Capítulo 4

165 19 15
                                    



20 de Junho, 15:05.

       — Xeque-mate. — Decretou Jayce ao movimentar uma de suas peças no tabuleiro de xadrez.

       — Ah, não é justo!! — Cruzei os braços, já era a terceira vitória dele naquela tarde.

      Estávamos sentados à mesa de jantar, não sabia de onde aquele tabuleiro de xadrez havia surgido, mas, apesar de estar perdendo feio, eu estava me divertindo bastante.

       Jayce havia saído cedo, como havia avisado, mas retornou no início da tarde, com várias sacolas de roupas, entregando algumas delas a mim. Já havia algum tempo que ele fazia isso, saía e voltava com roupas para mim – outras vezes ele apenas saía sem dizer o que ia fazer, e não comentava ao retornar –, talvez por eu ter usado, nos primeiros dias, as roupas dele.

       E eu tinha que admitir, ele tinha um ótimo gosto para roupas.

       — Não é culpa minha se você é tão ruim no xadrez. — Ele riu da minha frustração. Ah, a risada dele, um dos melhores sons que eu estava ouvindo ultimamente.

       Acabei por sorrir meio bobo, logo sendo encarado por Jayce.

       — Você é muito lindo, sabia? — Soltou a frase, sorrindo provocativo.

       Senti meu rosto esquentar.

       — E fica ainda mais lindo vermelho desse jeito. — Esticou-se um pouco para poder segurar meu queixo entre o indicador e o polegar. Jayce inclinou o rosto em minha direção, deixando um beijo leve em minha bochecha, e se afastou.

       Senti um arrepio percorrer meu corpo, os locais onde a mão e os lábios dele haviam tocado estavam formigando, e eu não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Eu deveria estar tão vermelho quanto um tomate maduro.

       — Acho que já está bom de xadrez por hoje, não é? — Falou já recolhendo as peças e o tabuleiro, alheio às minhas sensações; ou, talvez, não tão alheio.

       Eu não conseguia evitar mais tudo aquilo. Eu estava começando a admitir, para mim mesmo, que havia adquirido uma queda pelo meu sequestrador.

       Deus, que absurdo!!

       Tentei buscar formas de me distrair, então segui para meu quarto, onde estava minha mochila – Jayce havia me devolvido a mochila que eu carregava no dia do sequestro, mas não havia me entregado meu celular, claro –, peguei meu caderno de desenhos e um lápis, e me pus a rabiscar coisas aleatórias ali; bem, não tão aleatórias. Ao finalizar o último esboço, notei que eles se pareciam muito com meus pais e meu irmão mais velho.

       Eu sentia muita falta de casa.

       Apesar de viver com Jayce não ser ruim, eu ainda sentia falta dos abraços da minha mãe, das brigas idiotas com meu irmão, das broncas que tomávamos do meu pai quando as brigas passavam dos limites.

       Suspirei entristecido. Eu sentia que estava ali há tanto tempo, nem pareciam apenas duas semanas.

18:30

       Notei que já era de noite apenas quando fui chamado para jantar.

       Eu rumei pensativo para a cozinha.

       Havia algo que eu queria perguntar para Jayce, apenas estava adiando o questionamento.

       Conversamos coisas aleatórias durante a refeição, eu sempre tentava fazer ele sorrir falando coisas idiotas, ver o sorriso dele e ouvir sua risada era muito bom.

       Seu rosto deveria ser tão lindo quanto seu sorriso.

       Okey, eu realmente preciso parar de pensar coisas assim.

       Ao rumarmos para a sala de estar, decidi que já era a hora, aquele pensamento estava martelando meu juízo há dias, não adiaria mais nenhum segundo!

       — Jayce... — Chamei, torcendo para que ele não se irritasse com a pergunta.

       — Diga. — Me encarou por debaixo da máscara, seus lábios se curvando num pequeno sorriso, enquanto se sentava no sofá.

       Rumei para a mesinha de centro, onde os controles do videogame estavam, peguei um deles e me sentei ao lado de Jayce. Respirei fundo antes de continuar, esperava não levar um tiro com aquela pergunta.

       — Meus... Meus pais estão procurando por mim? — Minha voz saiu mais baixa do que o planejado, eu não o olhava, encarava minhas mãos em meu colo, eu segurava o controle do videogame com um tanto de força.

       O silêncio se estabeleceu no ambiente por alguns minutos.

       — Sim. — Ele respondeu sério.

       — Então... — Eu não sabia como continuar, aquele tom frio de Jayce me fez sentir algo estranho.

       — Não se preocupe, entrarei em contato com eles em breve, logo você estará em casa. — Disse e se levantou do sofá.

       Depois disso, Jayce entrou em sua sala de armas e não saiu mais.

       No dia seguinte, ele estava quieto de mais, mesmo durante as refeições, que eram os horários em que mais conversávamos.

       Por mais que eu tentasse, a conversa simplesmente não acontecia.

       O que eu deveria fazer??

Notas da Autora:

Oiee!! Demorei dessa vez, não foi? Sinto muitíssimo por isso!
Os capítulos estão pequenos, eu sei, mas estou fazendo assim para que os acontecimentos fiquem organizados.
Comentem, gosto de saber o que estão achando da história!
Compartilhem também, se possível.

Beijooos 💕

Sequestro de VerãoWhere stories live. Discover now