Jin e Jun

394 54 51
                                    


Seu subconsciente precisava daquela singela aprovação. Byun nem gostava de cozinhar, era verdade, o fez durante grande parte de sua vida por pura obrigação familiar, mas usava a cozinha para agradar e retribuir. Porque, para ser honesto, não tinha muito a oferecer em troca da bondade de uma amiga.

De uma amiga e de seu irmão mais velho intimidantemente elegante e bonito, com o corpo em forma e a pele do rosto tão limpa e bem cuidada que refletia a iluminação ambiente. Junmyeon havia saído direto da televisão de programas musicais para a cozinha americana que agora cheirava a kkulppang, o pão de mel coreano que era a especialidade de Byun.

- Pensei que você não tinha mais dias de trapaça na dieta – comentou Jinsoul, que encarava o irmão lamber os dedos depois de terminar o quinto pãozinho. – Era pra eles durarem a semana inteira. É um presente do meu amigo!

- Ele fez dez! Eu posso comer, não posso, Baek? – Junmyeon perguntou, e, apesar dos vinte e cinco anos, Byun o achou muito mais jovem com as bochechas coradas e a boca melada da cobertura dos pãezinhos.

- Quem te deu a liberdade de usar o primeiro nome dele? Chamamos ele de Byun. Byun! – Não sabia dizer se Jinsoul estava brava pelo irmão estar arruinando seus cálculos de divisão dos pães ou se era por ter tomado a liberdade que pouco incomodava Byun.

- Não tem problema. Só o pessoal da minha cidade me chama assim, por isso soa estranho, mas é meu nome – Ele deu de ombros, recebendo um sorriso do mais velho em retorno.

- E olhe só que grosseiro! Você está aspirando os pães como se fosse um aspirador de pó!

- É um elogio para mim, de verdade – Byun murmurou, rindo baixo. – Pode aspirar todos. Eu os cozinhei para isso. Vocês estão sendo uma grande ajuda nesse meu final de semestre.

- De qualquer forma, obrigado por cozinhar para nós. Parece que adivinhou que eu iria chegar faminto!

Jinsoul estreitou o olhar para o irmão.

- Você estava de dieta!

- Eu reimplantei o dia de trapaça. Foi cientificamente comprovado como saudável. Para construir estes músculos é preciso de um dia de glória, entende.

- Ele me faz passar vergonha na frente dos meus amigos desde SEMPRE!

- Faço tanto por você, maninha... desde SEMPRE! O que espero em troca é ver você com ciúmes dos seus amigos... porque todos gostam de mim. Gostou de mim, não é, Baek?

Byun olhou de um irmão para o outro, temendo deixar Jinsoul mais brava e ser mal-educado com Junmyeon.

- É claro que sim... quer dizer, nos conhecemos hoje, mas tenho certeza que é uma boa pessoa... foram criados pelos mesmos pais e... Jinsoul é incrível...

Os olhos da amiga lacrimejaram e ela se aproximou dele, o abraçando pelo pescoço.

- Obrigado, Baek. Vou repassar o recado pra mãe e pro pai. – Junmyeon fez um sinal positivo com o polegar. – Que tal noite de filmes antes de você voltar pra casa?

Jinsoul e Byun se encararam. A garota deu de ombros e ele assentiu com a cabeça.

- Seria legal.

- Vou pegar travesseiros e cobertores. Nossa casa parece minimalista e desconfortável, mas a torno quentinha em um segundo. Já volto.

Junmyeon desapareceu pelas escadas e Byun encarou a amiga.

- Ele é muito simpático.

- É, com outras pessoas. Comigo é mandão e superprotetor. – resmungou ela, pegando um pãozinho do prato em cima da bancada central. – Mas realmente devo muito a ele. Está sempre do meu lado, em todas minhas escolhas. Quer conversar com ele sobre... você e Chanyeol?

Noites AcordadoWhere stories live. Discover now