[16] Epifania.

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O que fazer em uma quinta-feira, de madrugada, sabendo que você tem aula no dia seguinte? Se você respondeu dormir, errou muito feio, pois a resposta correta é assistir animes de terror.

Eu precisava relaxar. Minha semana tá uma bela merda. Primeiro porque, desde segunda, Yoongi tá estranho comigo... com todo mundo na verdade. Tae falou que ele deve estar passando por alguma coisa a qual ainda não tá preparado pra nos contar sobre. Segundo porque essa semana tem feriado e os meus pais querem — e já decidiram que eu também quero — fazer uma viagem, de carro, até Orlando.

Eu não queria ir, nem um pouco. Só de pensar em sair de Sunydale e passar mais de nove horas trancado em um carro, com os meus pais ouvindo músicas lá da década de cinquenta e do começo da de sessenta, além do fato de que eles cantam junto... Argh!

Ah, e pra encerrar com chave de ouro, o Jeongguk tá me escondendo alguma coisa muito séria. Já faz um tempo que penso nisso, mas a ficha caiu ontem.

Estava em uma parte do anime na qual a protagonista, Saya, estava em seu dormitório, quando uma criatura jogou uma pedra na parede da casa dela, e no meu orifício anal não passava nem partículas de ar quando uma pequena pedrinha bateu na minha janela.

— Puta merda. — Sussurrei trêmulo, desligando a TV e, com muito medo, me aproximando. — Seja o que deus quiser… — Puxei a cortina da frente do vidro e dei uma espiada de ladinho, a fim de ver quem era que, àquela hora, jogava pedrinhas na minha janela, e não poderia ter ficado mais surpreso com a pessoa responsável por isso. — Yoongi? — abri o vidro, inclinando o meu tronco quase todo pra fora, olhando chocado para o citado. — O que faz acordado essa hora, Yoongi Min?

Ficou me encarando com aquelas órbes escuras e, à luz da lua, ficou meio azulado. Nunca gostei muito de tons de azul, mas, naquele momento, transparecendo ao Yoongi, a cor me pareceu tão perfeitamente única. Ele parecia meio pensativo, ponderando, provavelmente, se devia ou não continuar com o que quer que desejasse fazer ou me falar.

— Eu posso subir? — perguntou, afinal.

Era impossível não notar o desânimo em seu tom e, após dizer isso, várias pedrinhas caíram de sua mão. Ele ia insistir, e muito, se eu não tivesse vindo de primeira, e isso me fez pensar que era um assunto sério.

— Aconteceu alguma coisa? — eu perguntei, começando a ficar nervoso com a situação.

— Por favor, me responda. — Estava ficando meio choroso, e entrei em um pequeno ataque de pânico interno. — Jimin, preciso falar com você.

— Hm… — Limpei a garganta. Como que eu ia colocar aquele ser humano dentro da minha casa, essa hora da noite, sem que os meus pais notassem? — Você precisa mesmo vir aqui? É que os meus pais, eles…

— Jimin, você não está me entendendo. — Ele engoliu em seco; era a primeira vez que eu via Yoongi daquele jeito. — Eu preciso falar com você, mas não apenas isso. Eu preciso do seu c-calor corporal, de carinho.

Eu gelei. Ele tinha gaguejado. Yoongi Min tinha acabado de gaguejar diante da minha pessoa, e, além disso, estava me dizendo, com todas as letras, que precisava do meu carinho, de mim. O caso era gravíssimo.

— Tudo bem, eu vou me foder bonito, mas tudo bem. — Falei comigo mesmo. — Yoongi, vai pra porta da frente, eu vou abrir lá pra você, está bem?

— Uhum. — Afirmou, forçando um pequeno sorriso e correndo na direção da porta.

Suspirei, fechando novamente a janela e a cortina. Segui até a porta do quarto, suando frio ao abri-la e ouvir o estúpido barulho da dobradiça, me sentindo um completo idiota por não ter passado o óleo como meu pai havia dito. Olhei pro final do corredor, no quarto dos meus pais, sem sinal de alguém, e saí, descalço.

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