Capítulo 8

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P.O.V CRUSHER

- Hotel mais barato aqui por perto? - perguntei pro motorista.

- Rapaz, os hotéis aqui no centro são todos caros. A diária mais barata R$ 416,00 por aí.

Suspirei, passando a mão no cabelo.

- Vai pro lado mais caído da cidade, por favor. - sorri fraco.

Senti um peso no meu ombro e vi Maria Luiza dormindo. Procurei o celular dela para mandar mensagem pro Mob, avisando pra onde íamos, mas não achei. Devia estar com alguma das meninas.

O meu nem adiantava, não tinha crédito, o que significava sem ligações e sem mensagens. Eu podia ligar a cobrar, mas isso nem passou pela minha cabeça.

- E aí? - perguntei ao motorista depois de rodarmos algumas vezes.

- Sem hotéis. Tem um motel por aqui, a diária é 70 reais, o mais barato que tem. - suspirou.

- Tudo bem, podemos ir para lá. Desculpe por isso. - sorri fraco.

Eu só precisava ir para um local mais afastado para ficarmos longe de câmeras, jornalistas, blogueiros, canais de fofoca o que fosse.

Chegamos no motel e agradeci ao motorista, sem pedir troco. Saí do carro com Maria Luiza nos braços, que se aconchegou no meu peito.

- Preciso das identidades. - a recepcionista falou.

- E eu preciso da sua ajuda. Qual foi, olha pra mim e pra ela. Temos mais de dezoito, isso é óbvio. - revirei os olhos.

- Desculpe, mas são as regras que tenho que seguir. - sorriu.

- Chega aqui. - me aproximei do balcão com a irmã do Mob ainda nos braços, e consegui pegar minha carteira, tirando uma nota de 100 disfarçadamente.

- Sejam bem vindos. - arqueou a sobrancelha me apontando as escadas e entregando a chave de um quarto.

Não era um dos lugares mais chiques, mas não era tão ruim. Só desejei um elevador, mesmo assim, a carreguei no colo até nosso quarto. Era um prédio de dois andares e um pouco comprido.

Entrei no quarto e a coloquei na cama cuidadosamente, e percebi que coçava o pescoço. A gola da roupa a incomodava. Suspirei me culpando. A cutuquei para que acordasse, eu poderia simplesmente arrancar a roupa dela sem sua permissão, mas me sentiria culpado depois.

- Hm... Que foi? - disse sonolenta, sem abrir os olhos.

- Veste minha camisa. - disse a retirando e entregando a ela.

- Não... - respondeu manhosa.

- Vai, cara, tira isso e põe logo. - disse agachado ao lado da cama.

- Já que quer tanto, faz você. - disse com dificuldade.

Não foi preciso dizer duas vezes. Eu não faria nada com ela, com segundas intenções, mas não podia negar que era foda se controlar.

Eu olhei pra roupa, a roupa olhou pra mim e revirei os olhos. Não tinha noção de como tirava aquilo. Subi na cama, me sentando ao pés, o que fez com que Maria Luiza se mexesse e abrisse os olhos.

- Não consegue, né? - disse rindo, mas ainda com voz de sono. Eu tinha certeza que ela não se lembraria de nada amanhã.

- Podia me ajudar. - respondi.

Ela se sentou, virando de costas para mim e apontou para um zíper. O abri e abaixei a roupa até a cintura, tive visão para uma calcinha de renda preta. Suspirei me jogando pro lado, com a mão no rosto. Ouvi ela se mexendo, mas preferi respirar fundo e me controlar.

Quando me sentei novamente e abri os olhos, notei que sua roupa já estava jogada no chão e ela dormia de barriga para baixo, apenas de calcinha.

- Porra Maria Luiza, assim não dá. - disse me levantando e senti uma mão no meu ombro.

Ficamos 3 minutos naquela posição. Eu em pé, e imaginei que ela estivesse ajoelhada na cama me segurando, até que soltou a mão, me abraçou pelas costas e senti seus seios, o que me deixou maluco.

- Deita comigo. - disse manhosa.

Eu estava dividido. Podia ligar o foda-se e deitar com ela, encher de beijos como era a minha vontade desde o momento que a conheci na sala da mansão, mas ao mesmo tempo eu estaria sendo um babaca, me aproveitando da situação. Sabia que ela não estava 100% sóbria e que aquele desgraçado de moleque tinha dado bebida pra ela. Isso me fez lembrar dele, e eu ia ver do que estavam falando.

- Não... Veste a camisa e descansa. - disse sem me virar.

Caminhei até o banheiro, me olhando no espelho, atrás da porta tinha algumas informações, como regras a seguir e afins, e tinha também a senha do wi-fi. Conectei e havia trilhões de mensagens do Mob, Babi, Coringa, Bak, GS e Voltan. Ignorei todas e fui direto para o Instagram, procurando o perfil da praga. Abri os stories e pelo que parece ele apagou o vídeo.

- Rapaziada, apaguei o vídeo porque eu não estava sóbrio e vacilei, tá ligado. Peço desculpas por essa atitude escrota que eu tive e que nunca mais vai se repetir. - assisti os últimos stories.

Procurei no YouTube e achei. Respirei fundo antes de apertar o play e...

O vídeo era a Maria Luiza na pista com um copo na mão. Naquela balada, as bebidas eram servidas em copos coloridos. Os vermelhos eram alcoólicos e os verdes não. Havia um diálogo no vídeo.

- Bebe, cara!

- Só depois de me falar o que é.

- Porra, não tem álcool, caralho. O copo é verde, bebe logo.

- Não quero beber.

- Bebe logo essa porra e num gole só caralho, pelo teu irmão. - ameaçou.

Ele ria amargo, obviamente já alterado. E quando ela foi dar uma bicadinha no copo, ele virou tudo, empurrando para ela beber.

Desliguei o celular saindo do banheiro e vi Maria Luiza deitada, dormindo, já com minha camisa, o que me fez abrir um sorriso. Peguei a roupa dela do chão, dobrei e guardei no banheiro.

Me deitei ao lado dela e fiquei um tempo a observando. Às vezes a realidade foge muito de nós. Infelizmente aquele momento não iria se repetir, nem num futuro próximo.

Quis ajudar e devo ter piorado. Mob deve estar desesperado, com razão, atrás da irmã, o pessoal da casa também. Mas senti necessidade de protegê-la, mesmo a preocupação sendo do Mob.

Eu nunca amei ninguém, me apaixonei por alguém e nem quis. Estava bem do jeito que as coisas iam. Só ficadas e pronto, noites juntos e só, nada mais.

Mas quando eu vi aquela garota na casa, nos stories tanto do Mob quando do Bak, sei lá, mano, alguma coisa eu senti, não sei o que, mas senti.

Caí em mim, antes de adormecer. A garota tem 15 anos, eu faço 20 daqui uns meses. Tenho que colocar noção na minha cabeça pra certas coisas.

QUEBRA DE TEMPO

Tentei passar confiança pra Maria Luiza, mas era difícil. Eu estava tão nervoso quanto ela, não sabia o que aconteceria. E ainda mais após aquelas notícias, o que o Ph diria?

Entramos na casa e senti o corpo dela ficar mole, pois se apoiou em mim antes de caminhar até ele.

The Sister | Loudحيث تعيش القصص. اكتشف الآن