[11] Segredos.

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Nunca estive tão nervoso em toda a minha vida. Iria valer mesmo à pena fazer amizade com os Jung se eles usavam drogas? Eles poderiam ser mau exemplo, não é? Por mais que eu já estivesse perdido, aprendi nesses anos de vida que tudo sempre pode piorar.

— Jimin, é só uma festa. — Minha mãe lembrou, me olhando enquanto eu estava me arrumando em frente ao espelho de seu quarto. — Falei com a mãe deles mais cedo, e ela disse que a festa vai ser bem tranquila.

— Ah, tá. — Vai ser, claro, muito tranquila. É uma festa cheia de adolescentes e quase adultos com hormônios à flor da pele, mas, claro, vai ser de boa. — Eu sei.

— Jimin, é o Hoseok e a Dawon. — Ela colocou o queixo apoiado no meu ombro por trás, sorrindo. Eu me sentia tão alto perto da minha mãe. — Se até eu sei que são boas pessoas, imagina você!

A festa começaria em menos de vinte minutos, e Yoongi ia pegar o carro da mãe emprestado para nos levar até o endereço.

Eu já tinha ido à casa do Hoseok, acho que foi no ano passado, pra fazer um trabalho da aula de filosofia, na qual nós tínhamos sido sorteados como uma dupla, mas eu já nem lembrava como e muito menos onde era.

Faziam duas semanas desde que eu vinha me sentando com os populares no intervalo entre as aulas, mas eu não falava muito; eu não falava nem no chat da festa, só lá de vez quando, quando Tae ou Yoongi tentavam me trazer pra conversa.

Jeongguk não ficou muito feliz de passar o recreio com eles, ou talvez não esteja feliz que eu estou ficando razoavelmente popular também. Já não sei mais o que pensar quanto a ele.

O Taehyung também não é tão ruim quanto eu pensava, só é meio bobo e hipócrita às vezes, nada que eu não possa simplesmente fingir que não vi.

Já tinha confirmado que iria, e se eu desse pra trás agora ia ficar feio, mas ainda podia fingir que comi alguma coisa estragada e fiquei mal. É provável que eles acreditassem, afinal, por que eu mentiria?

— Jimin, o Yoongi está na porta. — O meu pai veio me chamar. — Se lembra das regras?

— Hm… — Fingi pensar enquanto andava ao seu lado rumo à porta. — Não beber nada com álcool, não fumar, não engravidar ninguém, não ser mal educado, não me envolver com brigas… — Chegamos na porta, qual eu encarei, nervoso. — Era isso, certo?

— Uhum. — A minha mãe se aproximou, com um semblante orgulhoso. — Meu menininho tá virando um homenzinho! — ela me abraçou, mas logo me afastou para que pudesse me encarar nos olhos. — Se você for ter relações com alguma garota, não se esqueça da camisinha. Na festa do Hoseok vai ter, a mãe dele me confirmou, mas você não quer levar uma, por precaução? — que vergonha. — A propósito, você sabe colocar uma camisinha, não sabe, Jimin?

— Não precisa ter vergonha caso não souber, meu filho. — Meu pai sorriu.

— Eu vou indo! Até mais tarde! — me despedi antes que eles começassem a falar de suas posições sexuais favoritas.

Para o meu completo desespero, o Yoongi estava bem ao lado da porta quando eu a abri, rindo tal qual uma hiena. Fechei a cara, andando até o carro de braços cruzados e sendo seguido pelo Min.

— E aí? — ele perguntou, com um sorriso maroto que já me fez prever o que ele diria a seguir. — Quer que eu pegue uma banana pra te mostrar como se coloca a camisinha, hein, meu homenzinho crescido?

— Vai se foder, Min Yoongi. — Xinguei, mas isso apenas lhe fez rir mais.

— Não, mas é sério. — Ligou o motor, e eu o encarei, um pouco confuso. — Você realmente sabe? Eu conheço três garotas que querem dar pra você essa noite.

— Quê? — a ideia de ficar com alguma garota me deixava com a cabeça nublada.

— Sabe, elas querem fazer sexo contigo. — Fiz uma careta pela fala mais direta. Ele riu.

— Hyung, eu não posso fazer isso. — Falei, olhando meio preocupadamente pra ele, que agora estava focado na estrada.

— Por quê? Você não curte mulher?

Meu rosto ferveu e meu coração disparou, minhas mãos encharcaram de suor muito mais rápido que eu gostaria e calafrios me subiram na espinha. Gostaria de saber como ele conseguiu falar sobre isso tão naturalmente... E por que diabos não consigo parar de encarar seus lábios rachados?

— Eu — as palavras morreram, eu não sabia o que dizer e tudo ficou mais complicado quando Yoongi deslizou a língua pela boca a fim de umedecê-la.

— Jimin, não tem problema se você for gay, não vai mudar nada entre a gente. — Ele estacionou em frente à casa de Jeongguk e buzinou, ia dar uma carona pra ele também, como um bom hyung. — Sinceramente, isso até seria bom, porque eu…

— Olá. — O Jeon se jogou no banco de trás do carro, interrompendo Yoongi.

— Oi, JK — o Min lhe cumprimentou, voltando a se focar na estrada e esquecendo de vez sobre o assunto que falávamos há segundos atrás, enquanto eu permanecia com aquilo martelando na cabeça —, animado?

— Pra caralho, cara! — respondeu. Apesar de não sabermos o porquê de sua birra com o amigo de infância de Yoongi, Jeongguk continua se dando mais do que bem com o hyung. Acho que eles têm muita coisa em comum. — E você, Jimin?

— É, também. — Confirmei, ainda um pouco abalado.

— Ah, vocês viram o filme que eu indiquei na quinta? — Yoongi nos perguntou.

Meninos Não Choram? — perguntei, vendo o mais velho assentir. — Eu assisti, é muito bom.

O longa era sobre um homem chamado Brandon Teena, que chegou em uma cidade nova e se tornou muito popular. No entanto, as pessoas descobriram que ele era um rapaz trans e começaram a tratá-lo de um jeito terrível por isso. Fiquei surpreso quando o hyung nos recomendou... Ninguém fala sobre esse tipo de coisa por Sunydale.

— Que surpresa! — o caçula dentre nós riu no banco de trás. — Jimin normalmente só curte animes com tentáculos e essas merdas, ele é um pervertido.

— Nossa, Park. — Yoongi riu, mostrando a gengiva de forma adorável. Mas estava tirando sarro de mim junto com aquele projeto de melhor amigo, então jamais admitiria que estava fofo. — Eu não esperava isso de você.

— Ah, que se foda. — Cruzei os braços e me emburrei, colocando a testa no vidro e ouvindo os outros dois rindo de mim.

yellow list | yoonminWhere stories live. Discover now