamos, vem ver ela.

Isadora sai me arrastando pelos corredores brancos e frios do grande hospital. Amanda atrás de nós em completo silêncio apenas tenta entender, assim como eu, o que de fato está acontecendo.

- Malia. - Luan que estava sentado de frente para uma porta branca levanta e me cumprimenta

- Olá. - respondo e me sento ao seu lado

- Vamos esperar o Polo sair de lá, aí você entra. - explica a morena de olhos verdes

- Mas o que ela realmente tem? Porque da febre alta? - Amanda pergunta enquanto eu só consigo ficar parada, encarando a porta branca e contando-nos segundos para ver minha menininha

- Ela tem tido febres a uns dias. Mas o pai pensou que fosse por causa da mudança do tempo, resfriado, essas coisas. - começa - Mas nessa madrugada foi muito alta. E o médico disse que estava tão rápida que ela quase teve uma convulsão. - diz e só de imaginar eu me tremo toda

- polo também é um irresponsável, deveria ter trago ela mais cedo.

- E o que os médicos disseram que ela tem? É muito grave?

- Não, eles disseram que é algo sentimental. - diz e eu a olho - Ela está com saudades de você!

Ouvir isso partiu meu coração. Tenho uma grande vontade de chorar, somente em pensar que eu causei isso. Eu poderia ao menos ter ligado.

Eu nem ao menos consigo formular uma só palavra quando a porta é aberta e polo sai de lá com uma cara de cansado. Sua cabelos estão grandes e a barba também. Ele não se cuidou nesse últimos mês, pelo menos é o que parece.

Ele segura a porta para mim. Respirando fundo, eu me levanto e caminho em sua direção. Polo não me olha nos olhos e quando passo por ele, vejo-o engolindo em seco.

Entro no cômodo igualmente branco e logo ele fecha a porta atrás de mim.

Moana está deitada, e ela parece ainda menor no grande leito do hospital. Ela não nota a minha presença pois esta entretida com um desenho que passa

Caminho em sua direção sem fazer barulho. Tão pálida e triste, o que eu fiz com essa criança?

- Mo? - chamo quando já estou bem perto

Ela vira sua cabecinha para mim e arregala os lindos olhinhos castanhos.

- Ma! - exclama e tenta vir até mim, mas os aparelhos em seu braço a impede

- Não meu amor, eu vou até aí. - dou a volta e a abraço apertado

- Eu senti saudades. - sussurra e sinto algo me molhar

Ela está chorando.

- Ei, não precisa chorar. - limpo seu rostinho - eu também senti saudades, muita. - depósito um beijo em sua testa

- Papai disse que você tinha ido viajar. - diz - Mas você demorou muito a voltar. - diz e chora mais ainda

- Não chora meu amor. - me sento ao seu lado - Eu estou aqui agora, não estou?

- Sim.

- E quero ver você boa, correndo e brincando. Tudo bem? - pergunto e ela confirma com a cabeça - Vai fazer tudo o que o médico pedir e tomar seus remédios direitinho para quando sair daqui, a gente brincar de tudo o que você quiser.

Moana me abre um lindo sorriso e isso aquece meu coração e alma, como fui me apegar tanto a esse pingo de gente?

- Deita aqui comigo Ma, vamos assistir desenho juntas. - ela bate no espaço disponível ao seu lado e eu o faço.

Retiro meu tênis e me acomodo ao seu lado na cama. Moana se ajeita e põe a cabeça em minha barriga, sem fazer muitos movimentos por conta dos fios em seu braço. Acaricio seus cabelos e enquanto ela assiste o desenho

- Ma - me chama

- Oi.

- Não me deixa de novo não, por favor. - pede e meu coração se aperta

- Nunca mais meu amor. Nunca mais. - digo e sigo acariciando sua cabecinha em minha barriga

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Xxlys

MaliaWhere stories live. Discover now