Autismo.

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Hoseok chorava, não aguentava mais os comentários maldosos sobre Taehyung.
O rapaz sabia que o menino não agia como as outras crianças, mas isso não significa que Taehyung era “anormal” como as pessoas falavam.
-não chora, meu amor – Hoseok balançava o filho no colo, tentando fazer o filho parar de chorar.
Os dois estavam na caminhonete, Hoseok havia saído com o filho para comprar trigo para fazer a torta preferida do menino, mas Taehyung começou a se sentir incomodado com algo.
Hoseok não sabia bem como funcionavam as coisas na cabecinha do filho, mas sabia que o choro incontrolável do menino não era manha ou pra chamar atenção.
Taehyung era um menino bonzinho, não era birrento ou mal educado, as pessoas olhavam para o menino com um olhar julgador, comentando sobre como ele era mimado, o que ninguém sabia, era que Taehyung era autista, mas ninguém estava interessado em saber mesmo, o que queriam era julgar o menininho de cinco anos.
Hoseok teve que sair da loja quando Taehyung passou a “incomodar” os outros clientes.
Foi só Hoseok sair da loja e entrar no carro, que ele desabou em lágrimas. Como pai, doía ver como o seu filho era julgado. “anormal, doido, débil mental” palavras horríveis que não deveriam ser direcionadas nem a um adulto, quem dirá a uma criança inocente, que não entendia o peso daquelas palavras maldosas, mas mesmo que Taehyung não entendesse a maldade das pessoas, Hoseok entendia e sofria a anos, vendo que seu bebê era julgado todos os dias.
Ainda chorando, Taehyung abraçou o pai e colocou a cabeça no ombro de Hoseok. Mesmo ainda em meia a crise, Taehyung entendia que com o pai, ele estava protegido e que Hoseok faria tudo ficar bem no final.
Hoseok apertou o filho com força e beijou os cabelos dele.
-papai tá aqui, não precisa ter medo, eu nunca vou te deixar.
...
O pai de Yoongi sorria, o contrato do rapaz, havia acabado e agora o menino poderia se livrar de toda exploração.
-você não vai assinar com eles de novo, não é meu filho? – o homem perguntou esperançoso.
-pai, eu ainda estou decidindo – Yoongi se sentou ao lado do pai.
-filho, eles te exploram – o homem falava com voz de lamento – essa empresa não te faz bem, eu não quero te ver mal. Nenhum pai quer ver o filho sofrer.
Yoongi suspirou.
-vai ser diferente dessa ver, eu prometo.
Yoongi sorriu doce para o pai.
O contrato novo já estava redijo, Yoongi receberia o valor justo pelo seu trabalho, além dos lucros nas centenas de músicas que ele havia composto e produzindo não só para a empresa dele como para outras.
Yoongi também mandou tirarem a cláusula que dizia que ele não poderia namorar.
O rapaz queria tomar as rédeas da vida dele.
...
Taehyung desenhava no caderninho de desenho que o avô havia dado de presente para ele.
O menininho havia começado o acompanhamento psicológico depois de ter sido diagnosticado com autismo moderado e o tratamento surtia boas evoluções no comportamento do menininho.
Desenhar era uma forma de tratamento e sem dúvidas a que mais ajudava o menino.
-me dá um lápis? – Jungkook sentou perto do irmão.
-esse – Taehyung deu um lápis vermelho para o irmão.
-eu gosto de azul – Jungkook falou e pegou o lápis azul.
Taehyung negou com a cabeça e segurou o lápis azul.
-azul não – o menininho ainda negava com a cabeça e puxava o lápis que Jungkook não queria soltar.
-me empresta – Jungkook puxava.
-NÁ! – Taehyung gritou.
-ei, ei, ei – o avô dos meninos pegou Taehyung no colo – nada disso – ele balançava o neto e segurava a cabecinha do menino, que ainda fazia movimentos de negação.
-azul não – o menininho falou.
O homem sabia que mudanças deixavam Taehyung nervoso. Na antiga caixinha de lápis de Taehyung, faltava um lápis, o azul. Quando o menininho ganhou a nova, ele nunca tocou no lápis azul.
-ninguém vai usar o azul, tá bom? – o menino concordou com a cabeça.
Jungkook fez biquinho choroso.
-eu queria o azul – ele fungou.
-amor! Fica com o Taehyung – o homem falou com a esposa que estava na sala.
-vem com a vovó – a mulher pegou o menino e voltou a entrar.
-vem – o senhor Jung pegou Jungkook no colo – não chora, ok? – ele passou a mão nas bochechinhas molhadas de Jungkook.
-o Taetae não deixou eu pintar – ele falou choroso.
-amor, o Taetae não fez por querer – o homem andava pelo sítio com o neto no colo.
-por quê o Taetae é diferente? – o menino fungou.
O avô do menino suspirou.
