4- Mia

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Quando me mudei para Chicago — a famosa cidade dos ventos — passei um longo tempo tentando encontrar o que eu tinha em Evanston, minha cidade natal. Me considerava uma criatura adaptável, nunca tive dias constantes — julgando pela minha profissão —, mas eu posterguei, o máximo que pude, o pensamento de que tudo tinha mudado. Eu não tinha ali, no lugar que escolhi ser meu novo lar, as coisas que eu estava acostumada.

Meu reencontro com Christian fora inusitado, na época, eu não o via há uns cinco anos. Nós conhecemos através de Matthew, que conheci salvando de um atropelamento. Matthew e eu namoramos por um tempo e Chris era uma figura presente. Nós éramos três, os mosqueteiros, parceiros de crime, uma família. Depois do término acabamos nos dividindo.

— Então, você tem que pôr bastante água na hora de cozinhar — explicou a sra. Maccabee — E assim, o ensopado fica no ponto certo.

Tagarelava sobre receitas, enquanto eu empurrava sua cadeira de rodas na direção dos elevadores. Ela trabalhava comigo no laboratório de ciências forense do estado de Illinois, era química e absurdamente competente. Foi a primeira pessoa com quem fiz amizade no trabalho e eu a adorava. Tinha por volta dos trinta e oito anos, havia perdido os movimentos das pernas num acidente de carro.

— Eu já te disse que eu odeio cozinhar — relembrei.

— Não importa, você tem que saber cozinhar. Se acontecer um terremoto não dá para pedir um delivery — entornou divertida, dei uma risadinha.

— Tá, tá! Vamos parar de ser tão fatalistas — reclamei.

— Ha, ha. Você trabalha cavucando cadáveres, boneca — ela nunca deixava que eu tivesse a última palavra.

— Faço isso, porque não nasci com essa sua mente química brilhante.

Ela riu e o som da sua risada sempre inspirava a minha. Annabelle Maccabee tinha os cabelos castanhos lisos e cortados no estilo long bob — as mechas de trás eram curtas e as da frente maiores e pontudas —, seus olhos eram verdes-musgo e sempre se vestia com roupas retrô. Hoje escolheu um vestido slip xadrez azul, camiseta branca por baixo, seus mocassins marrom-escuro dava uma ar mais moderno ao look.

A levei para fora do prédio, apesar de não ser necessário com aquelas cadeiras de rodas elétricas, super modernas e práticas, entretanto, eu sabia que ela tinha dificuldade em se estabelecer dentro do carro sozinha. Nos despedimos no estacionamento e eu fui para casa. Estava morrendo de fome. Talvez saísse para comer pizza com Chloe, ou comida tailandesa e comeríamos vendo alguma série na netflix.

"Indo para Lou, nos vemos amanhã — Chloe"

Ela mandou uma mensagem frustrando meus planos, mas tudo bem, eu não me importava em ficar sozinha em casa para variar.

"Acho que Garrett vai pra casa — Chloe"

Avisou em seguida e eu, definitivamente, preferia encerrar a noite nos braços do meu gostosão. Aquilo me deixou animada, talvez fosse aquela semana corrida que tivemos e o fato de não transar há um tempão, ou isso era só minha líbido falando mais alto do que meus sentimentos. Não queria pensar, aquilo só atrapalha as coisas e o que temos era perfeito para mim.

 Não queria pensar, aquilo só atrapalha as coisas e o que temos era perfeito para mim

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