A Maldição dos Homens Bonitos #CPOW

Chuck Bass embasbacado

Decidi dar uma chance pro plano ridículo do Ramirez. Acho que ele acha que eu sou como um Santo Graal da testosterona. Tá, eu meio que sou, né, mas isso funciona somente com as mulheres... Como eu posso dizer? Livres de espírito?

  Você talvez conheça a Mia. Ela, na verdade, é bem famosa. É uma loira alta de olhos esverdeados. Nem dá pra acreditar que ela é conhecida como "a santinha do business", mas ela é. Ninguém entende direito porque ela é toda certinha assim, Mia foge um pouco do estereótipo - ela é gata, mas super por fora da diversão de ser gata. Enquanto todo mundo vira a sexta em copos de tequila, Mia está em sites de bolsas de valores pesquisando as variações do mercado. Como eu sei disso? Tá tudo descrito no plano do Ramirez. Ainda bem que eu trabalho com esse cara, senão eu teria um pouco de medo de ser a concorrência dele.

  Mia não é apelido, acredita? Por que alguém daria o nome de Mia para a filha? Parece assim, uma preguiça de falar um nome maior sabe? Mariana, Mila, Maria, sei lá. Mas Mia?

  Enfim. Aqui diz que ela tem uma casa de verão... Na Jamaica. Adivinha por quê? Ela passa o verão construindo escolas para as crianças jamaicanas. Eu admito que tô me sentindo um pouco fútil agora.

  O Ramirez deve tá se divertindo com tudo isso. Ele realmente parece crer que eu sou uma espécie de Chuck Bass e que vou arrebatar o coração dela. Mas a Mia nunca namorou com ninguém, só se foi no colegial e com alguém completamente desconhecido. Ela é um exemplo, um que infelizmente ninguém consegue seguir. É que é difícil, entende? Nesse ramo dos negócios, não temos tempo para amar, por isso as festas, as ficantes, as bebidas...

  Mia, Mia, Mia. É esse o nome da minha promoção. Mia, eu preciso agarrar você com tudo o que tenho, sou e possuo. Você será minha, loucamente minha, doidamente minha. Vou te pegar no colo, levá-la até minha cama, derramar champanhe sobre você... Na verdade, melhor não. Vai que o cheque dissolve. É que a promoção vem com um prêmio de 200 mil em cheque.

  Sem champanhe.

***

  O plano é o seguinte: tenho 28 dias para destruir a Mia.

   Caramba, falando assim, parece até que vou literalmente acabar com ela. Mas não é isso. É tipo, quase. É mais assim, na área profissional, sabe?

  Tendo isto em mente, preciso viajar para o Brasil. Agora me orgulho de ter ido às aulas de idioma na época da escola. Tudo bem que eu ia mais pela professora muy guapa que pelo aprendizado, mas no fim aprendi a usufruir da minha boca para fazer outras coisas além de beber e beijar. Portanto, eu falo três línguas: espanhol, inglês e português.

  A cidade para onde vou se chama São Vicente. É uma metrópole paulista cheia de homens e de mulheres de negócios doidos para fazer grana. É o que fazemos, né? Grana. Alguns do jeito ético, outros do jeitinho... brasileiro? Engraçado falarem sobre jeitinho brasileiro. Todo latino carrega um pouco desse jeitinho. Olhe só pra mim.

  O vôo demorou mais que o esperado, então eu fiquei tenso, mas assim que desembarquei e senti aquele ar úmido de praia, sorri. Brasil. A última vez que estive aqui foi excelente. Espero que agora não seja diferente.

  Eu ainda não sei bem o que vou fazer com a Mia, ou contra a Mia. Pretendo curtir esse fim de semana e começar o trabalho na segunda. A verdade é que, quando penso no motivo de eu estar aqui, meu coração dói um pouco. Durante a noite toda fiquei pensando no que o Ramirez me disse... Será que eu realmente sou tão terrível assim? Mas não é como se eu fosse o único! Todos os caras querem diversão. Só que... às vezes, vêm no pacote uns corações partidos...

  Eu não queria ter de fazer mal a alguém para conseguir a minha promoção. Porém, você não faz ideia de como isso realmente é importante. Eu quero provar pra uma pessoa especial que eu sou sim grande. Grande como ela sempre disse que eu não seria.