07 | c l o c k

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"O amanhã vem e vai antes de você saber
Então eu só preciso que você saiba
Juro por Deus, você é bela (sim)"
Beautiful, Bazzi.

"O amanhã vem e vai antes de você saberEntão eu só preciso que você saibaJuro por Deus, você é bela (sim)"— Beautiful, Bazzi

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Clock.

Seis e trinta e dois.

Clock.

Seis e trinta e três.

Clock.

Seis e...

Já chega! — me levanto da cama, indo do quarto até a cozinha.

Encho a chaleira com água, ligando o fogão e colocando-a para esquentar. Bryan comprou uma cafeteira elétrica há algumas semanas, mas para mim o café feito da maneira tradicional é infimamente melhor.

Até tentei comprar os grãos para moer manualmente um dia, porém fui  impedido pelo mesmo loiro que me olha do sofá agora, tirando os óculos de leitura e deixando um livro de lado para me observar melhor.

— Qual o seu problema? — Ele indaga, franzindo as sobrancelhas em minha direção. — Você não consegue parar quieto.

Eu odeio esperar.

Já fui muito bom nisso. Tive paciência por muitos anos. Mas depois de passar anos em um orfanato, esperando para ir para casa, para ter uma casa, a palrava "esperar" e seu sentido literal se tornaram grandes inimigas para mim.

Sempre que se espera demais, seja de algo ou, principalmente, de alguém, a decepção é inevitável.

É por isso que fico ansioso, me preparando para o momento em que algo dará muito errado. Em que algo irá me tirar dos trilhos outra vez. Porque isso vai acontecer. Sempre acontece.

Não é nada — balanço os ombros, desligando o fogo quando a chaleira solta um apito agudo, expulsando a fumaça.

— É claro que é alguma coisa — Bryan argumenta, levantando-se do sofá para se sentar na bancada. Seus olhos analíticos nunca me abandonam. — O que pegando?

— Vou ir no apê de uma colega para ensaiar a peça que vamos apresentar — conto. — Viu? Nada demais.

— Alguma coisa é — ele intervém. — Você não sossegou um minuto sequer.

— Estou indo ensaiar uma peça — falo, terminando de coar o café —, uma coisa que nunca fiz antes. Estou nervoso, só isso.

Hmm — o loiro murmura, prolongado-se o máximo possível, e depois estala a língua. Quando me viro em sua direção, me deparo com um sorriso zombeteiro enorme. — Agora me conta — ele continua —, que colega é essa que está te tirando a paz, Hughes? A mesma que te deu um fora no outro dia?

Two Souls Where stories live. Discover now