— Você parou o cafuné no meu cabelo. — O bico nos lábios dele me fazia sorrir levemente.

— Você sempre dorme quando faço carinho no seu cabelo. — Respondi divertido. — E já que estava lendo, achei que você pelo menos devia passar da metade do livro sem dormir. — Dei de ombros.

— Você é muito mimado, Luke. — Lilly terminava de limpar o esmalte rosa dos dedos dos pés do irmão que bufava com as suas palavras. — Michael te mima como um princesa, Calum e Ashton te tratam como o melhor genro do mundo. E quanto a mim?

— O Luke é o melhor genro do mundo, pirralha. — Calum responde ainda olhando para o telefone, roendo um pouco as unhas do polegar e indicador. — E nós também te amamos.

A menina revirou os olhos. Claro que ela sabia que era somente provocações as palavras de Cal, mas ela também gostava de fazer drama. Talvez ela seja mais parecida com o irmão do que eu pensava. Então, alguma coisa rondou sua mente e ela sentou-se ao meu lado. A cabeça em meu ombro e puxando levemente os cachos do irmão mais velho.

— Mike? — Sua voz era baixa.

— Sim?

— Você pensa em ser pai?

E naquele momento, todos a nossa volta pararam tudo que faziam e ficaram olhando para nós dois.

Estávamos no quintal de casa, Calum e Ashton deitados embaixo do pessegueiro mais a esquerda, e Luke, Lilly e eu mais perto do jardim que minha mãe cultivava , mas hoje era todo de cuidados do Ashton.

A verdade era que eu não pensava nisso antes, em ser pai, em viver, em lidar com pessoas. Eu sequer pensava em futuro. Então veio o acidente e eu só pensava em morrer e que fosse logo para evitar mais dor do que eu sentia. Assim que Luke entrou na minha vida, eu só pensava em que eu não sabia de mais nada do que eu estava fazendo.

Era difícil falar sobre algo assim com todos te encarando. Eu sabia a resposta e o que dizer, mas não conseguia lidar com seis olhos além dos da Lilly em mim.

— Depende. Quer que eu seja seu pai? — Disse em tom de brincadeira. Claro que no fundo, se ela disser que sim, eu ia ficar muito feliz.

— Eu quero. — Lilly dizia calma. Era como se ela já aceitasse esse fato, como se esperasse que eu também notasse isso.

O que deixou o seu irmão em um nível leve de ansiedade no meu colo.

— Lilly, ele só estava brincando. — Era evidente o medo nos olhos de Luke.

Claro que eu fui pego de surpresa com a calma que a menina me respondeu, mas não acho que as pessoas no recinto deviam estar tão assustadas. Não era como se não fizesse parte de sua vida e da do irmão, então era normal essa pergunta surgir. Bom, eu acho.

— Mike você está mesmo... ? — Ashton tentou dizer.

— Você sabe que eu sendo seu pai, o Luke não é mais só seu irmão, mas também pai. E Calum e Ashton seus avós. — Minha voz era normal e calma, talvez eu seja o único que realmente esteja agindo assim. — Realmente quer avós tarados como eles?

A menina acabou sorrindo e eu ri junto. Todos os outros ainda tentavam raciocinar o que aquilo significava, eu simplesmente só estava vivendo o agora, ficando feliz com o que Lilly dissera. Nunca pensei que alguém na vida confiaria em mim pra alguma coisa, e ela disse que eu poderia ser seu pai.

Certo, não sei até quando ela vai querer isso, mas para quem nem mesmo cogitava sair de casa, isso tudo está sendo um grande avanço.

— Se eu estou sobrevivendo até hoje sem nenhum trauma aparente, acho que posso sobreviver com eles sendo meus avós. — Lilly deu de ombros. — E o Luke sempre foi meu pai, acho que não mudaria nada, Mike. Só que eu acho que Clifford combina mais com meu nome do que Hemmings.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now