3. Aqueles olhos intensos

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Quinta-feira


Alexander

Chego em casa exausto. Tiro o casaco e penduro no corredor de entrada. O apartamento cheira a lavanda. E aquela sensação de limpeza é reconfortante.


Finalmente, consigo me livrar das ações da New Tech. Aposto que na próxima semana, no mais tardar, em 15 dias, estoura a notícia da situação de insolvência da empresa. Mas mus clientes estão a salvo, como eu também que tinha ações dela.


Sigo para o quarto e não vejo Becca. Fecho os olhos. Só então me recordo que ela tinha dito que iria em algum bar com os colegas de trabalho. Eu deveria ter feito o mesmo e saído com Andrew, que vivia na noite, sempre que possível.


Tomo meu banho.


Ao me enxugar, observo ao redor. Tudo organizado, como no dia anterior. Dona Ana Júlia, a pessoa que Becca contratou para cuidar da casa, estava fazendo um excelente serviço.


Saio do banho visto meu pijama e vou verificar à cozinha. Então, me deparo com um prato coberto sobre a bancada. Levanto o abafador e vejo uma pequena e convidativa torta de chocolate, enfeitada com morangos. Eu não recordo qual a última vez que tive aquela sensação de ter um bolo feito em casa ao meu alcance, após uma jornada de trabalho. Acho que só quando vivia com meus pais.


Sorrio num contentamento estranho.


Tiro um pedaço da guloseima. Provo. Simplesmente, deliciosa. Abro a geladeira e havia lá dois sanduíches prontos e uma jarra de suco.


Preciso muito conhecer dona Ana Julia, ela deve ser uma senhora adorável. Na noite anterior, ela havia feito uma salada com frango, ornamentada com folhinhas de hortelã e uvas. Uma delicadeza. E hoje saí tão cedo que nem entrei na cozinha.


Sexta-feira


Anaju

"Deus me dê forças". Mentalizo com fé. Preciso acordar às 4h30 da manhã para não correr riscos de me atrasar para o trabalho na casa dos Reed. Só o Criador sabe o como é difícil largar o travesseiro naquela hora. Ainda mais quando o sol aparece já estou chegando na casa dos Reed. Sem contar que os dias começavam a ficar frios. Quer dizer, não para os americanos, mas para mim, uma reles mortal de alma e corpo fincados entre os trópicos.


Entro devagar no apartamento e sigo para a cozinha. Vou até o depósito, deixo minha bolsa e começo a trocar de roupa. Sim, no depósito. Exigência de dona Rebecca.


— Não é necessário deixar suas roupas no banheiro do apartamento. Use depósito da cozinha... O banheiro é só em caso de necessidade – disse a jararaca no dia anterior.


Visto a farda. Um vestidinho cinza, com um avental branco, calço o tênis branco que está me dando calo e prendo os cabelos num coque com redinha. O depósito é apertado e a lâmpada, fraca.


— Nada de maquiagem, Ana Julia – ela também havia exigido.


RENDIDO aos Teus Pés (Degustação)Where stories live. Discover now