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T R Ê S: Nascemos para ser selvagens

Dispare todas as suas armas ao mesmo tempo

E exploda espaço afora

Como um verdadeiro filho da natureza

Nós nascemos, nascemos para ser selvagens

Podemos escalar tão alto

Eu nunca quero morrer

Nascido para ser selvagem

Born To Be Wild - Steppenwolf

DIA 3

D E C L A N S T E P H E N S

Já passava da meia-noite quando voltamos para o chalé sem nenhum sinal de Hillary.

E como se isso já não fosse dor de cabeça suficiente, Vincent, que havia se separado de mim, Christine, Scott e Trent na trilha, não estava aqui quando voltamos. E segundo Mark e Megan, ele sequer chegou a retornar ao chalé.

Ligamos para a guarda florestal. Quando falei com oficial, o cara sequer me deu atenção, disse que todas as unidades mais próximas estavam concentradas nas queimadas criminosas ocorrendo na reserva vizinha, e ainda frisou que o recomendado era que aguardássemos no mínimo 24 horas antes de notificar o boletim de desaparecimento. Scott ficou tão puto quando eu repeti a informação que o guarda havia me passado, que arrancou o telefone da minha mão e xingou o oficial de todos os nomes possíveis, exigindo que ele fizesse o maldito boletim, e no fim, o guarda desligou na cara dele e não atendeu as próximas ligações.

São uma da manhã e eu estou um caco, minhas pernas e pés doem de tanto caminhar, minhas pálpebras pesam de sono, mas eu não posso dormir agora, não enquanto Hillary ainda está lá fora. Observo a noite na clareira plantado em frente a janela do quarto, na esperança de que daqui de cima eu consiga ver minha irmã surgir por entre as árvores a qualquer momento.

É desesperador não fazer a menor ideia de onde ela está ou do que pode ter acontecido. E tão desesperador quanto, é imaginar como diabos eu vou dizer aos meus pais que Hillary sumiu.

Saio do quarto e desço a escada. Scott está sentado na poltrona da sala, os cotovelos apoiados nos joelhos e mãos unidas, seu olhar está vidrado no vazio e um vinco preocupado marca sua testa. Através da janela, vejo que Trent está na varanda, observando atentamente o entorno do chalé, provavelmente esperando que tanto Hil quanto Vincent apareçam.

Arrasto meu corpo dolorido e cansado em direção à cozinha, sentindo todo o estrago que as horas de busca na mata e uma noite em claro me renderam. Esfrego as pálpebras, tentando afastar o sono, e levo um susto ao encontrar Christine na bancada da cozinha.

— Pensei que tivesse ido dormir. — ela comenta. Seu cenho está franzido de preocupação enquanto suas mãos envolvem uma caneca de chá.

— Não vou dormir antes da Hillary voltar. — falo derrotado.

Seguindo o cheiro de café fresco, encontro o bule sobre a bancada da pia. Talvez eu devesse beber um pouco, a cafeína me ajudaria a afastar o sono.

— Mais tarde podemos ligar novamente para a guarda florestal. — Christine volta a discorrer.

Suspiro exausto e assinto.

— Você deveria aproveitar esse meio tempo para descansar um pouco. — ela prossegue, parece preocupada. — Pelo menos coma alguma coisa, nenhum de nós jantou desde que chegamos das trilhas. Infelizmente, sem a guarda florestal, não há muito o que fazermos agora. Só aguardar.