Estou arrumando o quanto eu posso para ele não se assustar pela bagunça. Não que ele se importe. Quem se importa sou só eu... E muito!
Faz tantos dias. Nem quero pensar quantos são. Mas são muitos e isso me deixa agoniado...
Finalmente ele chega!
Atendo a porta.
- Olá. Boa noite. Posso entrar?
Ele cumprimenta de forma automática. Dou passagem.
- Seja bem vindo de volta, Mestre.
Faço wai para descontrair. Ele usa roupa que trocou na casa dele. Antes estávamos no set.
-Era isso ou cansar de tanto te ouvir pedir.
- Desculpa não te esperar da forma que disse que esperaria. Mas se quiser...
Brinco prestes a tirar a minha blusa.
- Não é necessário.
Ele levanta a mão para indicar para eu parar. - Onde é teu quarto?
Eu sorrio e tento abraçar as costas dele. Para guiá-lo.
- Eu mesmo encontro.
Ele esquiva e some pelos corredores. Encontrando rapidamente.
Avalia meu quarto. O que ele está procurando?
- Bem bacana. Mínima... Como você chama?
- Minimalista.
- Issae. Sem muitos detalhes, as visitas só prestam atenção no que interessa. Em você, no caso 55555
Por que sinto que ele ri mas não por estar achando o próprio comentário engraçado?
-E você também, certo? O importante é prestar atenção na pessoa da vez para não confundi-la com a da vez anterior 5555
Ok! Ele de fato está com o sarcasmo ativado. Eu deveria ter desconfiado pela cara de maníaco.
-Eu já disse que não sou de trazer ninguém aqui.
-Ooooh... Chai chai... Só eu e... Ai Saint tivemos a "honra" 55555
-Devo perguntar o que você pretende comentando isso?
Eu pergunto, mas já estou arrependido de ter perguntado.
-Acho que ninguém aqui seria capaz de negar isso, não é mesmo? Seria "too much", como você costuma falar. Negar que você trazia ele aqui. Se foi ele quem sugeriu o restaurante ao lado.
-Você e Nong Perth devem ter conversado bastante a respeito, certo?
Sem perceber, estou usando o mesmo tom sarcástico irritante. QUE DIABOS?!!!
-É o que amigos fazem. Chame de fofoca ou do que quiser. Amigos conversam e amantes trazem amantes para casa. A matemática é simples.
-Também é simples entender que isso parou de acontecer. Eu não o trago mais.
-Pois eu sou o FF da vez? Certo?
Parte de mim sabe que eu deveria responder que sim, ele é foda fixa da temporada. Mas isso não vai soar da forma que deveria. Nada sobre ele é um cálculo simples. Quando ele me induz a ser simples e direto, se torna um campo minado de dúbia interpretação.
Respiro fundo e:
-Não é desse jeito. Você sabe que não é...
- Então estou imaginando errado? Você não apresentou seu apartamento para metade do departamento masculino do país?
-Você me enxerga com potencial para tanto? 5555
Uma tentativa insana de descontrair. Ele não está nem aí. Olha pros lados. O assento! A bendita poltrona cor creme.
-Quem diria? Você trouxe da casa dos seus pais. Muitas memórias, certo?
"Certo" está se tornando a palavra de ordem. O código de ética para eu NÃO concordar, ou serei fuzilado.
-Brincou de Star Wars com eles aqui também? Com ele?
-Não.
Digo
-Como "não"? Que desperdício...oh...
-Onde você quer chegar com isso?
-Se você não mentisse tanto, já teria acabado.
-E se eu falar a verdade, você vai embora.
-Se você omitir a verdade, estará confirmando. E isso não me "protege" de porra nenhuma.
-Não estou tentando te proteger. Você é bem mais forte do que parece. E sim, essa poltrona é muito útil para coisas assim. Por que você ainda me pergunta se sabe a resposta?
Ele agora está passando a mão na cabeceira da poltrona.
-Me mostre.
Fala após um longo silêncio onde eu não sabia se ele estava me ignorando ou apenas analisando. Ou as duas coisas.
-O quê?!
-Como vocês faziam? Aqui! Onde eu brinquei contigo. Sei que vocês faziam coisa bem mais divertida e eu quero saber. Vocês começavam aqui e finalizavam na cama? Ou ficavam aqui mesmo? Como vocês gostavam?
Eu estou tonto com tantas perguntas. Não adianta nada negar respostas. Estou mais embolado que gato na lã.
Então decido agir tão bruscamente que não sei de onde o impulso veio. Sento na poltrona e puxo Plan para sentar no meu colo, de costas para mim.
-Assim.
Ele fica rijo no meu colo. Prefiro pensar que é susto. Mas sei que é ódio. Ele está odiando saber que eu fazia isso com a outra pessoa.
-Funcionava?
Ele quer saber. Percebo que talvez ele não tenha tanta experiência. Espero que seja apenas curiosidade funcional.
-Escapa às vezes. Quando a pessoa em cima não consegue enxergar enquanto... enquanto...
- Cavalga em ti?
- Sim. Exato.
- E por isso vocês não finalizam aqui? Você preferia comer ele na sua cama.
- Aqui é só provocação. Mas manter o foco aqui é impossível...
-Vocês estão sempre com pressa.
- Estávamos!
-Oh, sim! Pretérito rs
-Pretérito. Agora quero fazer com você aqui. Podemos começar como fazíamos antes e depois da forma como você preferir. Temos bastante tempo.
-Sei que vocês deviam testar todo kama sutra. Então não sobrou nada pra gente brincar.
Ele fala com voz manhosa.
Em breve essa voz se tornará maligna.
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