Isso não é nenhum livro do Nicholas Sparks

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Talvez eu tenha exagerado no vinho ontem à noite. 

Certamente. 

Sinto que devo recapitular alguns acontecimentos - para mim e para você. Estou em São Vicente, Brasil, em uma missão louca de meu chefe nerd, engraçadinho e sem escrúpulos para destruir a empresa Vitta, a maior concorrente da La Madre na América do Sul no que se refere a cosméticos. E é claro que essa missão envolve por abaixo a carreira de Mia Ribeiro, a infeliz, santa, expert e linda diretora de vendas da Vitta e responsável pelo sucesso irritante dessa empresa. 

Até aqui, tudo certo? 

O problema é o seguinte: citei que ela é esperta? Provavelmente. Isso torna o meu serviço muito mais difícil... porque ela já me deu uma rasteira! Foi inesperado... antes de receber a taça da vitória, descubro que a senhorita Ribeiro fez a cabeça do negociador da Vitta contra o meu ótimo plano de a concorrente se mandar e a La Madre reinar neste país cheio de consumidores potenciais. Por isso, tive que me desfazer do meu ego, aceitando o fato de que meu charme, beleza e encanto não serviram para que o belíssimo obstáculo chamado Mia se curvasse. 

Precisarei improvisar. 

Quer dizer, não que isso seja ruim. Geralmente os improvisos não põem à mesa todas as nossas habilidades? 

***

Acho engraçado ver o Marcelo, o meu amigo de infância, agindo como um galanteador. Ele costumava ser o cara bom, não esse... 

- Exibido? - ele fala, sorrindo malandramente como um bom carioca. - Nada que você não entenda. Andando por aí em conversíveis, saindo com celebridades... 

- Eu não disse nada! - me defendo, levantando as mãos. - Mas me diga, como andam os negócios por São Vicente? 

- Desde que foi embora? - ele me indica um assento. Estamos no restaurante de seu tio, o cosmopolita Tersalhe, à beira da praia. - A verdade é que pouca coisa mudou. Grandes empresas continuam aqui, novas chegam... nada demais. O que importa mesmo é que você voltou! - Marcelo me dá um tapinha nas costas. - Vamos brindar. O bom filho à casa torna!

Sorrio de lado, sentindo certo calor passar por meu corpo. 

- Bem... devo admitir que não vim para festejar,exatamente. 

Ele me olha com aquele olhar de julgamento e ergue as sobrancelhas. 

- Não me surpreendo nadinha. Nem mesmo foi à festa que dei ontem à noite... 

- O que? Você deu uma festa e não me chamou? - pergunto, fazendo-me de ofendido. 

Ele revira os olhos e bebe sua cerveja. 

- E você viria, de qualquer forma? Sei que estava com aquela garota... a Ribeiro... - sua cara me indica desaprovação. 

- Bem, e qual o problema? Aliás, como a conhece? - cruzo os braços e devolvo o olhar firme. Mas ele se esquiva,  sorrindo outra vez. 

- Ah, a Mia... nós saímos o verão passado inteiro. 

Instantaneamente uma sirene toca no meu cérebro. Marcelo e Mia, Marcelo e... 

- Como não me contou? - questiono, quase gritando. - Você... ela é... isso... 

- Ela é demais? - ele suspira e olha para o mar. - Eu sei. Por isso nem te convidei. Sabia que, uma vez na teia dela, não teria como sair. Agora, é só aproveitar. Cuidaremos dos danos depois. 

Olho para o Marcelo com horror e incredulidade. Mas que droga ele tá falando? O Marcelo que eu conheço pode até ser mais romântico, mas sofrer... por uma garota? Isso ultrapassa a realidade. 

A Maldição dos Homens Bonitos #CPOWМесто, где живут истории. Откройте их для себя