Capítulo 14 - Pumped Up Kicks

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1996, Seul

Violet encarava-se no reflexo de seu espelho. A culpa tomava conta total de seu rosto, antes dela começar a caminhar de um lado para o outro. Ela sabia o que Tate queria fazer. Ela podia ter o denunciado. Podia ter evitado que tudo aquilo acontecesse! Como ela pode ser tão egoísta em colocar seu medo, acima de qualquer coisa?

Nos jornais não se falava de outra coisa. Um adolescente de 17 anos, que entrou armado na escola onde estudava. Matou 7 jovens, e feriu outros 22 e um professor. E a pior parte de tudo aquilo? Violet não o impediu.

Sabia dos planos de Tate Langdon. Mas, como qualquer outra adolescente normal, ela acreditava quele não iria fazer aquilo. E no fim, ele fez. Apenas foi detido, porque a policia deu um fim nele. Ele estava prestes a matar sua oitava vítima... Que por ironia do destino, ou não, era a própria Violet. 

Violet foi para a casa amparada por sua mãe. Chegava a ser clichê. Ao entrar na casa, ambas se depararam com Moira que estava a fazer o almoço. Despreocupada, e livre de encrencas. Violet não falou com ninguém durante o resto do dia.

Desde aquele dia, a menina não conseguia mais dormir. Conseguia tirar cochilos de, no mínimo, vinte minutos antes de acordar com o som dos gritos... Dos tiros. E a pior parte: o cheiro. O cheiro de pólvora que ficava no ar, o cheiro da pele queimada e do sangue jorrando... Ela não sabia se o cheiro era, de fato, real, ou se era sua mente querendo lhe pregar uma peça. A única coisa que ela sabia, é que queria que aquilo parasse.

Correndo até o banheiro, Violet pegou o calmante de sua mãe. Tomar algumas pílulas não iria a matar... Certo?

E foi assim. Ela começou tomando uma pílula e usando um copo para a auxiliar. Agitada e, ao mesmo tempo, desesperada, Violet começou a ingerir pílula por pílula. Ela só parou quando parou para notar quantas tinha tomado: pelo menos dez.

Arregalou os olhos, enquanto sentia o corpo ficar sonolento.

— Moira! — Tentou gritar. — Moira! — Mais uma vez... E em seguida, caiu ao chão. 

— Hoje, as 22:00, o corpo de Violet Harmon, de dezessete anos foi encontrado no banheiro de seu quarto. Violet era uma sobrevivente do massacre que ocorreu na escola de Seul. Seu namorado, Tate Langdon, foi o autor do massacre. Violet seria mais uma das vítimas mortas por Tate, se não fosse pela polícia. — Falava uma repórter local, diretamente da frente da casa de Violet. Uma maca levava o corpo desfalecido da loira, coberto por um lençol. Atrás da maca, Vivien gritava por Violet. Não tinha mais o que fazer, mas mesmo assim, uma mãe não abandonava sua filha... Mesmo que esta estivesse morta. — Violet foi encontrada pela empregada, Moira. Não se sabe com certeza qual foi a causa da morte, mas, acreditasse que Violet teve uma overdose de calmantes. 

Enquanto toda aquela cena se passava na frente de sua casa, Violet observava da janela de seu quarto. Ela estava assustada. Com medo. E, felizmente, não estava sozinha. Era amparada por Moira, que a abraçava.

— Por que fez isso, Violet? Por que, logo nesta casa? Agora você vai estar condenada a ela, assim como eu! — Moira chorou. A empregada, de um olho fantasmagórico, chorou. 

— Eu não... Eu não queria, Moira! — Chorou, contra o peito da empregada. 

— VIOLET! POR QUE?! — Gritava Vivien, do gramado da casa. Ela estava ajoelhada sobre o chão, com a mão sobre o rosto enquanto era abraçada pelas vizinhas.

Enquanto Vivien chorava com os vivos, e Violet se desesperava no mundo dos mortos.

Seul, 2019

COVENWhere stories live. Discover now