-o Taetae não é diferente...
-os meus amiguinhos da creche falaram que ele é doido – Jungkook passou as mãozinhas nos olhos.
O pai de Hoseok negou com a cabeça. Sangue fervia toda vez que ouvia comentários maldosos sob o filho e os netos.
-o Taetae é único – o homem falou – assim como você – Jungkook concordou com a cabeça – cada pessoa é diferente da outra, o Taetae tem o tempo dele e você o seu, ele tem o jeito dele e você o seu, isso não significa que ele é doido.
-papai disse que o Taetae é um anjinho muito especial – Jungkook falou e o avô  concordou.
O homem beijou a bochecha do neto e o colocou no chão, segurando a mãozinha do menino enquanto os dois andavam pela fazenda.
-o papai vai demorar muito? – Jungkook perguntou com saudades do pai.
-seu pai está trabalhando, vai chegar de noite – Jungkook fez biquinho – mas ele vai trazer um doce bem gostoso para você, que ele mesmo vai fazer lá na confeitaria – Jungkook sorriu e bateu palminhas, adorava os doces do pai.
...
O carro luxuoso chamava a atenção de todos na cidade, que olhavam curiosos, doidos para saber que estava naquele carro caro.
Yoongi sorriu, achava graça daquela gente fofoqueira, que mesmo depois de seis anos, não mudavam a mania de cuidar da vida dos outros.
O carro seguiu para a estradinha de terra que Yoongi conhecia melhor que a palma da mão dele.
Quando começou a ver o pomar, o coração do idol começou a bater mais forte.
Yoongi parou o carro e respirou fundo, criando coragem para continuar seu caminho.
-o quê eu vou falar?! – ele resmungou sozinho.
Ele não havia ensaiado nada, não sabia o que iria falar para Hoseok, mas mesmo assim iria atrás do seu único amor.
...
-quer suco? – Jungkook perguntou ao irmão.
-quelo – Taehyung concordou.
A fala do menino ainda se desenvolvia, ele já falava de tudo, porém era do jeitinho dele, mas a   fonoaudióloga, especializada em tratamento de criança autistas, disse que era normal, o menininho só precisava de incentivos para falar as palavras corretamente e Taehyung era um menino muito espertinho, aprendia rápido as coisas.
Jungkook pegou um banquinho e usou para pegar um copo no armário, depois foi até a geladeira e a abriu, usou novamente o banquinho para alcançar a jarra de suco.
Depois de por a jarra e o copo no chão, o menino começou a despejar o suco no copo, deixando transbordar e molhar o chão.
-vovó vai brigar – o menino falou – pega o suco, eu vou pegar um pano.
Taehyung segurou o copo com as duas mãozinha e começou a beber o suco.
Jungkook pegou o pano de prato e começou a passar no chão.
-estão aprontando? – os meninos ouviram a voz da avó e arregalaram os olhos.
Os dois saíram correndo para a varanda antes que a avó chegasse na cozinha.
Taehyung acabou caindo ao não prestar atenção no degrauzinho que havia na varanda e acabou quebrando o copo de vidro, cortando as duas mãozinhas.
Jungkook se desesperou quando viu o sangue e Taehyung começou a chorar.
...
O carro de Yoongi parou na entrada da fazenda e logo o idol pode ver o pai de Hoseok se aproximar curioso.
Yoongi abriu a porta e desceu, a surpresa nos olhos do Jung ficou visível.
-senhor Jung – Yoongi parou bem na frente do homem.
-O quê faz aqui? – o homem perguntou rudemente.
Yoongi respirou fundo.
-meu pai falou que o senhor não reagiu bem a minha partida, mas eu queria me desculpa – o pai de Hoseok riu sem humor.
-não importa como eu reagi, o que importa foi como o meu filho reagiu – Yoongi engoliu seco – sai da minha fazenda – o homem apontou para a estrada.
O pai de Hoseok não estava só com raiva por Yoongi ter ido embora, estava com raiva de tudo. De como o filho sofreu ao ser abandonado, de como o filho voltou arrasado de Seul e contou as palavras duras que Yoongi havia falado com ele, como durante toda a gestação Hoseok via os casais nas clínicas, todos feliz com a sua gravidezes e o menino lá, sozinho sem o pai dos filhos dele.
O pai de Hoseok tinha raiva de como Hoseok sofreu sozinho quando não sabia o que estava acontecendo com Taehyung, nos momentos de crise do menino,  de como Hoseok não sabia o quê responder quando Jungkook perguntava sobre quem era o pai dele.
Tinha raiva de como os netos nunca puderam contar com Yoongi, porque o rapaz preferiu a fama ao amor.
O senhor Jung tinha ódio de Yoongi.
Yoongi franziu o cenho quando viu um menininho correndo desesperado na direção deles.
-vovô...Vovô! O Taetae se machucou!
-vovô?

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