Primeiro Encontro, por @lxleandro

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— Pode me chamar da maneira que preferir — fala ele, pondo-se defronte a mim.

Eu molho os lábios com água e limão, a segunda desde que cheguei. Preferia estar bebendo cerveja, mas preciso passar uma boa impressão. Ficar bêbada na frente dele seria um mico, ou na frente de qualquer pessoa. Nunca fiz isso.

— A Gi me falou muito bem de você — proferiu ele levantando o dedo para o garçom. — Veterinária né?

— Sim — respondo. — Sempre fui apaixonada por animais. E você?

— Alergia a gatos e os cachorros geralmente me odeiam.

Menos dois, marca o placar. Deveria ter dito que fiz veterinária só pelo dinheiro ou pelo mercado em expansão. Sabe, as pessoas estão deixando de ir ao médico pra levar seus animais ao veterinário ou fazer aniversários caninos.

— Mas eu não tenho nenhum — digo rápido. — Vejo tantos na clínica que quando chego em casa só quero ficar sozinha.

— Legal. Eu também tenho momentos assim.

— E o que você faz?

— Sou psicólogo — responde ele.

Um silêncio na mesa, até o garçom finalmente enxergar aqueles dedos e vir em nossa direção. Ele pede cerveja e nós escolhemos os aperitivos. Ele escolhe na verdade, já que estou inclinada a comer qualquer coisa.

— Me fala um pouco mais de você, apesar que sei quase tudo — diz Maurício, depositando as mãos na mesa quadrada de madeira. — A Gi me contou tudo.

— Coisas boas né — entoo curiosa. Vou matar minha melhor amiga.

— Ótimas!

— Bom, não sou muito de falar sobre mim, entende. Mas posso tentar — digo, ficando com as bochechas quentes. — Sou veterinária. Amo o que faço. Sou uma boa filha, estudiosa e ótima na cozinha.

— Está contratada — brinca ele, pelo menos é o que eu acho. — Sério, Jaque, me fale sobre você. O seu íntimo.

Franzo o cenho, completamente, surpresa. Falar sobre mim. Sobre o meu íntimo. Tipo, higiene pessoal? Não posso falar que lavo calcinha no banho por gostar mais do odor do shampoo do que do amaciante. Isso é estranho, eu sei, mas ajuda contra a irritação da pele.

— Hãn, aí você me pegou.

— Você não se conhece? — brinca ele de novo, e só percebo isso por causa do seus lábios puxados no canto de sua boca. Uma linha fina, que forma covinha na bochecha.

— Claro que me conheço. É que, como te disse, não sou muito de falar sobre mim.

— Posso te ajudar. Como gosta do seu café?

Uma pergunta estranha, que hesito em responder. O que será que ele quer ouvir?

— Puro, sem açúcar — arrisco, melhor do que dizer que não gosto de café, preferindo leite com achocolatado.

— Eu gosto do meu com açúcar, ou só leite com achocolatado mesmo.

Uma batida forte no meu coração. Eu deveria ter dito a verdade, isso geraria uma sintonia. Nós dois tendo algo em comum. Posso voltar atrás, mas isso soaria como se eu estivesse tentando forçar uma barra "que é gostar de você, iê, Didididiê!" ... Droga! Meu pensamento se funde com a música.

— Gosta de pagode? — pergunta ele.

Tá, qual deve ser minha resposta. Foi ele quem marcou o lugar que é conhecido pelo som bem brasileiro, então minha resposta é óbvia.

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⏰ Last updated: Oct 01, 2019 ⏰

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Os Quatro AmoresWhere stories live. Discover now