Qual a diferença entre Naiara Azevedo e Maiara e Maraísa?

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 O restaurante se chama Tersalhe.

A entrada está toda iluminada por luzes de LED coloridas que refletem nas pranchas de surfe dispostas verticalmente, indicando o caminho. Imediatamente sou recebido por duas mulheres vestidas como havaianas, e elas me levam para a festa.

— Ian Vaz! — alguém grita o meu nome, e logo depois outros fazem o mesmo. Eu olho para trás, à procura de quem seja, mas sou interrompido por um segurança alto e careca.

— Por aqui, sr. Vaz — ele me afasta das pessoas.

— Boa noite, Ian — uma mulher me cumprimenta. Ela é morena e curvilínea, porém não faço ideia de quem seja! Então, sorrio e sigo em frente.

— Aonde a gente tá indo? — pergunto ao segurança, sussurrando.

— Recebi ordens do anfitrião de não deixá-lo com a multidão lá fora. Ele te espera na sala de jantar.

— Oh — eu balbucio. Caramba, não sabia que a coisa era séria assim. Talvez eu devesse ter vindo de terno?

Enfim chegamos ao que deve ser a sala de jantar. Há um lustre azul claro no teto, refletindo na sala inteira cristais coloridos. Quadros de paisagens marítimas e vasos ornamentam o lugar. A mesa de jantar é estreita e muito grande, provavelmente tem lugar para mais de vinte pessoas.

— Sr.Vaz! — um homem me cumprimenta. Ele tem uma barba por fazer e veste uma camiseta azul e uma calça social cinza. — Fico feliz que tenha vindo! Meu nome é Saulo Mendes, sou o dono do estabelecimento.

— Prazer, sr.Mendes — nós apertamos as mãos. Com um olhar de lado, percebo que todas as mulheres da sala tentam prestar atenção em mim e isso me faz querer sorrir, mas seguro a vontade para tratar de negócios. — É uma honra estar aqui, agradeço pelo convite.

— Ora, que é isso! Como eu poderia não convidá-lo? Foi meu próprio sobrinho que me indicou você! — Saulo diz. —Vinho? — uma garçonete para ao nosso lado. — É da melhor safra da Serra Gaúcha!

Quem sou eu para negar? Só preciso me lembrar de que isso aqui não é uma festa de verdade.

— Sobrinho... — eu divago, tentando encontrar a relação.

— Ele — o homem puxa um rapaz de bermuda e regata — o Marcelo!

Eu demoro um pouco para carregar a informação, e quando enfim carrego, abro a boca como se meu queixo fosse cair.

— Cara, é você! — eu o abraço. Ele ri e tira o cabelo dos olhos. — Não acredito que seu tio é um empresário!

— Pois é — Marcelo fala. — E eu não acredito que você está em São Vicente! — ele me dá um soco no braço. — Por que não me ligou?

A verdade é que eu não me lembrei do Marcelo até poucas horas atrás.

— É que eu não parei um segundo, sabe? Com as coisas da empresa e tal... Mas eu ia te ligar! — minto, observando como ele havia mudado. Mas uma coisa permanecia: o estilo. — Garoto surfista, hum?

— Claro — ele responde, com um ar ainda adolescente — o mar é o meu...

— Lar — completo. — Então você não mudou nada!

— Não posso dizer o mesmo de você, irmão. — ele me olha dos pés à cabeça, aposto que pronto para dizer uma sacanagem.

— O que? Não tô bonito, não?

— Tá igualzinho um lorde — ele caçoa.

— Agora sou o menino da Forbes, tenho que fazer jus ao prêmio — eu começo a rir quando percebo a cara dele. Marcelo é o maior gozador, não leva nada a sério. Tenho certeza de que ele nem sabe o que é Forbes. Me admira ver que alguém na família tem tino para negócios. — Então, me conta, como tem sido esses doze anos por aqui?

Marcelo respira fundo e aponta para a orla.

— Aconteceu tanta coisa...

***

Após duas horas de festa e de muita bebida, a praia começa a lotar de pessoas que certamente nem foram convidadas. Há um pequeno cercado separando o lugar onde elas festejam do restaurante, mas tudo parece estar exatamente como deveria. Há alguns papparazzi por aqui, fotografando a comemoração regada a cerveja e a mariscos. De vez em quando, Saulo vai lá fora para tirar algumas fotos com belas garotas que aparecem.

— Então quer dizer que você vai passar dezembro aqui? — Marcelo pergunta.

— Sim. Talvez até passe o reveillón na praia de Itararé, como nos velhos tempos — eu comento, feliz em lembrar. Quando éramos mais novos, costumávamos festejar o ano novo no festival de músicas que sempre acontecia no último dia do ano.

— Ótimo! Parece que esse ano o melhor camarote é da Vitta. Posso arrumar um ingresso pra você, se...

Eu faço uma careta, abrindo a boca.

— Vitta? — pergunto, angustiado. Isso seria uma traição pessoal para o Ramirez. — De jeito nenhum. Duvido que eles saibam a diferença entre parfum e eau de parfum, quem dirá entre Naiara Azevedo e Maiara e Maraísa.

Marcelo consegue fazer uma expressão pior que a minha.

— Você disse parfum?

— Eu represento uma empresa de perfumes, irmão...

— E fala parfum — ele me imita, com um sotaque ridículo que ele não tem. Eu começo a rir e o empurro. — Sem melhor camarote? O que você tem em mente?

Admito que doeu recusar aquele convite. O festival do litoral é um estouro, e as meninas são sempre as mais lindas. No melhor camarote, então? Porém, isso está totalmente fora de cogitação. Se eu vim destruir a concorrência, tenho que começar e terminar em grande estilo.

Será que os jornais já sabem escrever La Madre com duas letras maiúsculas? Porque, depois do dia 31, o melhor camarote da melhor festa terá sido da minha empresa.

A Maldição dos Homens Bonitos #CPOWWhere stories live. Discover now