Somewhere someday || L.S

capítulo vinte e sete (the end)

Gemma acordava todas as noites com o soluço do irmão. Sem fazer nenhum barulho, ela parava em frente a porta do irmão e o ouvia chorar, enquanto segurava o objeto em sua mão. A garota simplesmente não entendia porque seu irmão estava sofrendo tanto, parecia ter uma parte da vida de Harry que ela não conhecia e que nem mesmo o cacheado parecia conhecer. Ela não podia fazer nada, apenas escorregar na parede e chorar junto com o irmão. No começo, ela até pensou tem contar para a mãe, mas teve medo daquilo ser uma tristeza muito grande para o coração de Anne. A mulher jamais aguentaria ver o filho daquela forma, chorando até o dia amanhecer, acordando de um sonho ruim todas as noites e vivendo como um zumbi. Se aquilo doía em Gemma, doeria infinitamente em Anne.

– Aquele anel é tudo que eu tenho...tudo que eu tenho dele.

– Quem é ele? O Nicholas? – Gemma não entendia quem era a pessoa que Harry sempre parecia estar esperando, a pessoa que ele procurava com os olhos toda vez que saíam na rua, a pessoa que deixava Styles tão triste a ponto de chorar até soluçar. Tudo que Harry tinha eram as iniciais "L.T".

– Eu não sei quem ele é...Ele continua aparecendo nas minhas memórias, e eu não faço ideia de quem ele é.– O choro do garoto parecia estar se tornando ainda mais incontrolável. A garota podia ver as lágrimas fluindo, uma atrás da outra, sem dificuldade.– Quem quer que ele seja, eu acho que eu o amei demais. Eu o amei tanto que se abriu um buraco no meu coração.– Harry bateu a mão no peito, para indicar que ali doía tanto que ele nem conseguia explicar.

Não conseguir se lembrar era o que matava Harry cada vez mais. Ele parecia estar indo a loucura dia após dia, e nem mesmo sabia o que deveria lembrar.

– Harry, você sabe que eu só quero te ajudar. Eu sou sua irmã e estou tentando fazer o que acho melhor pra você.

– Você não quer me ajudar. Você fica tentando me consertar, mas eu não estou quebrado! – E, então, Harry sentiu uma dor alucinante em sua cabeça ao dizer aquelas palavras.

Parecia que ele algum lugar, alguma época, ele havia dito aquelas palavras para alguém e elas ecoaram em sua cabeça. Ele viu os olhos azuis tristes em sua memória e ele quis gritar. Harry caiu de joelhos no meio da sala, com as duas mãos na cabeça, enquanto fragmentos de memórias passavam por sua mente.

– E você ainda diz que não está quebrado.– Gemma se abaixou ao lado do irmão, o abraçando, enquanto o garoto chorava alto.

– O anel é tudo que eu tenho...– Styles continuou murmurando aquilo nos braços da irmã.

Ele precisava do anel para se manter lúcido. A jóia era a única prova de que não era uma ilusão, de que aquelas cenas que apareciam em sua mente não eram mentira. Havia alguém, com olhos azuis tristes, o esperando em algum lugar, em algum momento do tempo.

Eles estavam debaixo do mesmo céu, mas em tempos diferentes. Era um triste amor que jamais poderia vir a ser.

-x-

Harry podia ver as costas de um homem, ele estava sentado em um banquinho enquanto pintava em uma tela a sua frente. O cacheado o amava, seu coração estava tão aquecido ao olhar aquela cena e ele não conseguia esconder o sorriso.

Justo quando o misterioso homem ia se virar, Harry acordou. Ele estava no ônibus, voltando para casa depois de um dia cansativo procurando por um emprego, e havia adormecido no banco duro do automóvel. Mais uma vez ele acordava com aquela sensação de vazio que não conseguia explicar.

Assim que o ônibus parou no ponto que ele tinha que descer, Harry desceu. Caminhou um pouco até chegar no prédio onde ele atualmente morava com Gemma. Era uma sexta-feira e tudo que ele queria fazer era deitar no sofá, ligar a televisão e dormir com aparelho ligado para não se sentir sozinho. Subiu as escadas sem muita pressa, e quando finalmente chegou na porta do apartamento, vasculhou em sua bolsa em busca das chaves, porém, depois de revirar a bolsa por mais de três minutos, não havia nem sinal da chave.