Capítulo 16 - Resiliência

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1999

Três dias haviam se passado desde o ataque e eu ainda não conseguia levantar da cama. Minhas únicas horas de alívio era quando eu bebia a poção e conseguia dormir. Mas eu não podia passar o resto da vida dormindo. Papai havia ido até o Beco Diagonal e conseguido uma poção forte para dor que infelizmente se mostrou pouco eficaz.

— Essa dor não vai passar nunca? — sussurrei.

— Vai, filha.

Papai estava sentado ao meu lado na cama acariciando meus cabelos.

— Das outras vezes não doeu tanto assim... — eu falava com os olhos fechados.

— Acho que os dois ataques que você sofreu antes não foram tão direcionados a você, então não havia a intenção de te causar dor.

Abri os olhos e olhei para ele sem entender a explicação.

— No primeiro ataque, durante a invasão de comensais no casamento de Gui e Fleur, o feitiço foi direcionado para você, mas era uma reação ao seu ataque. Nada planejado ou pensado com antecedência. Na segunda vez, você se jogou na frente de outro aluno que iria receber a maldição, quem conjurou estava pensando em causar dor nele, não em você.

— Faz sentido...

— Se soubéssemos algum modo de anular por completo o efeito da maldição cruciatus, nós poderíamos ter salvado o casal Longbottom.

— Os pais do Neville né?

— Sim. Eles foram torturados por vários dias e nunca se recuperaram.

— Você acha que eu...

— Tenho certeza que não, filha. Por mais que Dolohov quisesse te atingir, você passou um tempo infinitamente menor nas mãos dele.

Senti pelos pais do Neville. Se aquele pouco tempo sendo torturada havia me deixado daquele jeito, imagina passar por isso durante dias.

— Pai, e se a gente tentasse algum remédio trouxa? Acha que surtiria efeito?

— Sua mãe bem que sugeriu isso quando esteve aqui ontem.

— Mamãe esteve aqui?

— Sim, mas você estava dormindo e ela não quis de acordar.

— Ela vem hoje?

— Acho que sim.

— Não acho que um simples remédio para dor faça efeito, mas Wesley tem acesso a drogas bem mais fortes. Eu poderia usar até o feitiço se dissipar o suficiente.

— Conversarei com ela sobre o assunto.

O esforço daquela conversa fez a dor parecer ainda mais intensa e eu encolhi o corpo. Papai mais uma vez me puxou para o seu colo e me abraçou quase que numa tentativa de pegar a dor para ele. Estremeci enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto.

*
Wesley preparava a seringa com um medicamento. Depois de conversar com mamãe e ela passar a situação a ele, meu padrasto decidiu o que seria melhor usar e por quanto tempo. Seriam no máximo três doses, sendo uma por dia. Eu estava otimista que isso, associado à poção de papai, finalmente aliviaria meu sofrimento.

— Vai doer um pouquinho — disse meu padrasto se aproximando com a seringa do meu braço direito.

Concordei com um aceno de cabeça, mas não dei muito crédito para o aviso de Wesley até sentir a agulha perfurando minha pele. O local conseguiu ficar, por alguns instantes, mais dolorido do que meu corpo todo. Fiz uma careta que aos poucos foi relaxando. O alívio da dor estava se espalhando pelo meu corpo. Aquilo parecia mágica.

Livro 6 - Lana Lupin e o Menino de Cabelo AzulOnde as histórias ganham vida. Descobre agora