Ela dá um passo para frente e sinto Gi se encolher ainda mais.

— Acha que pode falar assim comigo? — rosna raivosa. — Você é apenas um plebeu que o rei...

Rio da sua tentativa de me ofender, mas não caio nessa.

– Você enche a boca para falar que é governanta desse lugar, que é responsável, que manda e desmanda nos empregados, mas no final das costas... – sorrio. – Você é igual a eles e a mim. É uma plebeia que por viver no palácio, esqueceu as suas origens. – deixo a cama e me aproximo dela. – Mas presta bastante atenção, por que comigo você não se cria e dá próxima que invadir meu quarto, alterar a voz para mim, como se fosse seu capacho, ou simplesmente me dirigir o olhar, eu não serei educado.

— Ora Seu...

Arqueio a sobrancelha e levanto o queixo, em advertência. – Sai do meu quarto, você não é bem-vinda aqui! – aponto a porta.

Escuto a respiração dela alterada, assim como os olhos arregalados com um brilho diferente. O semblante sério e mandíbula tensionada me fazem notar o quanto está tensa e controlando-se.

Agora que desabafei sobre seu comportamento repugnante comigo, sinto-me muito bem. Não sou obrigado a estar em um lugar que não gosto e ainda ouvir coisas desagradáveis, Rose não se criará em cima de mim, não mesmo – e se mesmo assim ainda tentar, ela não sairá imune.

— Vamos, Nari Gi. — diz friamente. — Já está na hora de você tomar seu banho e jantar.

— Queria ficar mais um pouco com Jimin. — Gi pede, me olhando.

— Você já passou muito tempo com Park, quem sabe outro dia. — Rose sugere. — E ele também precisa se arrumar, pois o rei conversará com ele mais tarde.

Lisa não notificou sobre esse compromisso. E por falar nela, desde que entrei no quarto com Gi, Lalisa desapareceu.

Escuto Gi soltar um suspiro e levantar da cama. Ela para a minha frente e me abraça com força. Retribuo seu abraço e dou um beijo na sua cabeça.

— Vamos nos ver novamente? — indaga com os olhos brilhantes.

— Claro que vamos.

Gi sai do quarto com um sorriso encantador e Rose fica por alguns segundos para trás. A mulher me lança um olhar nada agradável e murmura em um tom ameaçador: — Isso não ficará assim, pode ter certeza.

– Tenta Rosinha dos infernos! – a desafio e antes que reaja, eu bato a porta na cara dela.

Sento-me na cama e solto uma risada. Estou verdadeiramente bem nesse momento e não fico com medo da sua ameaça. Alguns minutos depois a porta é aberta novamente e vejo Lisa entrar. Ela está com as bochechas coradas tenta arrumar os cabelos que estão desgrenhados, roupa amarrotada e um tanto quanto desorientada.

Não consigo me controlar e solto uma risada que faz minha barriga doer – ela fica ainda mais vermelha.

— Está tudo bem, Lisa? — pergunto me controlando para não ri mais. — Você parece um pouco desorientada.

— Estou bem, acho que peguei no sono e perdi a hora. — murmura colocando o cabelo no lugar.

Arqueio a sobrancelha desconfiado, dá para perceber pelo seu estado e sua ausência não têm a ver com sono, porém, para não deixá-la ainda mais desconfortável, não digo nada a respeito.

— Tudo bem. — levanto. — Fiquei sabendo que o rei quer conversar comigo.

— Sim. Vou ajudá-lo a se arrumar.

Vou ao banheiro tomar banho, tenho que me arrumar rápido, já que não tenho muito tempo. Em frente ao grande espelho do banheiro, olho para minha imagem. Meus olhos brilham de alegria como não acontecia há dias.

Tiro toda minha roupa e vou para debaixo do chuveiro. A água quente relaxa meu corpo e revigora minha energia gasta nessa tarde. Gi tinha muita energia acumulada e eu juro que tentei acompanhar seu ritmo, mas foi meio complicado – me deixou exausto.

Saio do banheiro enxugando meu cabelo e encontro Lisa colocando minha roupa escolhida em cima da cama já arrumada – mais uma vez. Uma blusa de tecido leve em tom de azul claro e uma calça jeans branca. No corpo o comprimento da blusa e a calça está perfeito. Uma combinação moderna, já que hoje em dia não é mais preciso mesclar roupa a mesma cor. Fica até estranho.

Arrumo meu cabelo e prefiro não usar maquiagem – na verdade, não gosto muito dessas coisas, prefiro meu rosto limpo.

Após sair do quarto, já pronto, sou acompanhado por Lisa até a sala de jantar. Ela me dá “boa noite” e me deixa sozinho ali. Um segurança abre a porta para mim. Aceno a cabeça agradecendo.

Ao adentrar logo percebo a presença dele alguns metros de distância – usando uma camisa branca, com os três primeiros botões abertos e as mangas da camisa dobradas até os cotovelos, calças sociais e cabelo desarrumado. Ele está um tanto diferente da primeira vez que nos encontramos aqui.

— Como sempre você está belíssimo. — murmura se aproximando. — E, dessa vez você não me deixou esperando a noite toda.

Sinto meu rosto esquentar levemente ao me lembrar da noite passada.

— Sinto muito... — digo envergonhado.

— Não tem problema. — tira uma mão do bolso e estende em minha direção. — Me acompanha?

Olho para sua mão e depois para seus olhos negros. Fico receoso em segurar sua mão e sentir algo que não devo, mas, ainda assim, a seguro por educação. E o simples calor da mão dele na minha me provocam borboletas no estômago. Respiro fundo enquanto ele me leva para a mesa, onde gentilmente me puxa uma cadeira.

— Como foi o seu dia, Park Jimin ? — pergunta, sentando-se frente a frente comigo.

— Agradável. — sorrio leve com a lembrança de Gi em minha mente.

— Mesmo com a chuva? — levanta uma sobrancelha.

— Pela primeira vez há muito tempo não me importei. — comento avaliando as taças entre nós – vinho e água. Escolho a com água.

— Seu motivo de ter medo de chuva foi bem inusitado... — franze o cenho. — E, um tanto evasivo e com pouca convicção da sua parte.

Paro a taça entre os meus lábios e o encaro assustado pelo repentino rumo da nossa conversa. Eu já o expliquei, por que voltar nesse assunto agora?

— É pura verdade, majestade. — ponho a taça de volta na mesa.

— Quantas vezes terei que pedir que me chame de Jungkook?

— É o costume. — fixo os olhos nos seus. — Até por que não é todo dia que uma pessoa é comprado por um rei e tem a oportunidade de conviver com ele, assim como, o consentimento para chamá-lo pelo nome.

Da mesma forma que ele tocou em um assunto que não deveria, agora, eu fiz o mesmo. Não consegui controlar a boca.

Seu semblante surpreso me deixa receoso, mas quando ele sorri de lado, eu fico ainda mais confuso com sua reação.

— Sábias palavras.

— Eu...

— Gosto que fale o que pensa... – ele dá um gole no vinho. – E você está certo!

— Sinto muito, não deveria ter dito isso.

— Sem problema, senhor Park.

Para o meu alívio, uma empregada entra na sala e começa a servir o jantar. Consigo sentir a tensão entre nós e como fuga daquilo, concentro-me na comida.

O problema não é dar minha opinião, mas saber como expressá-la e como filtrar certos pensamentos. Não quero me encrencar por más interpretações

Vendido Para o Rei - Versão JikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora