Era uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo.
Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...
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°•DulceMaria•°
Escutei Lorena gritando enquanto subia as escadas, enfiei minha cara no travesseiro com mais força, tentando raciocinar o que estava acontecendo pela pressa dela.
Me sentei na cama, o coração acelerado, a cabeça pesada, a visão turva de sono.
— Feliz aniversário. — Falei, a voz rouca, Lorena sorriu e logo balançou a cabeça.
— Obrigada, mas é sério.
— O que foi?
— Tem um cara lá embaixo! Não é o Mateus!
— Ah. — Minhas bochechas queimaram, queria me jogar da janela. — É o Dylan, eu o deixei entrar e vim aqui me trocar, acho que eu peguei no sono. Ele ainda está lá?
Me levantei apressada, tropeçando nos próprios pés. Vesti a calça cargo que estava na cadeira por cima do shorts de pijama. Lorena me olhos mais assustada ainda, parecia pálida demais para ser saudável.
— Lorena, não é um ladrão, é o Dylan, relaxa. — Sentia o gosto do uísque barato gruxado na minha garganta.
— Acho que temos um problema. — Me virei lentamente para ela, cuspindo a pasta de dente na pia.
— Temos?
— Eu pensei que fosse um bandido. — Vesti a blusa e olhei para ela, começando a me preocupar. — Acha que eu vou presa se matar alguém que eu não sabia quem era?
— O que você fez? — Sussurei suplicante e apavorada.
— Peguei uma panela e bati com força na cabeça dele, ele caiu no chão e eu vim correndo aqui.
— Merda!
Desci correndo as escadas tão rápido, que quase cai três vezes. Dylan estava sentado no chão, a mão apoiada na cabeça parecendo desnorteado.
— Wow. — Disse quando me viu, parecendo mais confuso ainda.
— Dylan! Tudo bem? Quantos dedos tem aqui?
— Quatro?
— Sim, certo.
— Acho que ele está bem. — Lorena disse, pegando a panela do chão e se encostando contra a parede.
