33. MONALISA

174 21 2
                                    

A sala de estar é acolhedora

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

A sala de estar é acolhedora.

Mean senta no sofá esperando pelo anfitrião. Seu corpo cansado, sua mente contendo bilhões de galáxias em pensamentos desconexos. Ele não sabe, mas logo seu raciocínio peregrino não tem mais ligação com o racional. Mean mergulha em seu subconsciente.

Plan Rathavit, após sair do banheiro, onde havia entrado para escovar os dentes e, principalmente, fugir, encontra o visitante e agora viajante dos sonhos, Mean Phiravich. Ele o observa por instantes torturantes.

Decidindo que é mais sensato almoçar e saciar sua fome canina de outra forma. Pois acordar o outro e fazê-lo de equino está fora de cogitação. Cada um sabe o perigo que corre e o intestino que carrega.

Plan esquenta uma "bela" refeição saída da caixa de congelados e come devagar. Pensando na absurda ideia de fazer limpeza e aproveitar o resto da tarde na companhia do colega de trabalho. Ideia essa que lhe parece humilhante, porém, extremamente útil.

"A de ontem já foi tão invasiva. Tive tanto medo de sobrar algo. De ser surpreendido. Fazer o mesmo hoje com ele por perto?

E se ele entrar no quarto e perceber algo estranho no ar?

Ele é tão desconfiado.

Se eu trancar a porta, aí sim, ele terá certeza. Ela já me viu todo arregaçado. Se eu me esconder, ele simplesmente saberá. Phiravich é um audaz filho da puta. Sua mente gira 360"

Plan sente um arrepio de imaginar. O outro poderia perceber. O outro saberia que ele, Rathavit, estaria se preparando. Se limpando para ele, Phiravich.

A última coisa que o mundo verá será alguém se sujeitando a alguém.

Plan não sabe como agir perante às próprias vontades. É incômodo pensar em quem as desperta. E na saudade que ele ainda lembra como era sentir...

Sentindo-se satisfeito com poucas garfadas, ele descarta todo o resto na lixeira.

"O que é isso agora? Eu perdi a fome?"

Ele balança a cabeça afastando a ideia. Então começa a lavar a louça: prato, recipiente e talheres.

"Seria legal ter um cachorro. Queria ter tempo para cuidar de um"

(...)

Volta à sala. Alguém ainda está abatido. Alguém entende o quanto exigiu do outro.

"Como ele já acordou querendo mais se estava exausto desse jeito?

Já dormiu três horas aqui. Vai ficar todo ferrado da coluna dormindo assim nessa posição"

Pensar em posições

lembra Plan Rathavit sobre algumas outras testadas em rodadas alternadas durante a madrugada com a pessoa ali deitada, de mal jeito.

O efeito imediato é fazê-lo praguejar em pensamento:

"Não é porque ele te chamou de ninfomaníaco que você seja um! Você não precisa ser tudo que ele pensa de você. Você só precisa dele para..."

Como se sentisse o cheiro dos pensamentos alheios, Mean acorda e se arruma no sofá.

- O quê? Ai... Que horas são?

Pergunta sentindo dor nas costas.

- Já passou das 14.

- O QUÊ? Por que você não me acordou?

- Desculpe. Tinha algum compromisso? Deveria ter marcado alarme ou me avisado.

- Não tem nada. Tirei o dia de tudo.

Mean cruza os braços sobre o próprio corpo sentindo frio.

- ...Quero dizer. Tirei o dia para ficar à sua disposição. Como um Rei.

Plan não entende a dualidade da frase.

"Ele disse que eu sou como um rei ou ele é?"

Plan levanta para resistir à nova tentação naquela sala: a de tirar a dúvida.

- Vamos. Venha almoçar.

Mean Phiravich o segue sem comentar nada. Ele está faminto. E mesmo se não estivesse, teria seguido. Teria seguido em qualquer lugar sob qualquer circunstância.

Enquanto Plan esquenta a refeição:

- Tem escova de dentes fechada? Vou precisar.

Mean pergunta tapando um largo bocejo.

- Segunda gaveta à direita.

Plan responde sem desviar os olhos de suas vasilhas que arruma.

O outro agradece. Sai e volta quando está tudo posto.

- Eu já almocei. Fique à vontade.

Plan fala em direção à porta.

Mas antes de sair.

- Mas não muito.

Sibila entre dentes num sorriso à Monalisa. Deixando na cozinha alguém consternado de satisfação, que agradeceria se a ele fossem oferecidas até mesmo pedras como refeição, desde que elas fossem postas por aquele outro certo alguém. 

(W.EngVer)MYIO: Era LBCWhere stories live. Discover now