"Doug, sinto muito, mas o lançamento do single será na sexta, não consigo sair da cidade pelo menos até a outra semana. "

"Tudo bem, gatinha. Não se preocupe. Podemos fazer algo amanhã antes de eu ir?"

"Claro que sim. Vou sentir sua falta..."

Depois de trocar algumas mensagens com ele, o sorriso estampado no meu rosto estava nítido. Dougie tinha esse efeito sobre mim.

- Liza? - levantei me apoiando na cama pelos cotovelos e vi a porta entreaberta estar aberta. - Você ainda está aqui.

- É, acho que sim. - eu ri. - No que posso ajudar, H? - sentei na cama largando o celular.

- Você vai ficar aqui essa noite?

- Não sei, estou morrendo de preguiça de ir pra casa.

- Esse é o mau da casa, você já está com preguiça de ir embora, aí sabe que tem uma cama quentinha no mesmo lugar. Como resistir?

- Né? Eu disse a mesma coisa para Mitch. - nós rimos. E então um silêncio se instalou.

Harry continuou parado no seu lugar segurando a maçaneta.

- Você... - falamos juntos e rimos. Fiz um gesto para que ele falasse. - Eu pensei em convidar você para comer algo... não sei se está com fome. - Harry deu um sorriso mínimo.

- Eu adoraria comer algo.

- Podemos ir no italiano que tem aqui perto, o que acha?

- Acho perfeito. - disse me levantando e pegando meu casaco. - Você volta para cá depois?

- Não, vou para casa. Posso deixar você na sua se quiser.

- Você pode? Estou indo e vindo de uber, liberei Jake até semana que vem. E emprestei o carro para ele.

- Claro! Não se preocupe. E o azul?

Azul era meu carro. Não a Mercedes que eu andava diariamente. O meu carro. O pequeno e apertado carro. Ele estava em um depósito. Eu decidi guarda-lo depois que ficou pronto, meses depois da batida. Eu percebi que precisava de um tempo das lembranças da minha vida passada naquele veículo. E foi o melhor para mim.

- Ainda está no depósito.

O frio de Londres não havia dado trégua. Já estávamos no final de fevereiro e a neve ainda caia. Nos deixando encharcados de gelo quando entramos no restaurante.

- Posso pedir? - Harry perguntou como de costume.

- Sempre. - trocamos sorrisos. Harry sempre gostava de escolher meu prato, e eu sempre gostei de ser surpreendida.

- Então... - começou logo depois que o garçom saiu com os nossos pedidos. - Como está Dougie?

- Está bem. - tomei um gole de vinho tentando disfarçar o quão desconfortável eu fiquei com apenas uma pergunta. - Vai viajar para a cidade natal amanhã.

- E você vai junto? - ele mordeu um pãozinho.

- Não... tenho muitas coisas para fazer da gravadora.

- Culpado. - nós rimos.

O assunto então mudou para o trabalho, deixando o clima leve e bom. Harry arrancava risadas de mim com as suas palhaçadas de sempre.

Depois do jantar, o caminho até meu apartamento continuou sendo de pura risada e conversa. Era bom. Cantávamos algumas músicas que estavam no rádio e por um momento, só por um momento eu havia esquecido de tudo que tinha acontecido. Éramos só nós.

- Você quer subir? - perguntei virando pra ele enquanto soltava meu cinto. - Posso fazer o chocolate quente que você gosta.

- Eu adoraria, mas realmente preciso ir. Fica para próxima?

- Claro! Boa noite, Harry.

- Boa noite, pequena. - deu um beijo no meu rosto e eu retribui logo descendo do carro.

Larguei minha bolsa e tirei o sapato assim que entrei no apartamento. Peguei meu celular respondendo algumas mensagens e cai no sono no sofá enquanto via um filme qualquer.

- Bom dia, meu amor. - Dougie entrou me abraçando.

- Bom dia. - bocejei. - Eu realmente preciso de um banho. Se importa? - abri um sorriso e ele me deu um beijo concordando.

Depois de colocar uma saia curta rosa com meia calça preta e um blusão de lã também preto, peguei minha bota de cano curto e de salto alto e fino e finalizei o visual.

- Linda, como sempre. - ele me alcançou e suas mãos foram para minha cintura. - Podemos?

- Com certeza, estou morrendo de fome.

Fomos até uma cafeteria no centro da cidade, famosa por seus croissants. Fotógrafos estavam no nosso pé desde que saímos de casa mas ele não parecia se importar.

- Vou sentir sua falta. - colocou seu braço sobre meu ombro.

- Eu também vou sentir a sua. - o olhei. Dougie era lindo. Seus olhos azuis eram cristalino como a água. E se eu pudesse me afundaria neles. Eu adorava como ele se expressava tudo que sentia. Ele não se continha e eu achava isso uma das coisas que o tornavam um homem quase perfeito.

- Tem um pouco de... - ele riu apontando para o canto da minha boca.

- Ai eu sempre faço isso. - disse me limpando com o guardanapo. - Deu? - ele balançou a cabeça concordando e sorriu.

- Posso fazer uma pergunta? - sua feição ficou mais séria.

- Sempre.

- Você e Harry... - senti meu coração acelerar. - Vocês já tiveram algo?

- Eu... - ele me interrompeu.

- É que as notícias... sabe como é. Sei que vocês são amigos. E que ele vai se casar. Só que eu também vejo, a cada foto que sai de vocês dois a maneira que se olham. Ele olha para você como eu a olho, eu notei isso... e a maneira que você olha para ele... - ele suspirou. - É a maneira que eu gostaria que você me olhasse.





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THE CAR - H.S PTWhere stories live. Discover now