— Elas saíram e Zendaya está na escola — avisou rispidamente, tentando fechar a porta.

— Ótimo — respondi, sendo mais rápida e entrando na casa — Quero falar com você mesmo — expliquei enquanto ele fechava a porta e virava a cadeira em minha direção.

— Não tenho nada para falar com você — Austin disse em um tom rude que me fez suspirar enquanto eu me sentava no sofá — Então se me dá licença, eu irei...

— Sim, você tem! — retruquei, o vendo parar a cadeira — Não saio daqui enquanto nós não conversarmos! — deixei claro, o vendo bufar.

Mas eu realmente não sairia até conversarmos.

— Conversar o quê? Tudo o que era necessário já foi discutido entre nós — ele afirmou e não evitei meu olhar incrédulo, ele não podia estar falando sério.

— O que já foi dito? Você me acusar e me expulsar do seu quarto? — questionei irônica, observado quando ele guiou a cadeira até que ficasse mais próximo de mim — Porque foi isso o que aconteceu. Você me acusou e me expulsou.

— Te acusei de um erro que você cometeu — Austin argumentou surpreendentemente calmo e eu neguei com a cabeça.

— Esse erro que você diz foi o que salvou sua vida, idiota — xinguei, sem conseguir me controlar e notando quando seus olhos se arregalaram.

— Você não salvou minha vida! Você me prendeu nessa merda — ele recrutou irritado, socando a cadeira de rodas.

Lembrei dos acessos de fúria que ele costumava ter nos primeiros meses. Tirei Zendaya da casa algumas vezes enquanto ele passava alguns dias com Normani.

— Era melhor do que te prender a sete palmos abaixo do chão — respondi, cruzando meus braços sem me importar como soaria.

Notei como ele se segurou para não gritar comigo, pensando em algo para o responder. Mas nossa atenção foi desviada para a porta da casa que se abria. Normani entrou distraidamente, mas sua feição logo se tornou irritada ao me ver ali com seu irmão.

— Que porra você está fazendo aqui, Camila? — questionou em um tom rude, que fez com que eu me escolhesse em seu sofá.

Ainda não tinha me acostumado com aquela Normani que me atacava. Porque aquela não era minha melhor amiga e eu não conseguia me acostumar com sua nova versão.

**

2006

— Por que a gente tá aqui? — a pequena Karla de oito anos resmungou, sentada na grama do jardim da casa de seu melhor amigo.

— Mani tá chegando — Austin respondeu animadamente encarando a rua a sua frente, ansioso a cada carro que passava.

Camila fez uma careta. Austin só sabia falar de 'Mani' por três meses inteiros. Isso incomodava Camila, ela só não entendia porque.

— E por que temos que esperar Mani no jardim? — ela reclamou, cruzando os braços.

— Pra você conhecer logo ela! — Austin disse em um tom óbvio, mostrando seu melhor sorriso para a melhor amiga.

— Mas por que eu tenho que conhecer Mani? — Karla murmurou, deitando suas costas na grama e encarando o céu azul — Nós somos uma dupla! Não tem três pessoas em uma dupla — argumentou, virando o rosto para o amigo.

Porém Austin ainda estava encarando a rua.

— Mani vai ser minha irmã.

Isso foi o suficiente para fazer Camila se sentar e o encarar confusa.

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