— Por mim tudo bem, então. — Deu de ombros.

Eu e Sun nos olhavamos sem entender exatamente o que estava acontecendo, mas demos de ombros e fomos andando até mais a frente, onde estava estacionado o carro do homem. Nossas mãos estavam unidas e eu sussurava coisas positivas para ele. Queria que soubesse que estava ao seu lado, que o amava e que independente do que acontecesse, ele era forte e ele passaria por tudo, pois ele tinha pessoas que o amavam de verdade.

Ele sorriu e beijei seus lábios levemente.

Ben nos olhou sem nem mesmo esboçar uma reação diferente. Era como se para ele, estivesse tudo bem nossas demonstrações de carinho, porque ele agia naturalmente. Diferente do resto dos parentes que supostamente eram para ser a família do Luke.

— Certo, o que quer? — Luke foi diretamente ao assunto. Provavelmente estava a cada segundo menos confortável ali.

O homem a nossa frente olhou para nós dois e suspirou pesado. Parecia se segurar para não desabar na nossa frente.

— Eu queria lhe pedir perdão. — Sua voz era baixa. — Oito anos foram tempo demais para sequer ter dado notícias para você e... Me perdoe por tudo o que eu te fiz, irmão. Eu só... não era fácil pra ninguém viver aquela realidade, entende. Eu tive a minha maneira de lidar, que foi me blindando e fugindo de todos. Mas hoje, eu vejo que fui errado. Não era pra eu ter fugido, eu era o mais velho, você só era um criança e eu... Eu fui um covarde. A mamãe morreu e eu nem tinha condições de ir porque eu não aguentaria ver que ela morreu por eu não ter feito nada. Nós temos uma irmã que eu nunca vi, porque eu não conseguia olhar para ela e não associar a todos os meus erros. E ela era a única pessoa que não havia culpa ali. Além de você.

Sentia minha mão ser apartada com força e queria poder ter o dom de ler mentes e saber o que passava na cabeça de Luke naquele instante. Porque na minha parecia que o mundo havia parado e eu realmente queria ter um controle para rebobinar tudo o que havia sido dito, pois eu não acreditava no que estava ouvindo.

— Assim, do nada? — A voz séria de Luke saía amorfa, distante. Sua mente estava lutando contra tudo o que ele viveu para poder ver o lado do irmão e ao mesmo tempo, lutando para não ver lado nenhum. — Você some por oito anos e simplesmente quer que eu o perdoe porque percebeu que estava errado? — sorriu sem humor. — porque?

O homem tinha conhecimento provavelmente que não teria o seu esperado perdão tão fácil, pois respirou fundo e se virou ao irmão e para mim também — Ele estaria pensando que eu poderia facilitar as coisas para ele? Porque se fosse ele estava enganado, eu só estava ali para dar apoio a Luke, mas no fim a decisão seria somente dele —, e nos disse:

— Não foi do nada. Eu estou criando coragem a três anos para fazer isso. — O esfregar de mãos na calça mostrava que estava realmente nervoso e ansioso. — Eu... Eu estou noivo, Luke. Me apaixonei e até que isso acontecesse eu notei como tudo que vivemos me afetou e como isso poderia ter sido pior para você. Em como eu fiz que fosse pior para você. E para a mamãe. — Os olhos azuis ficaram vítreos, não duvidava que logo saiam lágrimas. Se eram verdadeiras, aí eu já não sabia. — Eu as vezes ouço a voz dela em meus pesadelos, ela chorando pelo o que Andrew fazia e eu não tinha nenhuma ação. Por anos eu não conseguia dormir com as memórias do que eu não fiz não me deixavam pôr a cabeça no travesseiro e descansar.

— E ficar noivo te fez ver que isso era errado?

— Não é isso. — Tentou se corrigir. — Eu fiquei mais velho, tomei muitas surras do mundo, tomei coragem e responsabilidades que nunca havia tomado e minha mente mudou. Eu quando fui embora devia saber do que eu tive que aprender sozinho, porque vivíamos o inferno naquela casa. Mas enquanto estávamos lá, era quase brutal, era como se a lei do mais forte sobrevivesse. Ninguém queria sofrer a cólera de Andrew.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora