Era uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo.
Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...
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°•Guilherme°•
— Dulce. Você está bem? — Repeti pela quinta vez.
Dulce me encarou, a maquiagem estava um pouco borrada, preto escorrendo do canto dos olhos.
— Não. Acho que eu não estou.
— Já é um começo. — Resmuguei. — Mateus está atrás de você, vamos achar ele e ir embora.
— Acha que Nick vai me perdoar? — Ela perguntou, a voz chorosa.
— Quem?
— Meu melhor amigo. Acha que ele vai me perdoar?
— Tenho certeza que com uma boa conversa sóbria vocês se resolvem.
— E se não acontecer? E se ele me odiar para sempre?! — Dulce parecia tão apavorada que era triste.
— Esqueça isso, precisamos cuidar de você agora. O que você tomou?
— Alguma coisa meio rosa.
— Meio rosa? — Seus olhos azuis tremeram.
— Preciso ir atrás dele, preciso ir atrás dele, Guilherme.
Ela começou a correr, eu corri atrás dela, mas em um instante Dulce já havia desaparecido em meio a multidão.
Para alguém usando um salto, ela corria rápido demais.
E eu havia perdido uma garota bêbada e transtornada em um lugar que nem eu mesmo conhecia.
— Oi! Você viu uma garota dessa altura, usando um vestido vermelho, e bêbada passando por aqui? — Pergungei para um garoto, ele sorriu.
— Vestido vermelho?
— Sim! Cabelo louro, olhos azuis...
— O que é vermelho? — Revirei meus olhos.
— Esquece.
Voltei correndo para o lugar que tinha combinado com Mateus, ele chegou alguns segundos depois. A blusa branca tinha manchas vermelhas de sangue, o corte na bochecha me dava calafrios, não que estivesse algo tão horrível, mas o sangue estava espalhado por metade do rosto e pescoço. Me pergunto quanta força Jonathan colocou para fazer algo desse patamar apenas com as unhas.
Se eu ver aquele desgraçado colocarei o dobro da força para a marca ser maior.
