- Exatamente. Naquela época eu não me sentia pronto para estar com tantas pessoas assim, nem mesmo sentia que estava pronto para sua presença na minha vida. - Nossos dedos estavam entrelaçados. - Vir aqui hoje não só mostra que eu realmente tenho uma ótima memória, mas também uma vitória que conquistei. Andar entre várias pessoas e não me sentir sufocado. Você não ser mais o mesmo cara que eu achava chato e sorridente demais e sim o amor da minha vida inteira. Te trazer aqui significa que cada pequeno detalhe, até mesmo você escorregando dentro daquele galpão ali - Eu apontei para o lugar e ele franziu o nariz. - significou algo. Você sempre significou algo.

Ele me encarou por um momento e então beijou meu pescoço.

- Você sempre tem esse dom de me deixar sem graça.

Sorri e nos levei até a barraca de doces que havíamos comprado algo e a contornei, ficando de frente para o mar salgado. O vento frio contra nosso rosto. Logo senti seus braços me envolvendo.

- Você sempre tem que ficar em algum lugar mais quieto. - Sunshine diz baixo, reproduzindo exatamente as palavras que me disse na primeira vez que viemos aqui. - Já disse que eu gosto desse seu lado "eu odeio gente, vou me excluir pra não pegar essa doença"? É bem legal.

- Eu fazia isso por proteção. Me proteger do mundo e proteger o mundo de mim. - Disse baixo. - Eu tinha muitos medos, amor. Medos que nunca me abandonavam. Por isso eu queria tanto saber sobre quem convivia comigo. Confiança é tudo, e eu não conseguia me abrir a ninguém sem ter a certeza de que ela não ia me magoar.

- Mas eu consegui contornar a sua regra.

- Você foi a maior incógnita que eu encontrei. - Beijei seus dedos e então me virei para ele. O azul de seus olhos estavam quase pretos pela falta de luz ali. - ainda bem que você me encontrou.

Caminhamos pelo lugar. Pessoas passavam por nós, nos apertavam, nos empurravam, mas mantivemos a paciência e chegamos a frente de um palco. Uma banda Indie local tocava e era um som até legal. Ficamos abraçados por um tempo e então decidimos ir para atrás do palco. O som não era tão alto e era melhor para sair dali.

- Como se sente voltando anos depois da primeira vez que pisou aqui?

- Aliviado. - Respondi. - Sinto que se eu aguentei comer aquele cachorro quente da barraca daquele cara, eu realmente posso fazer de tudo e continuar vivo.

Sunshine sorriu e então bateu no meu ombro.

- Eu falo sério. Como se sente?

- Sinto que não sou mais o Michael quebrado, sou o Michael que remendou os pedaços e achou uma forma de viver no lugar de sobreviver. Que aprendeu a amar no lugar de se esconder. E você?

- Sinto que as coisas mudam bem rápido. E estou feliz por termos mudado tanto. O Luke de antes com certeza está orgulhoso de nós dois.

****

Quando chegamos a praia, já passava das onze horas e o movimento da rua já começava a ficar devagar. O lugar era bem distante do movimento das ruas e das pessoas. Ouvíamos somente o som das ondas quebrando contra as pedras e a maresia batendo contra nosso rosto. O cheiro forte de sal e Luke enchiam meus pulmões.

- Essa é a quarta vez que viemos aqui. - Ele disse. - A primeira quando saímos do festival, a segunda depois da sua apresentação perto da sua formatura. A terceira quando estávamos a três dias de nos casar e agora. - Sua voz era tudo o que ouvia além do som da água batendo.

- Eu sempre gostei daqui. - Respondi. - Sempre vinha para pensar, desligar de tudo. Antes eu tinha que tudo o que eu tinha de bom havia sido estragado depois do acidente, eu mesmo fiz isso. Mas não foi assim, sabe? O parque, eu tinha uma péssima lembrança que estragou a boa, mas então eu tenho lembranças incríveis de lá hoje. Nossa casa, meu pai odiava que Calum e Ashton se agarrasem lá.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now