Capítulo 32 - Perto do fim

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31 de Agosto

Conforme havia prometido, Andrômeda passou a vir em casa sempre no final da manhã, me ajudar a terminar de preparar o almoço e depois levava Teddy para passear com ela retornando apenas no final da tarde, perto do horário de Tonks chegar do Ministério da Magia. Dessa forma ficou muito mais fácil cuidar da casa e de papai que agora passava o dia praticamente inteiro na cama.

Irredutível na decisão de não tomar algo para a dor que sentia, consegui dar a ele um pouco de conforto com bolsas de água quente ou fria. A alimentação dele já deixara de ser sólida para ser pastosa e muito diluída. Em pouco tempo ele certamente só estaria aceitando líquidos.

Arranjei com Wesley algumas vitaminas e só consegui convencer papai a ingeri-las quando ele aceitou o fato de que as mesmas já existiam em seu corpo normalmente e nunca atrapalharam o efeito da Wolfsbane. Tudo parecia estar indo bem, dentro do possível, até aquele dia.

Com tudo em ordem dentro de casa e já tendo terminado de lavar e guardar as vasilhas sujas no almoço, eu estava sentada sozinha na sala lendo um livro quando ouvi os passos apressados de papai saindo do quarto e parando pouco depois. Corri para ver o que tinha acontecido e o encontrei debruçado sobre o vaso sanitário vomitando.

— Pai! — gritei.

Não tive muito para fazer além de colocar a mão em sua testa dando um pouco de apoio a sua cabeça que balançava com o impulso.

Exausto pelo esforço quando terminou, papai se sentou no chão. Antes de dar descarga meu coração apertou ao ver uma coloração avermelhada sobre o vômito. Peguei uma toalha de mão, encharquei com água fria e passei no rosto de papai antes de me sentar atrás dele e o abraçar repousando sua cabeça sobre meu peito.

— Respira devagar... Vai passar... — não sabia se estava falando aquilo mais para ele ou para mim.

Papai segurou minha mão direita e a apertou com a força que conseguiu. Depois começou a se mexer para se levantar.

— Tem certeza?

— Não posso ficar aqui no chão do banheiro...

Ele levantou, lavou a boca na pia e eu o ajudei a voltar para a cama.

— Beba um pouco de água — com a varinha conjurei o feitiço que encheu o copo ao nosso lado.

Ainda sentado, papai tomou três goles pequenos e me devolveu o copo. Coloquei a mão na testa dele, mas não havia sinal de febre.

— Vou ficar bem — ele deitou e puxando o cobertor.

— Não vou sair daqui até eu ter certeza disso — segurei a mão dele e dei um beijo em sua testa. Ele agradeceu o gesto com um beijo nas costas da minha mão.

Fiquei sentada ao lado dele segurando sua mão e acariciando seus cabelos até ouvir seus roncos. Saí do quarto da forma mais silenciosa que consegui.

Fiquei impressionada por não ter chorado de desespero com aquela situação, mas não consegui segurar por muito mais tempo e cheguei aos prantos no meu quarto. Abafei o barulho com as almofadas sobre a cama. Papai estava cada vez pior, não podíamos parar a menos de dois dias para a lua cheia e eu não sabia se ele iria resistir.

Uma versão minha tinha conseguido viajar no tempo para salvá-lo de ser morto em Hogwarts apenas para acabar assim? Morto pela própria filha?

Eu ainda estava soluçando quando ouvi um barulho na porta da frente.

— Aluadinha...

Era a voz da Tonks. Levantei depressa e corri até a sala apenas para abraça-la e continuar chorando.

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde as histórias ganham vida. Descobre agora