15. (1989)

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- Preciso ir... - Me sentei na ponta da cama, ele permaneceu no mesmo lugar - Aqui não é o meu lugar... Aqui não é o nosso lugar.
Mirian sorriu, mas tinha uma ponta de decepção.
- Hum...- ele estalou a lingua - Me desculpa Theo... Mas eu me sinto completo aqui, eu não sei se aguentaria sair daqui.
Assenti.
- Tudo bem... - Me aproximei dele, estavamos juntos novamente, minhas mãos tocando em seu rosto - Mas eu vou voltar, eu prometo, daqui a dois anos eu volto, preciso me encontrar...

❇ ❇ ❇

Havia negado o pedido de ajuda da Srta. Marte, o que a deixou enfurecida da mesma forma que o Sr. Quack.
Estavamos na trilha esperando um camburão passar quando escutamos alguém gritando, era uma menina, era Josie.
Ela parou na nossa frente sem fôlego, apoiando suas mãos em suas pernas, respirou fundo e disse.
- Posso ir com vocês? - Ela tremia.
- Só o Theo, vai... - Mirian deu um leve soquinho em meu braço, sorri em resposta - Mas vai voltar em breve.

Ela assentiu, ignorando tudo o que ele falará.
Um camburão passava lentamente. Abraçei cada uma das crianças que conheci lá, até mesmo o pato, adoraria levar Sebastian comigo mas acho que seria impossivel.
- Ei! - Mirian gritou segurando um envelope - Preciso que leia esta carta...
Peguei e dei um beijo nele, não queria desgrudar de seus lábios, mas já estavamos próximos demais da carroça.
Deixamos o veiculo passar um pouco a nossa frente e pulamos dentro do automóvel, com medo de onde seriamos jogados.
O motorista era um homem robusto, uma barba a fazer, grandes cicatrizes e usava óculos de sol. Ele cantarolava algo que não entendi, então percebi, ele era mexicano.
- ven todos, ven a ver - Sua voz engrossou como se estivesse em um show ao vivo - El milagro suceda Si aún no has muerto

Passamos por uma fogueira, almas estavam sendo amarradas. Josie disse que era algum tipo de ritual, por algum motivo olhei para a carta, estava evitando aquele pedaço de papel desde que entrei no camburrão, talvez eu tivesse medo do que tivesse lá dentro.
- Así que espera a que salga el sol... - O motorista pareceu se emocionar - Que hermosa música!

" Theo. Bem, uma vez você disse que amava o jeito como nossas mãos entrelaçavam, que amava o meu sorriso, que me amava do jeito que eu sou. E, bem... Eu prefiro acreditar que tudo isso seja verdade. Da mesma forma que acredito que você voltará um dia.
Mas somos almas, e isso é muito estranho de dizer. Mas eu te amo tanto que penso seriamente nesse negócio de alma gêmea.
Acho que eu passo tempo demais acreditando em coisas fúteis. Talvez eu faça isso para não me machucar. Mas eu sei que irei me machucar. Eu crio ilusões, jogo minhas expectativas em você e no nosso amor.
Mas no final de tudo isso, eu te amo. E só isso me interessa, o meu amor por ti.
Como duas almas, nuncas seremos corpos físicos.
Mas continuaremos sendo grandes amantes."
Com amor, O amor da sua vida ou morte ( Mirian)

Então rasguei a carta, não

por raiva, mas era covarde de mais para lutar contra Bullock, covarde demais para ficar com o amor da minha vida, covarde de mais para acreditar que um dia veria Mirian de volta.

Um pouco mais a frente uma grande construção passando direto por um rio se via o Orfanato, ela grande, com janelas com grade para protege-los. Tudo era tão lindo, então eu esqueci de tudo. Mas não descemos no orfanato, descemos em algo muito pior, logo após um enorme muro de pedras.
Por um momento olhei para o meu peito, para aquela mancha, estava me desintegrando... Me reencarnando.
Era como se eu tivesse passado para aquela realidade e um apagador de memórias tivesse apagado minha vinda, como se eu tivesse uma amnésia pós traumática.

Era como se eu tivesse passado para aquela realidade e um apagador de memórias tivesse apagado minha vinda, como se eu tivesse uma amnésia pós traumática

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Fim

CIDADE DOS ANJOSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora