Primeiro Encontro, por @lxleandro

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Frio na barriga acompanhado com a incerteza se estou bonita e preparada. De acordo com Gi, minha melhor amiga e responsável por agendar esse encontro, estou! Mas ela não conta. Diria que estou bonita até se me visse fantasiada de "It a Coisa". 

Ah, péssima hora pra lembrar da última fantasia que vesti no aniversário dela. Isso acabou com a minha autoestima. Um palhaço de minissaia não é sexy, mesmo com meia arrastão.

Mas, desta vez, nada de pintura branca no rosto, lábios bem marcados e dentadura falsa de dentes afastados. Hoje estou básica, maquiagem simples, no máximo um gloss para realçar minha boca. Revistas dizem que é importante parecer natural no primeiro encontro elevando o índice de sucesso, acarretando em um segundo encontro. E, sinceramente, não posso me dar o luxo de perder mais um pretendente.

Não que eu esteja desesperada, pois não estou. Apesar que meu vestido de noiva ainda está reservado, aguardando confirmação. Eles não fazem ideia de que o casamento foi desmarcado há dois meses, em um término bem dramático.

Gritos. Choro. E um celular quebrado na parede, ocasionando um enorme prejuízo para mim. O custo da argamassa e pintura está alto no país e eu não fazia ideia disso, do contrário tinha atirado o celular na janela, aí seria só preciso trocar o vidro, um insumo barato pelo que observei quando fui orçar o reparo na parede.

Não há maneira de lidar com a rejeição. Meu ex-noivo terminou tudo comigo de uma hora para a outra, o que me deixou bem confusa. Eu sempre fui o tipo perfeito de mulher. Não reclamava quando ele saía para jogar bola. Não brigava caso ele me deixasse esperando por ter se entretido com os amigos em um churrasco de última hora. Nem me incomodava de ser beijada por ele após o consumo de cravo, um hábito que eu detestava nele, mas, mesmo assim, meu sorriso branco sempre estava exposto, após uma tosse pelo odor forte.

No entanto, não fui suficiente. Ele precisava de mais. O que mais? Não sei até hoje. E dois meses se passaram. Lento demais. Vazio demais. Esperançoso demais. Sim, a esperança nunca me abandonou. Principalmente quando o interfone tocava, fazendo-me pular do sofá como uma louca e agarrar o aparelho sorrindo feito boba, e entoando um cumprimento apaixonado.

— Ah, sua pizza, moça. — Era quase sempre a mesma resposta, às vezes, trocada por lanche.

— Trouxe o refrigerante? Eu comprei a da promoção.

Mas hoje eu não quero pensar no passado, quero construir o meu futuro. Quero conhecer esse amigo que a Gi disse ser o máximo e, o mais importante, solteiro. Nesses dois meses baixei um aplicativo de encontros e só atrai homens casados, com fetiches estranhos ou jovens de dezoito anos querendo aprender coisas novas com anciãs. Sim, me chamaram disso e eu só tenho vinte e nove anos. Enfim, hoje quero dar uma virada na minha vida. Quero encontrar um homem real.

Chego no barzinho no centro da cidade, um grupo toca pagode em um palco, enquanto caminho até uma mesa de dois lugares que está vazia. Nosso almoço foi marcado paras às 13:00 horas e eu chego um pouco adiantado. Então, com uma pontualidade britânica, o rapaz aparece. Vestindo uma camiseta branca com os primeiro botões superiores abertos, um shorts bege escuro, com óculos de sol, um estilo casual para um encontro no sábado à tarde. Quando ele se aproxima, dou graças a Deus pela foto de seu perfil na internet ser bem fiel a realidade. E espero que ele não se incomode com a diferença entre a minha.

— Olá, Jaque... Posso te chamar assim? — diz ele, beijando-me no rosto.

— Claro, Ma. Ou te chamo de Maurício? — entoo sem graça.

E um placar eletrônico estala em minha mente. Menos um é a minha pontuação inicial. Homens não gostam de apelido. Eles querem ser chamados pelo nome, isso lhe dá uma significância.

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⏰ Last updated: Oct 01, 2019 ⏰

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Os Quatro AmoresWhere stories live. Discover now