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Cauê
- te arruma aí, vou lá embaixo falar com a tua mãe - falei pro Caíque vendo ele abrir uma das gavetas de roupa dele

fechei a porta do quarto e desci as escadas arrumando meu cabelo com as mãos mesmo, mas meu coração quase parou assim que eu vi Kyara no chão, corri até ela e me abaixei no chão segurando sua cabeça e chacoalhando ela tentando acordar a mesma

- amor, Kyara - balancei ele e logo a porta abriu revelando Matheus e Camille

- que porra é essa? - ele falou vindo até ela

- sai, vou levar ela pro postinho, preciso que alguém fique com caíque - eu falei pegando ela no colo e saindo de casa

- eu fico, vão lá - Camille diz e entra em casa

vou com ela até o postinho que não era tão longe, entrei no mesmo e logo uma enfermeira nos avistou e trouxe uma maca, coloquei a mesma em cima e a enfermeira barrou nossa entrada na salinha de exames

- o que aconteceu? - matheus perguntou

- eu não sei, eu tava tomando banho e quando desci ela tava no chão - falei tentando não chorar

eu estava preocupado com ela e com o bebê, eu tentei pensar positivamente a todo momento, Matheus sentou ao meu lado e eu via sua expressão preocupada, assim como a minha.

                                    Kyara
abri meus olhos e a primeira coisa que eu fiz foi puxar o ar com força e me levantar rápido, passei a mão na barriga e senti o volume ainda, meu bebê ainda estava ali (ou eu achava que estava), eu não sabia onde eu estava, nem o que estava acontecendo, olhei ao redor e o quarto era branco com alguns detalhes em marrom

- calma Kyara, está tudo bem - uma moça apareceu ao meu lado, eu não consegui falar nada, só encarar ela e tentar controlar minha respiração - meu nome é Carine, sou enfermeira, se acalma, estamos só cuidando de você

escutei tudo o que ela estava dizendo e me acalmei, voltei a me ajeitar na cama e logo um médico entrou

- oi Kyara, sou o doutor Sabóia e estou aqui pra te ajudar - ele disse e eu assenti

- meu filho está bem? - falei pela primeira vez

- vou falar com você sobre isso, espere - ele saiu e logo meu irmão e meu namorado entraram no quarto que eu estava, Cauê veio direto pra mim

- você está bem? - ele perguntou

- acho que tô - falei só pra ele e segurei sua mão entrelaçando nossos dedos, ele assentiu e voltou a olhar pro médico, Matheus veio até o outro lado e beijou minha testa

- então Kyara, temos uma boa e uma má notícia pra você - o médico começou a falar - a má é que você estava com dois fetos no útero, seu desmaio foi uma queda de pressão, você chegou aqui com um pequeno sangramento, mas logo conseguimos estancar o mesmo, um dos fetos não aguentou, ele estava fora da placenta - ele disse e eu senti uma dor muito grande me invadir - a boa, é que o outro feto está saudável e se formando normalmente no útero, batimentos cardíacos fortes, crescimento saudável e de acordo com o tempo certo - ele disse e eu senti lágrimas nos meus olhos

- amor, calma, viu? - Cauê disse me abraçando de lado

- já posso ir pra casa? - perguntei pro médico

- você ainda passará por alguns exames pra saber se esta tudo bem, vou lhe encaminhar para uma obstetra de confiança que fará todo seu pré natal - ele disse e eu assenti, o médico e a enfermeira saíram e eu pude ficar a sós com meu irmão e meu namorado

- eu não acredito que perdi um deles, mesmo eu nem sabendo, essa sensação é muito ruim - eu falei sentindo um aperto no peito, coloquei a mão em cima da minha barriga sentindo o pequeno volume

- agora você vai seguir direitinho todas as recomendações dos médicos e se cuidar do melhor jeito possível - Matheus disse

- eu sei, vou obedecer direitinho - eu disse e logo a porta se abre, Camille aparece na mesma e sorri ao me ver

- alguém não aguenta mais ficar longe da mamãe - ela diz e Caíque entra no quarto vindo até Cauê que pega ele no colo e coloca ele sentadinho ao meu lado

- oi amor, a mamãe tá bem e seu irmãozinho também - eu digo e ele me abraça

- tava com saudade - ele diz

- eu também meu amor - falei abraçando o mesmo

passamos um tempo conversando até ouvirmos um barulho de água caindo no chão e um grito de Camille

- meu deus - ela diz - a bolsa estourou

Matheus fica parado em estado de choque o que me fez ter uma crise de riso

- anda matheus, sua filha vai nascer - Camille grita e logo uma enfermeira entra no quarto

- mulher em trabalho de parto - ela grita pra fora do quarto e traz uma cadeira de rodas pra Camille, ela sai do quarto junto com matheus

- eu quero ir - eu digo olhando pra Cauê

- não amor, você tem que repousar - ele diz e eu cruzo os braços

- mas amor, é nossa afilhada - eu digo

- a gente vai ver ela assim que ela nascer - ele diz e vem até mim me dando um selinho - relaxa, tá tudo bem lá - ele diz e eu assinto

                                Camille
eu nunca tinha sentido tanta dor, mas eu sabia que era sim por uma boa causa, eu já estava fazendo pré-natal com uma obstetra que eu, sinceramente, amava, ela logo apareceu assim que me trouxeram pra sala de parto

- chegou a hora dessa garotinha nascer - ela disse colocando as luvas, a máscara e se sentando na frente da maca onde eu estava - camille, quando eu pedir pra você fazer força, você faz, ok? - ela perguntou e eu assenti

- eu to aqui contigo amor - Matheus disse ao meu lado segurando minha mão

- faz força Camille - dra. Anna pediu e eu comecei, fiz força uma vez - 3, 2, 1 de novo - ela falou outra vez e eu fiz mais uma vez - já to vendo a cabeça, a última vez Camille, você precisa fazer toda força - fiz força mais uma vez e logo eu ouvi o chorinho da minha pequena, eu estava acabada, mas assim que a enfermeira colocou ela nos meus braços, eu descobri o amor da minha vida naquele bebê

- nossa princesa amor - Matheus disse

- beatriz - falei o nome da minha filha que parou de chorar e segurou meu dedo com uma mão e com a outra segurou o do pai, sorri com isso e senti o beijo de Matheus na minha testa

o dia mais feliz da minha vida.

Por acaso, nós! {concluída}Where stories live. Discover now