Fingi surpresa.

Chance riu. Uma das sobrancelhas de Carter se arqueou levemente.

- Não estamos?

- Essa não é exatamente a minha ideia para um encontro.

- E qual é exatamente a sua ideia para um encontro?

É claro que eu não ia dizer qual era exatamente a minha ideia.

- Com certeza, nenhuma das coisas que você costuma fazer.

- Me julgar é tudo que você sabe fazer?

Um brilho de divertimento surgiu em seus olhos, mas seu rosto permaneceu sério enquanto ele me encarava.

- Eu pareço ser mesmo ótima nisso.

Tudo bem. Talvez definitivamente fosse hora de parar de beber.

- Existe só uma coisa no que você é melhor do que isso. - Ele me encarou de um jeito estranho, deixando o meu corpo em alerta automaticamente. Seus dedos tatuados envolveram a garrafa de cerveja quando ele deu os dois últimos goles para colocá-la sobre a mesa, vazia. Eu não respondi, apenas esperei que ele continuasse. Seu corpo se inclinou na minha direção, a ponto de eu sentir o hálito quente que àquela altura era uma deliciosa mistura de álcool e tabaco. - Você tem sido ótima em ferrar a minha vida.

Eu pisquei devagar para processar a intensidade que suas palavras pareciam carregar. Se ele notou a minha hesitação, não demonstrou. A minha cabeça parecia distante, desfocada. Tudo o que eu conseguia ver era ele.

- Então você considera isso um dom?

Talvez tenha sido o álcool o responsável por carregar a minha voz com malícia. As palavras se arrastaram provocantemente pelos meus lábios antes que eu pudesse perceber.

Quando a mão dele deslizou sorrateiramente pela minha cintura, só o suficiente para incendiar o meu corpo todo com um toque, eu desci os meus olhos para lá, observando minuciosamente o movimento enquanto o meu corpo se acendia ridiculamente.

Seu polegar roçou a barra da minha camiseta, levantando-a apenas milimetricamente.

- Por sua culpa, eu pareci um perdedor pela segunda vez. – Ele disse, com os olhos fixos demais no meu rosto. – Como pretende compensar isso?

Eu me recusei a permitir que ele sentisse que me tinha por completo nas mãos.

- Talvez te representando no poker. Você seria invencível.

Ele balançou a cabeça.

- Eu com certeza tenho ideias muito melhores sobre maneiras de você me compensar.

Eu sorri, desejando ser capaz de ver o quanto o meu sorriso tinha soado perigoso também. Talvez eu estivesse passando tempo demais com ele.

- Nesse caso, seja mais criativo no seu próximo encontro. Quem sabe você consiga convencer a próxima garota disso.

- Você está oficialmente desistindo, é isso?

- Desistindo?

Ele se limitou a não responder a minha pergunta, apenas me encarar com o sorriso cínico.

- Você quer um encontro? Então eu vou te dar um. E é melhor você estar mesmo certa sobre apenas se meter em jogos que pode vencer.

Meu deus.

...

Nós nos despedimos de Chance, e Carter me conduziu de volta pela área principal do bar. Ele empurrou as portas pesadas, esperando que eu passasse, e então seguiu ao meu lado, com a mão calculadamente posta sobre a base da minha coluna em um gesto um tanto quanto possessivo. Completamente o oposto da indiferença demonstrada por ele quando chegamos.

Mais do que Eu Posso AguentarWhere stories live. Discover now