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U M: Estrada para o inferno

Um bilhete para a temporada, numa viagem só de ida

Sem pedir nada, me deixe em paz

Pegando tudo em meu caminho

Não preciso de razão, não preciso de rima

Não tem nada que eu prefira fazer

Descendo, hora da festa

Meus amigos vão estar lá também

Estou na estrada para o inferno

Na estrada para o inferno

Highway To Hell - Ac/Dc

DIA 1

D E C L A N S T E P H E N S

Olho pela janela do carro mais uma vez, observando a paisagem verde e monótona que corre rapidamente diante dos meus olhos. Com os fones plugados em meus ouvidos no último volume, sequer sou capaz de escutar o que está acontecendo. E sinceramente, eu prefiro assim.

Eu nem queria estar aqui, seguindo em direção a essa maldita estrada de terra cercada por mato e árvores. Mas agora parece tarde demais para voltar atrás, e abrir a porta do carro para saltar do veículo em movimento também não parece a melhor das ideias. Por isso, tudo que faço é continuar escutando a música que explode nos meus fones de ouvido, batucar meus dedos sobre as pernas no ritmo da batida e continuar com meu corpo afundado no banco traseiro.

De relance, consigo ver o Opala vermelho de Trent Hopper passar à nossa frente na estrada. Ele está levando o restante do pessoal que não coube apenas no carro de Scott. E falando em Scott, mesmo com meus fones explodindo Daydream Believer em meus tímpanos, consigo notar que ele está dizendo algo. Tiro apenas um dos fones e sou capaz de escutá-lo dizer aos outros:

— Parece que é aqui.

Coloco meu rosto para fora da janela para enxergar melhor o lugar. Ao que parece, já nos infiltramos na clareira Norwood, que fica exatamente centralizada na floresta mais densa da cidade de Rising River. O chalé da família Hopper, onde vou passar os próximos sete dias desse spring break, está a apenas alguns metros à frente.

Assim que o carro para, volto meu corpo para o assento, respirando fundo e buscando por qualquer tipo de força interior e encorajamento.

É oficial, o inferno vai começar.

Assisto Scott e Hillary saírem do carro, e logo em seguida, Mark. O carro de Trent também parou e consigo ver ele, Vincent e as garotas saírem do veículo para pegarem as bagagens no porta-malas. Puxo minha mochila e passo sua alça sobre um dos ombros. Salto para fora do veículo, e no exato momento que o faço sinto algo se enroscar em meus pés e me desequilibrar, jogando meu corpo para frente e me fazendo cair de cara no chão de terra.

— Vamos logo, Pequeno Dick. Não temos o dia todo pra te esperar sair do carro. — Escuto a voz desprezível e zombeteira de Scott Waddell, o cara que acabou de colocar o pé na minha frente para me fazer tropeçar.

Todos estão olhando para mim enquanto ainda estou ridiculamente estatelado no chão, mas ninguém parece ter notado que foi Scott quem me fez cair.

Rapidamente começo a me recompor, e ainda abaixado vejo Mark estender sua mão para me ajudar. Aceito a ajuda do meu amigo e me ponho de pé, batendo as mãos nas roupas para me livrar da terra. Enquanto isso, o babaca que me derrubou se afasta de nós, adiantando-se em ajudar minha irmã com as malas.