Capítulo Nove

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               *Luna*

Eu dirijo sem rumo sentindo meu peito se apertar toda vez que me lembro de como era sentir seus lábios nos meus e da indiferença em que ele me olhou depois... eu não vou chorar, eu não vou chorar... eu não vou chorar! Repito comigo mesma, mas é inútil às lágrimas se acumulam em meus olhos turvando minha visão e decido parar o carro cruzando os braços sobre o volante e apoio minha testa neles respirando com dificuldade pelo esforço em manter alguma dignidade e não chorar por causa de um completo estranho.

E eu me sinto machucada e nem sei por quê! 'Mentirosa' diz uma voz irritante no fundo de meu consciente. Ok, eu admito! Mas eu não vou chorar por isso, ele não merece que eu me importe quando ele também parece não dar à mínima.

É só mais um arrogante idiota e eu me recuso a chorar por causa dele, não quando o conheci a poucas horas e por ter perdido e por ele agir feito um... um... um imbecil se aproximando daquele jeito e me deixando toda afetada como se nunca tivesse chegado perto de um homem bonito antes.

Então ergo minha cabeça piscando para afastar as lágrimas de meu rosto enquanto luto para manter minha expressão séria e contida... mas lembrar de seus olhos azuis esverdeados quentes e de seu beijo que ainda formigava em meus lábios como seu toque e de como me fez sentir como nunca antes, me fez sentir uma idiota outra vez, os olhos marejados um coroço incomodo na garganta.

Isso não é justo! Ninguém poderia ter o direito de afetar alguém assim... não é possível que se possa infiltrar na pele e na mente de alguém com essa facilidade e rapidez. Eu não posso permitir! '–Já é meio tarde não acha?'– diz a voz novamente cheia de veneno.

–Argh! – gemo socando a direção do carro até sentir minhas mão doerem e perceber que sem poder evitar por mais tempo estava soluçando descontrolada – pare... com isso... Luna! – digo a mim mesma em meio aos meus soluços com a voz rouca, mas mesmo eu enxugando as lágrimas elas não paravam de escorrer por minhas bochechas. – pare com isso porra! Você... você é mais forte... mais forte que isso – tento dizer ainda soluçando e ainda chorando – você é muito mais forte... – minha voz falha na última palavra mesmo tentando respirar fundo e me acalmar, as lágrimas não param de descer.

Não fazia sentindo nenhum esse choro todo, não entendia totalmente porque me sentia tão desolada, eu nem o conhecia, não sabia nada sobre ele a não ser seu nome, como podia fazer eu me sentir como se o conhecesse a vida toda? Como podia me fazer sentir como se o tivesse perdido de alguma forma... se nunca o tive? Nunca chorei por perder uma corrida, nunca chorei por causa de garotos... mas aqui estou eu agindo como uma idiota sentimental por causa de um estranho...

– Eu te odeio Calleb! Odeio que seja tão... fascinante! Odeio que tenha me beijado, que tenha me feito te beijar, odeio você, odeio, odeio e odeio com todas as minhas forças seu cretino desgraçado! – grito socando o pobre volante mais uma vez machucando ainda mais minhas mãos.

'Mentira' diz a voz novamente me fazendo gemer em frustração colocando a testa contra o volante, sabendo de algum jeito que a voz tinha razão, ainda que eu não entendesse porque, por mais que eu sentisse muita raiva naquele momento, não conseguia realmente odiá-lo como queria e como deveria, havia algo nele... eu não conseguia explicar, mas seja o que for, deixou uma marca em mim e foi tão rápido e intenso que mal consigo entender como tudo aconteceu tão rápido.

***

*Calleb*

Vê-la chorando por minha causa partiu meu novo coração em milhões de pedaços fazendo-o dolorido contra meu peito, eu nunca havia tido um coração e agora queria nunca ter tido um porque ele realmente está em chamas e me vejo desesperado em fazer alguma coisa para fazê-la parar de chorar... por Deus, ver as lágrimas escorrendo por seu rosto delicado e ainda ver seus olhos sempre tão vivos e brilhantes agora apagados e tristes está me matando por dentro.

Um Anjo...Onde as histórias ganham vida. Descobre agora