— Não se incomode. Tô meio cansada de odiar ela. Fica meio chato quando ela não ataca.

Fazia sentido. Em algum momento nas últimas semanas, Ashley e Mina pararam de atormentar uma a outra. Talvez porque Ashley tivesse agora preocupações muito mais importantes do que a ex-namorada que seguiu em frente. E Mina apenas jogava o mesmo jogo.

— Ok... - murmurei, ainda um pouco desconfiada.

— Precisa de ajuda? - perguntou, mudando de assunto e encarando a tela do meu notebook.

— Só estou atualizando a página do nosso evento com o vídeo novo.

— Sobre o quê? Não vi ainda. Nem vou ver, para ser sincera. - riu rapidamente. - Eu tenho limites.

— É só uma convocação geral, um convite para a nossa manifestação. Não precisa ver, desde que esteja lá.

— É claro que vou estar! Sabe que eu adoro uma bagunça.

Engoli em seco, me esforçando para ignorar o fato dela ter chamado o dia que eu estava me matando para organizar de bagunça. Para manter uma amizade saudável e duradoura com a Mina, era necessário compreender que as palavras dela nunca deveriam ser levadas totalmente ao pé da letra. Além disso, eu tinha outras preocupações.


Eu sou uma pilha de nervos. Uma grande, gorda e alta pilha de nervos. E Jessica Corinne está apenas perdida no meio dela.

Soava dramático, extremamente exagerado, mas era exatamente assim que eu me sentia: perdida no meio de dezenas de tarefas das quais eu deveria cuidar e, no momento, cercada por centenas de pessoas que tornavam a minha missão muito mais difícil.

Senti um par de mãos quentes pousarem suavemente nos meus ombros e, em seguida, a respiração de Thomas - mais calma do que qualquer célula do meu corpo - em meu ouvido, chegando por trás de mim.

— Você precisa se acalmar. - sussurrou.

Eu concordava. No entanto, estávamos fazendo algo que envolvia tantas coisas, tantas pessoas, que eu havia perdido completamente a minha capacidade de respirar tranquilamente nos últimos dias.

— Eu sei. - murmurei.

— Olhe ao redor. Tá tudo acontecendo e eu diria que indo muito bem. Você já pode relaxar. Não precisa pegar o peso desse evento todo para você quando tem uma casa inteira também responsável por isso.

Sabia que ele tinha razão. À minha volta, centenas de garotas e alguns rapazes se reuniam em prol de um bem gigantesco. No carro de som que eu havia negociado alguns dias antes, algumas delas, em sua maioria kappas, se organizavam a fim de animar o pessoal. E o melhor: nas janelas da reitoria, lugar especialmente escolhido para sediar o nosso primeiro ato, já víamos algumas carinhas curiosas nos espionando.

Tudo ia bem, pacífico, animado e parecia que nada no mundo poderia entrar em nosso caminho no momento. Exceto por aquela angústia e medo de que algo aleatório acontecesse e tudo desse errado a partir daí.

Às vezes, eu sentia falta da Jess do ensino médio. Talvez até da Jess de alguns meses atrás, aquela que se jogava de cabeça nas piores ideias e acreditava fielmente que tudo daria certo no final. Acreditava tanto que, mesmo quando não dava tanto assim, ela achava razões para crer que valeu a pena.

Eu tinha certeza que ela estava ali em algum lugar, porém amedrontada pelo quão séria era aquela situação perto de todo o resto.

— Jess, volta para a terra. - Thomas me chamou, estalando os dedos na frente do meu rosto.

VERSUSWhere stories live. Discover now