Yes to Heaven, por @tempestfay

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Imogen Blackwell encontrava-se em um dilema toda vez que se perguntava o que exatamente havia entre ela e Naya Larkin.

Haviam se conhecido há alguns meses, mas era inevitável a óbvia química e tensão sexual entre as duas.

Além disso, havia uma conexão inexplicável em relação ao modo com uma sempre compreendia a outra e estava lá para oferecer um ombro amigo quando necessário.

Muitos julgariam a relação das duas como uma simples amizade colorida.
Para Blackwell, era muito mais do que apenas isso. Sua conexão com a garota de cabelos negros, pele bronzeada e olhos cor-de-avelã era muito maior que aquilo. Às vezes, sentia como se palavras não fossem suficientes para descrever como se sentia em relação a outra.

Dois anos mais jovem, Imogen havia conhecido Naya em um bar durante uma noite chuvosa após ter sido demitida.

Imogen estava de mau-humor e determinada a apenas esquecer o recente acontecimento.

Naya, por outro lado, surgiu ali tão divertida e conciliadora com suas piadas ruins, que Imogen não pôde simplesmente ignorá-la.

Beijaram-se naquela noite, após uma bebida ou mais.

E após uma conversa sincera demais para breves conhecidas,
Larkin a levara de volta para seu apartamento, depositando um beijo leve sobre os lábios da jovem loira, assistindo seus olhos azuis abrirem-se em momentânea satisfação ao mover-se para trás após aquele gentil gesto.

Após adentrar seu apartamento, Imogen sorriu depois de fechar a porta atrás dela. Havia dormido com o mesmo sorriso no rosto pelas próximas noites que se seguiram.
Aos vinte e dois anos, Blackwell considerava-se sortuda o suficiente para conseguir manter-se sozinha naquele mesmo apartamento, mesmo após ter sido demitida por um motivo banal – havia se atrasado no dia, pois havia passado a noite acordada com uma indigestão dolorida –.
Por sorte, a garota tinha algumas economias e conseguiria pagar o aluguel por, pelo menos, os próximos dois meses.

Por isso, não estava tão preocupada.
Contudo, ainda encontrava-se frustrada com a situação. A presença de Naya Larkin ajudou-a a livrar-se de todas as suas preocupações, pois sempre que a jovem estava ao redor, Imogen sentia-se mais leve, livre para ser como era, mesmo tímida, um pouco desajeitada.

Naya apreciava-a com toda a sua maneira de ser, sempre fazendo questão de se certificar de que Imogen estava confortável com ela.
Conforme o tempo passou, tal como seus encontros tornaram-se mais frequentes, as duas aproximaram-se cada vez mais.

Aos poucos, todas as canções românticas que Blackwell ouvia pareciam falar sobre Larkin.
Ainda assim, não queria rotular a relação das duas como aquilo. Era mais do que isso.

Estar com Naya era, na verdade, uma explosão de sensações e sentimentos que Imogen jamais havia sentido antes.

Desde os momentos em que estavam apenas conversando enquanto assistiam um filme em um dos apartamentos, fosse no de Naya ou no de Imogen, desde as intermináveis noites que passavam rolando pela cama, sempre impossibilitadas de enjoarem-se uma da outra.
Era em momentos em que questionava aquilo que Imogen Blackwell se perguntava se o que tinham não seria apenas carnal e se fosse exatamente isso, a maneira com a qual não tinham correntes presas uma à outra, que tornava o que tinham tão especial e diferente de todo e qualquer outro tipo de relacionamento que Imogen tivera antes, no passado.

Todavia, a garota falhava toda vez que tentava novamente colocar um rótulo no que havia entre ela e a morena.

Talvez aquilo fosse uma mágica combinação das duas coisas. Talvez fosse algo ainda maior, ainda impossível de ser descrita com palavras ou meras explicações.
Imogen Blackwell não sabia dizer especificamente o que era. Sabia, entretanto, que se encontrava feliz toda vez que estava nos braços de Naya, que se sentia completa ao lado dela e que desejava imensamente que o que quer que havia entre elas durasse para sempre.

Ao se dar conta de como esperava veemente que aquilo se prolongasse, que gostaria de ter Larkin ao seu lado não apenas pelas próximas noites e dias, mas ao menos pelos próximos anos de sua vida, Imogen encontrara-se em um verdadeiro impasse.
Poderia ser aquele o ultimato dado por seu próprio coração à sua mente, tornando-a ainda mais receosa e confusa.

Estava agora sentada em frente ao balcão do mesmo bar onde havia conhecido Naya. Lembrava-se com clareza daquela noite, do belo sorriso da garota, de sua voz sempre branda proferindo palavras que a animavam independentemente da situação em que estava, do perfume doce e suave que emanava dela.

Todo aquele conjunto fizera com que a noite em especial se tornasse inesquecível, ainda que tivessem apenas se beijado daquela vez.
Blackwell sorriu para si mesma ao se encontrar perdida em meio aqueles pensamentos tão aprazíveis à sua alma, causando nela uma sensação parecida com o que adolescentes costumavam chamar de "borboletas no estômago".

Sentiu-se uma boba por ter aquela reação, mas não conseguia controlar-se ao recordar-se com carinho de tudo que envolvia Naya Larkin.
Seus pensamentos esvaíram-se de sua mente assim que Imogen Blackwell ouvira a porta abrindo-se, mesmo o som sendo brevemente abafado pelas vozes e outros sons espalhados aos quatro cantos daquele pequeno bar.
Virou-se em direção à porta de vidro, sorrindo abertamente no instante em que seus olhos se encontraram com os de Naya.

Seu coração disparou como sempre fazia toda vez que olhava para a outra, que trocavam rápidos toques, palavras ou apenas sorrisos.
Quando Larkin aproximara-se o suficiente para depositar um suave beijo sobre os lábios de Imogen, a mesma sorrira mais uma vez.

— Não se atrasou. — comentou a loira.

Naya apressou-se em pedir uma bebida para si, sentando-se ao lado de Blackwell e inclinando-se de leve para beijar seu rosto dessa vez, também sorrindo para ela.

— Sempre chego em tempo para vê-la. Sabe disso. — Naya afirmou com uma risadinha.

Imogen assentiu com a cabeça, ainda sorrindo para sua interlocutora. Ela sabia. Realmente sabia. Assim como sabia que o que sentia por Naya era incrivelmente maravilhoso, e que se precisasse rotular aquele esplêndido sentimento, o chamaria de amor. Afinal, era a única palavra da qual tinha ciência que era incrível o suficiente para descrever o que sentia em relação àquela que agora estava ao seu lado.

Como estivera desde a noite em que se conheceram.

Como provavelmente sempre estaria.

Os Quatro AmoresTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang