Treze

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Como sempre, vovó me abraçou e me deu o amor que eu precisava naquele momento. Depois que já estava mais calmo, pediu para que eu explicasse toda a situação. Contei em detalhes e ela me assegurou que não tinha motivo para preocupações. Disse que eu não seria incriminado, pois não fiz por maldade e dificilmente eles ligariam o ocorrido a mim. Além disso, segundo ela era Osmar quem deveria dar explicações.

Naquela noite ela dormiu abraçada comigo e senti que estava seguro.

Infelizmente essa segurança não durou muito tempo. Com poucos dias Osmar estava de volta em uma cadeira de rodas. E o meu pesadelo também voltou.

*

Assim como aconteceu no dia da mudança dos vizinhos da casa ao lado, eu estava de joelhos no sofá observando cada movimento da rua naquele dia. O táxi parou, o motorista desceu e pegou a cadeira de rodas no porta malas. Enquanto isso, a mãe de Daniel abriu o portão e o filho entrou correndo. O motorista ajudou Osmar a sentar e foi em direção a mulher no portão, provavelmente para acertar o valor da corrida. Eu não observei o que eles faziam, estava concentrado em Osmar. E ele estava concentrado em olhar para a minha casa com um olhar cheio de ódio. Acho que ele sábia que a culpa do que tinha acontecido era minha.

Eu tive certeza disso assim que o observei olhando para a nossa casa. Senti medo do que ele faria como vingança e corri para o meu quarto, onde eu não tinha chances de cruzar com aquele olhar monstruoso.

Passei os dias seguintes me escondendo. Mas, o inevitável aconteceu e foi pior do que eu imaginava que seria.

O Azul do Meu PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora