Capítulo 03

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— Dulce Maria —

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Dulce Maria

    Se tivesse sido em um dia diferente? Se não estivesse tão escuro? Se eu não estivesse lá na hora? Se vocês não estivessem brigado? Se você não estivesse brava? Se você não tivesse tirado os olhos da estrada por míseros segundos?

Você ainda estaria viva, mamãe?

Eu não sei.

E acho que nunca conseguirei saber, porque por mais que eu veja você em qualquer lugar, você nunca poderá me responder. Você não segurará minha mão e falará que tudo ficará bem.

Você morreu.
Você está morta.
Sinto sua falta.

Me assustei quando o joelho de Nick tocou no meu, meu corpo tremeu e eu percebi estar surtando muito dentro do meu cérebro.

— Tudo bem aí? — Ele perguntou, sua voz era tão carinhosa que eu queria vomitar.

— Hum... Não dormi muito.

— Percebi, você se atrasou. Tem certeza que não está doente? — O encarei confusa. — Muito pálida.

Dei de ombros, meus pés batiam no chão com ansiedade, meus batimentos desregulados. A mão de Nick segurou a minha por baixo da mesa, ele continuou a escrever no caderno.

As palavras do livro pareciam uma confusão, rabiscos puxados pelo papel que eu não conseguia entender.

Suspirei, abaixei minha cabeça na mesa e fechei meus olhos.

Tente se acalmar. Já faz tanto tempo, você precisa parar com isso. Pense em outra coisa. Pense em outra coisa. Pense em outra coisa.

Não consigo.

Explosão. Explosão era o que minha cabeça ia fazer, se eu continuasse naquela sala, ouvindo sobre teorias de matemática. Levanto a mão, atenção de todos se volta para mim.

— Professor, posso ir beber água. Por favor?-- Pergunto e ele faz um breve aceno de cabeça, murmurando um pode. Levanto da cadeira, e saio da sala, suspiro e olho o corredor vazio.

Os corredores de armários vazios pareciam frios de mais. Corri até o banheiro. A porta bateu quando passei correndo. Me apoiei na pia, inclinei minha cabeça para baixo e fechei os olhos.

Não é uma crise. Não é uma crise. Tudo bem.

Está tudo bem.

Eu não consegui respirar. Não estava tudo bem.

Não estava nada bem.

Liguei a água e molhei meu rosto, minha blusa ficando mais molhada do que meu próprio rosto, o tecido grudando em meu pescoço.

Eu não consigo respirar.

Arranquei meu moletom, o joguei no chão. começando a andar de um lado para o outro no banheiro. Meu peito doía, eu senti meu coração batendo com força como se quisesse sair. Eu não conseguia pensar, as lágrimas presas na minha linha d'água dificultavam minha visão.

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