Era uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo.
Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...
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°•Mateus•°
Eu: Dulce...-- Busquei as únicas forças que me restavam, era difícil falar isso pra ela.-- Eu tenho um tumor no cérebro.
Segurei suas mãos e ela soltou uma risada nasal.
Dulce: Isso não é verdade.-- Encarei seus olhos sem expressar meus sentimentos.-- Para de brincar, isso é sério.
Eu: Eu estou falando a verdade Dulce Maria. Não tenho porque ficar fingindo que tenho a porra de uma doença dessas.-- Ela pareceu cair na real.
Dulce: Você... O quê?
Encarei seus olhos, as lágrimas transbordaram de seus olhos e escorriam por sua pele. Não gosto de ver ela chorar, ainda mais quando isso acontece por minha causa.
Dulce: Você não pode estar falando sério. Por favor Mateus, diga que é mentira.-- Abaixei minha cabeça e soltei um suspiro, estava derrotado.
Eu: Não é mentira.
Dulce: E você não iria me contar isso?-- Levantei meu olhar quando suas mãos soltaram as minhas com brutalidade.
Dulce: Você também iria mentir pra mim.-- Sua risada amarga fez meu peito se apertar.-- Você mentiu pra mim.
Eu: Dulce, por favor entenda, eu não queria te dar mais um problema, você acabou de descobrir que seu pai traiu sua mãe que está morta, que você tem um irmão perdido que é... Seu namorado.-- Ela continuou com seu rosto abaixado.-- Dul...-- Acariciei sua bochecha.-- Me desculpe... Não gosto de te ver triste...
Soltei um pequeno sorriso quando seus braços se envolveram em meu pescoço me abraçando, seu cabelo tinha cheiro de morango.
Dulce: Você vai se curar né? Merda, é claro que você vai, isso é óbvio, não é?
Eu: Dulce... Essa doença é muito difícil, eu não sei...
Dulce: Por favor. Por favor Mateus, não quero perder você também, não posso.
Eu: Me desculpe, não posso afirmar nada.-- Olhei para cima por um breve instante tentando fazer com que minhas lágrimas não caírem de meus olhos.
Dulce: Não!-- Ela se levantou da cama, passou suas mãos por seu rosto e seu choro aumentou.-- Não... Você me prometeu que sempre estaria do meu lado, disse que iria cuidar de mim. Lembra? Aquela noite no hospital, quando eu acordei depois de tentar fazer aquela besteira, você segurou minha mão e disse que sempre me protegeria, cuidaria de mim, não posso ficar sem você Mateus, por favor...
